Paula Gorgatte 07/07/2017
surpreendentemente bom.
O que falar desse livro? Há tempos estou tomada numa ânsia de ler livros policiais. Sei lá encontrei uma emoção nova, sentimentos novos e muito entusiasmo. Numa visita a livraria Cultura o vendedor me indicou esse título. Comprei sem ao menos ler qualquer crítica, fui pela sinopse e posso garantir que não me arrependo.
O livro começa com a condenação de um grande jornalista Mikael, que fora enganado, como tantos outros, e acabou por publicar uma matéria falsa que o levou a ser condenado por difamação de um financista que todos sabem ser um bandido, porém não foi possível desmascará-lo. Obrigado a se afastar da revista no qual é redator e sócio, a Millennium, recebe uma proposta inusitada, escrever uma biografia e paralelamente, porem de forma primordial, investigar e reexaminar o desaparecimento de Harriet Vanger.
Henrik Vanger quem contrata os serviços de Mikael, é inconformado com o desaparecimento da sobrinha, e nutre a certeza de que a jovem fora assassinada, mas acredita que só terá paz quando descobrir o que de fato aconteceu.
Na sua busca por informações, Mikael é apresentada a jovem Lisbeth Salander, que pelas críticas que li pós leitura, é considerada o melhor personagem do livro, porem eu discordo. Não que Lisbeth não seja um personagem extremamente intrigante, e sim pelo fato de que o livro reúne elementos suficientes bons como um todo. E eu achei a jovem mais maluca do que fascinante. Não me batam please....
Lisbeth é uma jovem brilhante, de uma inteligência fora do comum, hacker perigosíssima que trilha entre a genialidade e a maluquice. O que lhe sobra em inteligência, falta em traquejo social. Não se relaciona com ninguém, porém consegue enxergar em Mikael um amigo e se espanta com a confiança que tem no jornalista.
Eu tenho que dizer aqui que apesar do livro ser ótimo, incrível e tals, a leitura é muito chata no início, e o livro demora muito para engrenar mesmo. Eu pensei em desistir, imagina só.... Mas eu não desisti, e assim que o livro toma um ritmo mais acelerando minha curiosidade foi aguçada pela trama bem feita e escrita por Stieg Larsson.
A quem diga que Lisbeth é a melhor parte do livro, porém pra mim a melhor parte do livro é o Autor, que de forma brilhante impõe uma leitura fascinante. A ordem com que o livro é narrado, começando com uma farta riqueza de detalhes, desenvolvendo com uma velocidade boa porém o ritmo vai acelerando até tornar-se frenético, nesse ponto eu já estava enlouquecendo. E nem acreditava mais no que lia, e por fim concluindo de forma a nos deixar questionando tudo e querendo muito o volume II.
Os Homens que não amavam as Mulheres, é um livro cheio de conteúdo proibido, sabe aqueles livros que mexem na ferida? Que tocam em assuntos escabrosos, repugnantes e que deveriam ser discutidos até que fosse exterminados? Pois bem, está aí a discussão. Drogas, sexo, contrabando, corrupção, abuso sexual, morte, tortura, psicopatia entre outros...ufa. E vale a pena tudo isso? VALE CADA LINHA.
Eu detesto levantar frentes, principalmente aqui um espaço onde eu venho discorrer sobre minhas leituras, mas eu não posso deixar de falar que esse livro é mais do que um livro policial, onde se resolve uma série de assassinatos, ou então uma trama para desmascarar empresários corruptos, mas o que mais me chamou a atenção aqui é a forma como “alguns” homens tratam as mulheres.
As mulheres a séculos, veem sendo maltratadas, espancadas, violentadas e até mesmo sodomizadas por homens considerados normais socialmente. Até mesmo o próprio livro nos trás personagens masculinos que em graus diferentes maltratam mulheres. Até mesmo o Mikael, que usa mulheres para relacionamentos avulsos, pai relapso entre outras características. Os homens que não amavam as mulheres é um livro excelente com um tema escroto, mas que fora narrado de forma a envolver o leitor sem escandalizar.
A escrita é bem densa e algumas vezes até cansativa a narrativa é em terceira pessoa com narrador. Eu amei a mudança de leitura, porque hoje existe uma tendência em escrever pensamentos em primeira pessoa. Ter um narrador nos dá uma visão mais global da história.
Estou louca pelos próximos volumes.
Se recomendo? SIM