Tati Sakanaka 10/08/2020
Os homens que não amavam as mulheres é o primeiro livro da trilogia Millenium, um clássico thriller policial. Conta a história de Mikael Blomkvist, um renomado jornalista econômico, editor chefe e co-proprietário da Revista Millenium. Em meio de uma crise em sua carreira, ocasionada pela publicação de um artigo repleto de acusações contra um financista que lhe custou um processo por difamação, ele se vê obrigado a afastar-se da Revista para que a mesma não perdesse ainda mais a reputação já maculada.
No entanto, Mikael recebe uma proposta inesperada: Henrik Vanger, o ex-diretor do gigantesco grupo das Indústrias Vanger, quer contratá-lo para escrever uma crônica de sua família e investigar o desaparecimento de sua sobrinha neta, Harriet, de quem cuidava desde pequena. Em troca, Mikael receberia uma fortuna pelo ano que teria que afastar-se de Estocolmo para dedicar-se totalmente a esse trabalho na ilha de Hedeby, lugar onde Henrik e vários outros do clã Vanger habitavam. Visto que as dívidas que teria que pagar em decorrência do processo zeraria sua conta bancária e também que era necessário afastar-se da mídia, Mikael decidiu aceitar a proposta, mesmo acreditando que as suas investigações em torno do desaparecimento de Harriet, ocorrido ha quase quarenta anos, não daria em nada. O que teria um jornalista à acrescentar, quando a polícia já tinha utilizado todos os seus meios para tentar elucidar a questão?
Sabendo-se que o desaparecimento ocorreu no fatídico dia em que houve um acidente que causou o bloqueio da ponte de acesso entre a ilha e a cidade, as suspeitas caíram sobre aqueles que estavam presos na ilha, incluindo pessoas da própria família Vanger.
Há certa altura das investigações, Mikael busca ajuda de Lisbeth Salander, uma habilidosa hacker que trabalha em uma empresa de segurança. Lisbeth aceita o trabalho, tornando-se uma peça importantíssima no desenrolar da trama.
Esse livro,é mais do que um thriller de investigação. É um drama familiar, muito bem desenvolvido, que aprofunda-se nos diversos participantes do clã Vanger, cada qual com seus próprios demônios que causaram os rompimentos dos seus laços e a forma que isso afetou os negócios das suas indústrias ao longo dos anos.
A parte central da trama, no entanto, é a violência contra as mulheres em diversos níveis (estupros, assassinatos, sequestros). Há cenas muito gráficas, que podem ser gatilhos para quem for sensível ao tema. Confesso que, no decorrer da leitura, por diversas vezes me peguei com sentimento de raiva e frustração, por saber que essas cenas, apesar de estarem em uma ficção, fazem parte da nossa realidade.
Lisbeth Salander, é com certeza, a personagem que rouba a cena. A sua aparência “atípica” e o temperamento difícil, não é nada quando se percebe todas as habilidades que possui e por tudo que teve que passar e superar. Uma personagem forte, porém muitas vezes insegura e incapaz de enxergar as qualidades em si mesma. Me identifico com essa personagem em diversos aspectos, e acho que é por isso que se tornou uma das personagens femininas mais marcantes pra mim. É simplesmente impossível não nos pegar torcendo pela Lisbeth, mesmo quando ela se utiliza de meios ilícitos para resolver suas questões.
Recomendo esse livro para todos. Essa releitura o consagrou como um dos favoritos da vida!