Cris 24/01/2023
Finalmente conheci a escrita de Ernest Hemingway!
Publicado em 1929, 'Adeus às Armas' de Ernest Hemingway narra a história de amor entre o tenente Frédéric Henry, um americano que trabalha no front italiano cuidando e supervisionando as ambulâncias durante a Primeira Guerra Mundial e de Catherine Backley, uma sonhadora e alegre enfermeira que traz cor à vida cinzenta e solitária de Henry.
A intensa relação entre os dois não poderia ter nascido em um ambiente pior pois o pano de fundo escolhido por Hemingway entrega dor e muita crueldade em todas as suas páginas. O relacionamento amoroso acaba se afunilando após Henry sofrer um acidente e ser levado em estado grave a um hospital. Conforme ia se curando, Catherine preenchia o vazio que a Guerra deixou em seu peito e em seu ventre trazia, quem sabe, a certeza de dias melhores, no entanto, o avançar da leitura mostra mais mais uma vez que na Guerra não há sobreviventes, todos perdem de uma forma ou de outra...
"Escute... Não há nada pior do que a guerra. Nós aqui, nas ambulâncias, não temos como perceber o horror que é isso. E ninguém consegue acabar com a guerra, porque todos já enlouqueceram. Há pessoas que nunca se dão conta disso."
Finalmente li Hemingway e agora posso dizer com total liberdade que sua escrita é trágica embora brilhante e de fácil entendimento. E claro, nem vou mencionar a atemporalidade da história porque ela de fato pode ser lida em qualquer momento quando se há a vontade de ler uma obra de qualidade com todos aqueles elementos que constituem um bom clássico universal.
Antes de iniciar a leitura, li em algumas resenhas que 'Adeus às Armas' é um romance auto-biográfico e que Hemingway modificou alguns fatos melhorando então o seu desfecho, a mim muito impressiona pois as últimas cenas entre o casal do livro emocionam de tão tristes que são. Penso eu como tudo foi trágico para o autor já que houve essa vontade e/ou necessidade de remontar sua história que de alegre não teve absolutamente nada.
Com uma narrativa permeada pelos escombros da Guerra, pude conhecer personagens bem construídos e com muita humanidade e prosa para contar. Assumo ter demorado um bocado para ler o livro, mas acho que a leitura pede exatamente isso... tempo. Não há a necessidade de apressar ou atropelar nada, é devida a atenção e o empenho lidos a cada capítulo.
Se eu tivesse algum incômodo a levantar acerca da construção da trama, elucidaria quem sabe a rapidez do romance. Em um outro livro e com uma outra temática, talvez, eu achasse tudo adrupto demais e sem química, entretanto, estou falando sobre a Guerra e a total incerteza de um novo dia, creio que as emoções se potencializam ao extremo e a vã sensação de viver um inesquecível amor ganhe uma ótica completamente diferente da usual e praticada diariamente quando não se espera a morte na próxima esquina, sendo assim, um respeitoso viva ao intenso e avalassador romance bélico.
Indico a leitura a todos, em especial aos acostumados consumidores de livros clássicos. Ernest Hemingway fez seu nome e desde então é figurinha comentada em clubes do livro etc, com toda a certeza ele foi e ainda é indispensável para a Literatura. Já escolhi minha próxima obra a ser lida e pelo andar da carruagem 'Por quem os sinos Dobram' manterá o mesmo nível e me fará sofrer igual a uma condenada, do jeitinho que eu, a dona Cris adora sofrer ao escolher mais um livrinho a ser lido rs. Lá vamos nós.
" Mas sempre matam você, no final das contas. Pode confiar nisso. Fique um pouco neste mundo, e acabará morto, sempre."