filipetv 11/11/2021
"Os Funerais da Mamãe Grande" é uma coletânea de oito contos escritos por García Márquez entre 1957 e 1959. O início da produção dos textos se deu quando o autor ainda morava em Londres, continuando em Caracas e terminando em na capital colombiana, Bogotá.
Os sete primeiros contos do livro exploram Macondo, que já conhecemos do conto "Isabel Vendo Chover em Macondo" e do romance "A Revoada", e o povoado sem nome que serve de ambiente para "Ninguém Escreve ao Coronel". Além de compartilharem personagens, como a viúva Montiel e a senhora Rebeca, cada conto parece um estudo dos territórios e acontecimentos que serão explorados em "Cem Anos de Solidão", a maioria deles, senão todos, baseados em histórias ou imagens que García Márquez presenciou na sua infância.
Em relação ao estilo, esses sete primeiros contos seguem o que foi apresentado em "Ninguém Escreve ao Coronel", uma narrativa realista, explorando várias classes sociais e as relações humanas dos dois povoados.
Já o último conto, que dá título à coletânea, destoa consideravelmente dos outros. São pouquíssimos os fatos explorados, a linguagem se aproxima da de uma canção e, pela primeira vez, há lampejos do real maravilhoso que marcaria as obras do autor a partir de "Cem Anos...". Ao nos apresentar a Mamãe Grande e sua relação feudal com o povo do reino de Macondo, García Márquez critica com sarcasmo a política colombiana no seu reencontro com o país natal após a temporada europeia, em que visitou países dos dois lados da chamada cortina de ferro.
Publicado em 1961, quando o autor já morava no México, "Os Funerais da Mamãe Grande" é o último ensaio (embora o romance "A Má Hora" ainda estivesse sendo escrito) antes da obra que mudaria não só sua vida, mas a literatura de toda a América Latina.