Medida Por Medida

Medida Por Medida William Shakespeare




Resenhas - Medida por Medida


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Moita 04/10/2015

Dois pesos duas medidas.
Até que ponto podemos julgar os outros pelos crimes que cometeu? Até onde isto se torna coerente?
Em uma peça, na qual o conde é substituído, este, que o substitui, passa a julgar as pessoas com mão de ferro, fazendo valer a lei.
O interessante na peça é que o autor mostra em alguns desses julgamentos a incoerência do julgador ao condenar um sujeito pelo crime que ele mesmo comete.
Todo a história gira em torno dessa situação e como resolve-la e como expor a verdadeira faceta do substituto do conde.
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Coruja 04/11/2014

Essa é uma das poucas peças do bardo que eu tinha selecionado para resenhar esse ano que eu não lera em anos anteriores: minha leitura de agora foi meu primeiro contato com Medida por Medida - o que é curioso, porque eu jurava pra mim mesma que já o tinha visto, antes de começar a ler e perceber que tudo era novo ali.

Eu não sei como classificar Medida por Medida - aliás, essa é uma sempiterna dificuldade com Shakespeare. Não é uma tragédia, nem um drama histórico, obviamente, mas não vejo muito bem onde isso se classificaria como uma comédia.

Tudo começa quando Vincentio, o duque de Viena, decide tirar umas férias de seu posto para em seguida voltar para a cidade sob o disfarce de um monge e ficar de olho no que estão fazendo em seu nome.

Ângelo, o nobre que o duque colocou em seu lugar para administrar a cidade enquanto está fora, é aparentemente um consciencioso governante, disposto a cuidar bem daquilo que foi deixado sob sua responsabilidade o problema é que Ângelo decide fazer valer antigas leis caídas em desuso e é absolutamente intransigente no cumprimento delas.

Isso resulta na prisão e condenação à morte do jovem Cláudio, que engravidou a própria noiva antes do casamento. Veja bem: Cláudio está inteiramente disposto em assumir responsabilidades; em nenhum momento ele parece querer se furtar ao casamento mas o fato de que tirou a virgindade de uma donzela antes do sagrado matrimônio é um crime apenado com morte e não há nada que se possa fazer.

Não adiantam súplicas e rogos, pois Ângelo deseja fazer de Cláudio um exemplo. Ou, pelo menos, não adiantam súplicas e rogos até que a irmã de Cláudio, Isabella, que é uma noviça se preparando para fazer os votos, aparece para pedir pelo irmão.

Ângelo se vê tomado por uma luxúria infernal pela moça... e se propõe a cometer o crime pelo qual condena o outro rapaz: na verdade, contanto que Isabella aquiesça em se deitar com ele, ele libertará Cláudio.

O que não passa de balela, claro, porque ele sabe que se conseguir levar a moça pra cama e o irmão sobreviver, Cláudio vira tirar satisfação com ele e a reputação de Ângelo irá ralo abaixo.

Para a sorte de todos, o Duque, sob seu disfarce de frade, vai mexendo os pauzinhos para solucionar o imbróglio tudo o que me parece bastante justo, vez que se ele não tivesse decidido usar toda essa histórias de férias do trono, nenhuma das tragédias subseqüentes teria acontecido.

Com exceção do carcereiro da prisão que parece ser o único personagem da história que sente realmente alguma compaixão e entende algo de justiça praticamente todos os homens da peça merecem entrar para o meu elenco de babacas shakesperianos.

Medida por Medida é uma peça complicada, mas que provoca algumas reflexões questões sobre justiça, verdade, compaixão, orgulho e humildade ou, como resumiria muito bem Shakespeare na própria peça: alguns elevam-se pelo pecado, outros caem pela virtude.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2014/11/projeto-shakespeare-medida-por-medida.html
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Carlos 18/07/2014

Brilhante
Brilhante é o adjetivo certo para Shakespeare. A construção dos diálogos é magnífica. As Personagens têm características distintas e uma profunda linha de pensamento.
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eriksonsr 03/07/2013

Uma das melhores coisas que li até o momento, arrependido de não ter lido esse livro antes. Pra dizer o óbvio, a forma como o Shakespeare escreve é muito bonita.

A obra tem ótimos e ricos diálogos, além de ser repleta de questões contemporâneas, tais como hipocrisia, abuso de poder, justiça, corrupção, ética, poderosos que se consideram acima da lei, etc...


Em resumo, a história é seguinte: o Duque de Viena diz que vai viajar e deixa o poder máximo nas mãos de Lorde Ãngelo, que tem fama de não sentir nada e ser incorruptível.

Assim que Ângelo assume o poder ele passa a aplicar a lei de forma implacável e condena Cláudio a morte por ter engravidado uma mulher antes do casamento e em segredo.

Enquanto isto, o Duque fica sabendo de tudo, pois continua no local observando e se informando, porém de forma disfarçada.

Nesse meio tempo Isabella, irmã de Cláudio fica sabendo da condenação do irmão e vai falar com Ângelo para que o perdoe. Assim que vê Isabella Ãngelo deseja lhe ter e propõe um acordo, se ela entregar sua virgindade e dormir com ele, seu irmão não será morto... ela recusa. E quando vai falar com o irmão na cadeia, encontra o Duque disfarçado de frei. Que escondido, escuta a conversa dela com seu irmão e a proposta do Ãngelo.

No decorrer da história o Duque arma um plano e convence Isabella a dormir com o Ângelo, porém quem vai dormir com ele será a mulher com quem ele iria se casar, Mariana, porém desistiu, e que ainda o ama. O plano é seguindo, porém ainda sim Ãngelo manda matar o Cláudio, que devido as maquinações do Duque acaba se salvando...

No final, o Duque se revela e Isabella faz a acusação contra Ãngelo, que nega e a chama de louca. Mariana confirma a história e que foi ela que dormiu com Ãngelo que então assume a culpa.

O Duque condena a Ãngelo a morte, tal como o mesmo havia condenado Cláudio. Mariana, então implora para que o Duque perdoe seu marido, Ãngelo, e pede para que Isabella também a ajude a implorar. Então quando Isabella também pede para que o Duque perdoe, o mesmo concede o perdão, seu irmão Cláudio que ela acreditava estar morte então aparece. Ângelo é perdoado e o Duque pede Isabella em casamento devido a sua bondade e benevolência ao implorar o perdão para o homem que havia feito tudo que fez e condenado seu irmão a morte.



Alguns trechos e frases que achei interessantes:
"Tua pessoa e tuas virtudes não te pertencem: não a ponto de poderes desperdiçar tua pessoa aperfeiçoando tuas virtudes ou desperdiçar tuas virtudes aperfeiçoando tua pessoa.";

"... cada licença para ser livre de que desfrutamos sem moderação transforma-se em uma restrição";

"... pedimos que isso aconteça quando atos de maldade têm passe livre em vez de punição";

"Nossas dúvidas são traiçoeiras e nos fazem perder o tanto de bem que muitas vezes poderíamos obter só porque receamos tentar.";

"A justiça só se apropria daquilo que se faz explícito para a justiça.";

"Alguns sobem pelo pecado, outros caem pela virtude; alguns escapam ao quebrar as regras e nunca são pegos; outros são condenados por uma única falta.";

"Ter misericórdia nem sempre é a melhor solução; Uma segunda desgraça encontra raízes no perdão.";

"Esses muitos não teriam ousado perpetrar este mal se o primeiro que infringiu o decreto tivesse respondido por seus atos.";

"Não devemos nunca usar nossas próprias medidas para saber quanto pesa nosso irmão.";

"O que no capitão é apenas uma palavra irritada, no soldado é pura blasfêmia.";

"Quando os próprios juízes roubam, os ladrões têm justificação para roubar.";

"... da lei que a todos une porque a todos restringe...";

"Muitas vezes acontece que, para ter o que se quer, não dizemos o que pensamos.";

"Os desgraçados não têm outro remédio que não a esperança.";

"Argumente assim com a vida: se eu ter perder, perco uma coisa que ninguém, a não ser o tolos, quer preservar. Não passas de respiração e és servil a todas as influências dos astros que a toda hora afligem esta morada onde habitas. Não há dúvida: és brinquedinho da morte, e para ela tua te esforças o tempo todo no sentido de dela escapar e, ainda assim, estás sempre correndo em direção a ela.";

"A bondade que se revela escassa na beleza torna a beleza escassa em virtude.";

"Vergonhoso é quem pune com crueldade a ponto de condenar à morte por transgressões que ele mesmo comete.";

"Não considere impossível o que simplesmente parece improvável.";

"Leis para todo tipo de crime, mas crimes tão acobertados que os estatutos são lidos como as listas de punições que aparecem nas barbearias: mais fazem rir do que metem medo."

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