Anita Blanchard 29/12/2010MornoTive muita dificuldade para escrever a resenha de "Clockwork Angel". Parte porque acho mais difícil escrever sobre um livro mediano do que sobre um ótimo ou um horrível, nesses você sabe exatemente o que te fez adorar um e odiar o outro. E esse é o caso de "Clockwork Angel", não tem nada que te faça dizer "nossa, que livro bom" (muitas pessoas vão discordar disso, eu sei!), mas também não tem o contrário. O meu outro problema ficou por conta das minhas expectativas praticamente astronômicas para esse livro. Mortal Instruments é uma das minhas séries favoritas e, quando ela terminou (ou supostamente tinha terminado na época) e eu ouvi a Cassandra Clare falar pela primeira vez da nova série, The Infernal Devices, adorei a ideia e fiquei super empolgada para saber mais do passado dos Shadowhunters e dos acordos que regulamentaram os direitos e as atitudes dos Downworlders e, mais ainda, para conhecer os antepassados dos personagens de Mortal Instruments. Mas o livro acabou sendo a minha decepção de 2010...
O que deu errado? Não sei dizer ao certo. Tem toda a marca registrada da Cassandra Clare: aventura, ação, romance, tiradas sarcásticas, diálogos bem construídos e por aí vai, mas não tem metade do apelo emocional que a série anterior tinha. Se eu tivesse que resumi-lo em uma só palavra, essa seria: morno. Os personagens parecem exatamente os mesmos de Mortal Instruments só que transportados para a Londres do passado, e parte do carisma deles parece ter se perdido nessa viagem. Tessa é uma personagem forte, assim como Clary, mas, na maior parte do tempo, não consegui me identificar com ela, o que, para mim, é fundamental para que eu me envolva na história. Will é um Jace só que muito mais chato. Jessamine é uma versão piorada de Isabelle. Até mesmo o (a) vilão (ã) não causa nem metade do impacto que Valentine conseguiu mobilizar no City of Bones (o que pode ser melhorado, uma vez que seu motivo ainda não foi revelado). Mas entre todos os personagens tem uma exceção: Jem é um fofo e acredito que vai ter um papel bem legal nos próximos livros, quando o triângulo amoroso Will-Tessa-Jem realmente se consolidar.
Não sei se eu já estava entediada com o livro, e o fato de ele ser muito longo só agravou isso, mas a história começou a soar até mesmo previsível, inclusive com algumas cenas que pareceram quase idênticas às de Mortal Instruments, como a do beijo no sótão (isso lembra alguma coisa, não?).
Agora fica a dúvida cruel: eu continuo curiosa para saber qual a relação dos personagens de The Infernal Devices com os de Mortal Instruments, mas não estou com a mínima paciência para ler outro livro enorme e morno (o que pode muito bem não ser o caso de "Clockwork Prince", mas, tendo o primeiro como parâmetro, não fico muito animada com a sequência). Então, bem que uma alma caridosa poderia lê-lo e me fazer um resumão, não é? Alguém se habilita?!