Mada 29/11/2020Novamente, o domínio da linguagemO domínio da linguagem em Raduan Nassar é extasiante. A experimentação de ritmo e potência, intenção e intensidade que se dá nesta obra rende, além de uma leitura muito rápida, um certo atropelamento de emoções, uma certa ansiedade e virulência que faz deste texto, tal como Lavoura Arcaica, uma experiência não só estética mas física.
Quanto ao conteúdo, não me agrada muito - é um texto bastante conservador, com várias problemáticas passíveis de horas de análise. Nesse sentido prefiro Lavoura Arcaica (onde o tema do conservadorismo é abordado de outra maneira).
Interessante a própria contradição existente aqui (e o autor fala disso em certas passagens) entre o conteúdo, conservador, e a forma um pouco anárquica. Me sugere uma tentativa de quebra do conservadorismo dentro dele mesmo, de arrebentar barreiras em busca de limites. É a volta ao tempo da infância que, por fim, o homem busca - onde havia sim e não e tudo se baseava nisso.