Cem sonetos de amor

Cem sonetos de amor Pablo Neruda




Resenhas - Cem Sonetos de Amor


233 encontrados | exibindo 226 a 233
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 16


Tauana Mariana 19/02/2011

Os meus favoritos :D

Soneto XI

TENHO fome de tua boca, de tua voz, de teu pêlo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas

e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como um puma na solidão de Quitratúe.


Soneto XVII

NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


Soneto LXVI

Não TE QUERO senão porque te quero
e de querer-te a não te querer eu quero
e de esperar-te quando não te espero
passa o meu coração de frio ao fogo.
Te quero só porque a ti eu te quero,
do ódio sem fim, e a odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta historia tão só eu me faleço
e morro de amor porque te quero,
porque te quero, amor, o sangue e fogo.


Soneto LXXVII

Hoje é hoje com o peso de todo o tempo ido,
Com as asas de tudo o que será amanhã,
Hoje é o Sul do mar, a velha idade da água
É a composição de um novo dia.
Á tua boca elevada á luz ou á lua
Se acresceram as pétalas de um dia consumido,
E ontem vem trotando por sua rua sombria
Pura que recordemos teu rosto que morreu.
Hoje, ontem e amanhã se comem caminhando,
Consumimos um dia como uma vaca ardente.
Nosso gado espera com seus dias contados,
Mas em teu coração pôs sua farinha o tempo,
Meu amor construiu um forno com barro de Temuco:
Tu és o pão de cada dia para minha alma.

Soneto LXXXII

AMOR MEU, ao fechar esta porta noturna
te peço, amor, uma viagem por escuro recinto:
fecha teus sonhos, entra com teu céu em meus olhos,
estende-te em meu sangue como num amplo rio.

Adeus, adeus, cruel claridade que foi caindo
no saco de cada dia do passado,
adeus a cada raio de relógio ou laranja,
saúde, oh sombra, intermitente companheira!

Nesta nave ou água ou morte ou nova vida,
uma vez mais unidos, dormidos, ressurgidos,
somos o matrimonio da noite no sangue.

Não sei quem vive ou morre, quem repousa ou desperta,
mas é teu coração o que reparte
em meu peito os dons da aurora.

Soneto LXXXIX

QUANDO eu morrer quero tuas mãos em meus olhos:
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segue tu florescendo, florida,

para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que assim conheçam a razão de meu canto.


Soneto XCIII

SE ALGUMA VEZ teu peito se detém,
se algo deixa de andar ardendo por tuas veias,
se tua voz em tua boca se vai sem ser palavra,
se tuas mãos se esquecem de voar e dormem,

Matilde, amor, deixa teus lábios entreabertos
porque esse último beijo deve durar comigo,
deve ficar imóvel para sempre em tua boca
pam que assim também me acompanhe em minha morte.

Morrerei beijando tua louca boca fria,
abraçando o cacho perdido de teu corpo,
e buscando a luz de teus olhos fechados.

E assim quando a terra receber nosso abraço
iremos confundidos numa única morte
a viver para sempre de um beijo a eternidade.
comentários(0)comente



*Carina* 01/07/2010

"secretamente, entre a sombra e a alma."
Lembro perfeitamente bem do momento em que li pela primeira vez o soneto XI desse livro. Lembro-me também da sensação que ele me causou, e que ainda não sei descrever ao certo; uma mistura de paixão, pavor, angústia, desejo. A partir daí eu não tive mais escolha, tive que mergulhar no mundo intenso que Neruda me oferecia.

É claro que nem todos os sonetos são assim tão impactantes, mas a grande maioria tem a mesma força. Os meus preferidos foram três: o XI, o XVII e o LXVI.

Apesar do título, "Cem sonetos de amor", sugerir algo romântico, eu não usaria essa palavra pra descrever o livro. É um livro intenso, forte, sua beleza é algo cru e que deve ser apreciada aos poucos. Muitos sonetos li várias vezes, e ainda é um livro que mantenho por perto.

Em diferentes momentos, muitas vezes inapropriados, me lembro de frases e trechos dos sonetos. Isso pra mim é a maior prova da força de um livro, quando suas palavras impõem-se a mim sem que eu esteja conscientemente tentando retê-las. É como se elas estivessem instaladas "secretamente, entre a sombra e a alma."

Obs. "secretamente, entre a sombra e a alma." é parte do soneto XVII e também parte de muitos dos meus devaneios desde que as li pela primeira vez. Neruda escreve: "Te amo como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma." Essa "escuridão" que ele traz ao falar de amor é o que o diferencia e acho que o mais me tocou em sua poesia.
comentários(0)comente



Tati 26/06/2010

Eterno
É um daqueles livros para ter na bolsa eternamente.
Lindo...lindo!!!
comentários(0)comente



Jéssica Belucci 22/12/2009

Cem Sonetos de Amor
Eu tive um trabalho sobre o Pablo Neruda para fazer no curso de espanhol..
então, adquiri o livro para conhecer mais de seus poemas..
mesmo não sendo tão fã de poesia e poemas, li e curti o que o cara escreve..

Se vc gosta do estilo e sabe espanhol.. LEIA!
comentários(0)comente



Vanessa 30/08/2009

Te quero porque só a ti quero.

Sempre que penso em Neruda, penso nesse verso. E penso nesse livro.
A maior declaração de amor já feita a uma mulher, em 100 sonetos que descrevem manhã, tarde e noite. Que descrevem uma paixão que vai além de versos e do tempo. Qual de nós não queria ser Matilde por um dia? Ou por um poema?
Carlos Patricio 13/05/2015minha estante
Resenhas deveriam ser assim, perfeitas e concisas ^^


elle carmo 18/09/2021minha estante
que resenha linda


Erick454 17/04/2024minha estante
Lindo lindo lindo, pra que ficou curioso esse é o LXVI

No te quiero sino porque te quiero
y de quererte a no quererte llego
y de esperarte cuando no te espero
pasa mi corazón del frío al fuego.

Te quiero sólo porque a ti te quiero,
te odio sin fin, y odiándote te ruego,
y la medida de mi amor viajero
es no verte y amarte como un ciego.

Tal vez consumirá la luz de Enero,
su rayo cruel, mi corazón entero,
robándome la llave del sosiego.

En esta historia sólo yo me muero
y moriré de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego.




caio 14/08/2009

Poesia
Pablo Neruda o poeta do amor...Sou fã também e recomendo o filme " O Carteiro e o Poeta" filme sensível e maravilhoso..."Tuo sorriso si espandi come una farfala"
comentários(0)comente

Patrícia 05/04/2010minha estante
O filme é muito bom mesmo, é um dos meus favoritos. De extrema sensibilidade.




Ju 03/08/2009

Um passeio pelas emoções
Impossível para mim, imaginar a poesia sem Neruda.
Este livro é perfeito, o conteúdo é atemporal, eterno... É daqueles para manter ao lado da cabeçeira, lendo e relendo sempre.
Tenho minhas partes preferidas, mas abrí-lo aleatoriamente é certeza de um encontro com a arte.

"Antes de amar-te, amor, nada era meu..." (pag.33)

"...Dois amantes felizes não tem fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
têm da natureza a eternidade." (pag.58)
comentários(0)comente



Lucky 14/01/2009

De amolecer o coração dos não-românticos!
comentários(0)comente



233 encontrados | exibindo 226 a 233
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 16


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR