Os Mistérios de Udolpho, vol. I

Os Mistérios de Udolpho, vol. I Ann Radcliffe




Resenhas - Os Mistérios de Udolpho


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Iara Caroline 14/06/2024

Primeiras e poucas impressões
Minha nova piada favorita é dizer que esse livro fora lido por duas pessoas em toda a história: eu e a própria Jane Austen.

Direi minhas impressões parciais pois decidi, assim como o próprio livro o faz, dividir minha leitura entre o volume I e o volume II. O bom é que ele é bem simétrico, e estou na metade de toda a trama.

No geral, é uma leitura que me agrada. Eu naturalmente já sou afeita às narrativas características desse período inglês, e o medo de uma primeira leitura de Ann Radcliff logo passou. Sua escrita é bem parecida ao que já sou acostumada em relação a autoras como Austen e as Brontë, assim como o esquema de trama já me é comum. É bom poder conhecer mais uma dessas grandes mulheres que marcaram a literatura inglesa. O diferencial de Radcliff que mais me afeiçoou foi a sua comunicação com a poesia, que ela aplicou muito bem ao seu romance.

Bem, ao que de fato me interessa, pude observar parcialmente as inspirações que Austen obteve desse livro. Especificamente a intertextualidade que os acontecimentos na vida de Catherine Moland têm em relação a vida de Emily St. Aubert. A duplicidade na narrativa das duas heroínas parece muito bem colocado por Jane, que busca parodiar uma por meio da outra. No entanto, ainda busco o foco maior da autora, que era justamente brincar com o gênero gótico. Apesar de observa-lo aqui e ali ? nos mistérios ocultos, nas arquiteturas marcantes, no personagem vil e ator de empecilho ?, não enxerguei ainda a essência da intenção de Austen. Claro, isso ainda pode ser resolvido dado que pareço ter acompanhado apenas o começo da trama.

Dito isso, não irei mentir que termino essa primeira parte com uma pulguinha atrás da orelha e a vontade de voltar a acompanhar o que irá acontecer. Me afeiçoei - sempre acontece - ao heróis do livro, e quero saber como irão resolver os infortúnios que lhe são impostos. Devo admitir que após a morte de St. Aubert ? que arrisco dizer, deveria ter tido uma morte mais cabulosa ? a narração ficou muito mais interessante. Foi um longo começo que me remetia o tempo todo ao bucolismo e a valorização do devoto. Não era de todo o mal, mas também não de todo bom.

Afinal, vou deixar em aberto o que ainda irei, e espero, extrair na leitura. Acho que aqui, em colaboração com A Abadia de Northanger, há um excelente material de estudo. A nota 4 remete a uma leitura incompleta.
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Fabíola 10/03/2019

Os mistérios de Udolpho
Esse foi meu primeiro contato com Ann Radcliffe e não conseguia parar de ler. Sua escrita é belíssima, uma grande poesia ao longo de toda obra. Quando me deparei com as partes minuciosas sobre a ambientação da narrativa pensei: nossa será cansativo. Mas me surpreendi com a habilidade de Ann em nós colocar dentro da história de forma comovente.
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Fiquei encantada com a personagem central, Emily, não é apenas uma mocinha dos romances, mas uma figura feminina exemplar. Além disso, existe um mistério enorme atrelado ao castelo para onde ela é levada por sua tia madame Cheron (frívola, orgulhosa e egoísta) e seu novo padrasto Montoni (uma figura mesquinha e ardilosa) ao perder seus pais.
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Uma obra deliciosa, inusitada, emocionante. Entrou para meus favoritos. Agora partirei para o volume dois, estou ansiosa para descobrir tantos mistérios como por exemplo, o que existe por trás do véu negro? Quem foi a mulher da foto do camafeu de seu pai? Madame Cheron será tocada pelo amor de Emily? E Valancourt ? Poderá viver esse grande amor com Emily?
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"Muitas vezes escuto,
No silêncio da meia-noite,
Vozes celestiais entoando um coro sagrado
Que carrega a alma até o céu!".
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Recomendo a leitura!
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Claire Scorzi 09/01/2016

O Gótico no Seu Apogeu
Ann Radcliffe ficou conhecida por este e outros romances góticos - livros de mistério, suspense, ambientados em geral fora da Inglaterra (aqui, França e Itália) o que devia dar uma atmosfera "exótica" ao público leitor inglês, e quem sabe a ideia de que tais horrores não aconteceriam em solo britânico...
Otto Maria Carpeaux (História da Literatura Ocidental) escreveu que Radcliffe tinha certo talento literário, mas que hoje não a leríamos mais. Esta é uma das vezes em que discordo do grande Carpeaux. Embora eu não tenha como saber, ainda, se Radcliffe escreveu uma "obra" que permanecerá - só li este - apreciei muito descobrir que:
- Ann Radcliffe tinha, de fato, talento literário;
- Usa o gótico com discernimento, sem exagerar nas cenas e optando sempre pelo gótico fundamentado na razão - todos os "eventos estranhos" tem explicação racional - e criando boas cenas de suspense;
- A atmosfera da narrativa é cuidada, sem transições abruptas e superficiais;
- Um possível feminismo - só possível! rs - na sua heroína, Emily, cuja firmeza moral é a sua única "arma" contra Montoni, mas que a autora consegue tornar admirável em mais de um episódio de confronto entre os dois personagens;
- Ausência do cinismo e irreverência tão comuns na literatura inglesa do século XVIII - ou seja, nada de Fielding - sem, contudo, abrir mão de um humor discreto;
- Frases de personagens memoráveis (inclusive algumas de Emily enfrentando Montoni);
- Personagens de apoio simpáticos (Annette e Ludovico, para citar só dois);
- Esforço de análise psicológica, o que me fez suspeitar que Radcliffe tinha certa familiaridade com a literatura francesa da época.

Enfim: um romance que merece ser lido.
Janete 09/01/2016minha estante
Como sempre, resenha perfeita!!!!


Claire Scorzi 09/01/2016minha estante
Obrigada! Deu-me grande prazer essa leitura :)


Marta Skoober 09/01/2016minha estante
Resenha incrível!


Claire Scorzi 09/01/2016minha estante
Obrigada, Marta :)


Maravapi 10/01/2016minha estante
Daria três estrelas e meia, por não me convencer o caso e esclarecimento em relação a Marquesa.


Claire Scorzi 11/01/2016minha estante
Mara, eu entendo. Acho que o livro sofreu em parte por todos nós já termos lido tramas semelhantes que vieram depois deste livro - embora ele tenha sido escrito antes. A maioria de nós leu os livros influenciados pela autora de Udolpho, antes de ler a própria...




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