Camila Lobo 20/11/2015Resenha: O Vitral Encantado (Por Livros Incríveis)Andrew Hope é neto de um feiticeiro podereso, e herda a casa e o campo de proteção do avô quando ele morre. Um pouco depois de ele se mudar para Melstone House, o jovem Aidan aparece desesperado na casa de Hope. O garoto é neto de uma feiticeira que também faleceu recentemente e agora está sendo perseguido por criaturas estranhas que querem o capturar. Agora, Andrew precisa abrigar o garoto, organizar toda a Melstone House e ainda descobrir como fortalecer novamente os campos de proteção criados por seu avô, que parecem enfraquecer.
Essa resenha é meio complicada para mim, porque eu não sei muito o que pensar. Vejam bem, a Diana Wynne Jones é uma das minhas grandes inspirações. Ela é a autora de uma das minhas histórias eternamente favoritas, O Castelo Animado. Com O Vitral Encantado eu senti a magia que sempre sinto ao ler a autora, mas foi... Diferente.
Uma das coisas que mais gosto na autora é sua narrativa, que é muito fluída. O leitor lê rapidamente, porque é uma leitura fácil e divertida, que mesmo em horas de tensão, há um toque de humor, o que dá leveza à história. Ri muitas vezes quando não deveria.
Todos os personagens são cativantes. O livro possui uma aura forte de magia e criaturas mágicas. São incluídos feiticeiros, demônios, gigantes e doppelgängers, o que enriquece muito a história e universo criados na cidade fictícia de Melstone, na Inglaterra.
“Com um calafrio, de forma muito semelhante ao estranho momento em que compreendera tudo sobre a História, ele soube que a magia era uma das grandes forças do universo e que despontou desde o começo de tudo, ao lado da gravidade e da força que mantém os átomos juntos, tão poderosa quanto ou ainda mais poderosa que qualquer outra força.”
Eles são marcantes e com personalidades muito distintas, apesar de quase a cidade toda ter o sobrenome Stock! Como por exemplo, a mandona Sra. Stock e suas couves-flores gratinadas que cozinha quando está com raiva, o Sr. Stock e sua negligência com todos os afazeres, a não ser cuidar da horta, Tarquin e a falta de sua perna e Stashe, sua filha, que é uma mulher decidida e moderna para a pequena cidade. Andrew e Aidan tem uma relação muito bonita, como se fossem irmãos. Apesar de ter a cabeça em outro mundo, Hope tem um senso muito forte de proteção com relação ao garoto, que é muito inseguro e perdido desde que perdeu a avó.
Já uma coisa que me deixou triste foi o romance. Diana não tem o romance como foco em suas histórias, apesar de formar os casais, e mesmo assim, parece o relacionamento ideal por ser puro companheirismo e confiança. Mas o casal d'O Vitral Encantado não me convenceu, porque a química entre eles pareceu nula. Além disso, foi tudo muito rápido e do nada. Em um momento eles não possuem nada em comum, além de atração por parte dele, e em outro, eles estão noivos.
O final deixou a desejar. Na verdade, como esse foi o último livro escrito em vida pela autora, eu acredito firmemente que ela queria escrever uma continuação, mas que não foi... possível. Por causa disso, o final do livro é bem aberto, onde muitas coisas não foram explicadas e possuem um possível gancho. Isso acabou me incomodando muito, porque a falta de respostas foram muitas. Apesar disso, Jones fecha o livro e responde várias outras coisas, e claro há muita confusão. O final continua bem desenvolvido e com as familiares reviravoltas que ela gostava tanto de fazer.
“Ainda podia ver a avó, exatamente como ela fora, aparecendo com seus ditadozinhos objetivos e geralmente – a menos que o dito fosse cruel – sorrindo ao dizê-lo. Ele podia sentir o cheiro dela, sentir seu corpo nas raras ocasiões em que ela o abraçava. Podia ouvir sua voz... E, no entanto, nunca mais iria ouvi-la, senti-la ou vê-la outra vez.”
“Queremos finais que nos deem esperança, porque o mundo em que vivemos parece estar desmoronando.”
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