@blogleiturasdiarias 01/02/2021Totalmente inesperado e único!Perdão Mortal é a perfeita escolha para os amantes de uma boa fantasia com altas doses de romance. O Clã das Freiras Assassinas nos aguça a curiosidade por ser ímpar e ter singularidades sensacionais.
Ismae Rienne é uma menina que as 17 anos era pobre, sofria na mão do pai e estava prestes a se casar com alguém que não desejava. Bruscamente, sua vida é mudada, e ela é levada para o Clã das Freiras Assassinas, um clã que serve ao Saint Mortain. O Deus da Morte — como o próprio nome já diz — coordena quem deve morrer ou não com ajuda de suas filhas na Terra. Ismae é uma delas, e acaba sendo designada a tentar ajudar a Bretanha a impedir a invasão francesa, achando o traidor que está atrasando as estratégias dos bretões para reverter essa invasão. Porém, como as vontades da abadessa do clã, as de Mortain e até as suas são confusas, temos uma aventura épica pela França medieval onde veremos o que a nossa assassina é capaz de fazer.
É impossível resumir em uma singela resenha o quanto essa história é riquíssima de detalhes — desde as vestimentas dos personagens até a descrições de castelos. Robin Lafevers nos fez adentrar em uma fantasia épica. São poucas histórias que a fluidez anda ao lado das descrições de cenas, e aqui, a autora conseguiu executar de um jeito primoroso que a escrita e o desenvolvimento não se perderam. A medida que a leitura avança, você se vê em busca de mais acontecimentos, de mais aventuras, de romance e, principalmente, de querer achar as respostas de questionamentos deixados ao longo do enredo.
Um aspecto que adorei na história, foi a construção dos personagens. Nossa protagonista, Gavriel, Anne, Sybella, Annith, Fera, Crunnard entre outros nomes relevantes fizeram o enredo ser o que é. Cada qual com suas características particulares, mas que no fim convergindo num mesmo princípio se tornaram especiais. Por isso, a morte de alguns pelo caminho é sentida com muita emoção, e é inevitável não esperar que haja lutas e desdobramentos sangrentos.
"Ferida e possivelmente quebrada, deitei no chão com o rosto machucado encostado contra a terra fria. Foi impossível conter um sorriso. Consegui evitar o destino que meu pai planejara para mim. Sem dúvida era eu quem tinha vencido, não ele." pág 4
Tenho que destacar nosso rosto principal, afinal, Ismae possui um poder feminino enorme diretamente ligado a sua personalidade forte, que nos atrai. Apesar de observarmos de modo breve a sua passagem de tempo inicial, encontramos um amadurecimento nato transcorrendo. Fui feliz em me conectar com ela, com sua trajetória e convicções, deixando bons sentimentos sobre a mesma.
Acompanhar a evolução e os desdobramentos que ocorrem de modo que não cansamos da narrativa, é um ponto positivo. No entanto, se a ambientação do romance e da fantasia são excelentes, o mistério fica a desejar. A desconfiança de quem seria o traidor da narrativa gera expectativas, e o momento da revelação não foi compatível com o nível de ansiedade. Aliás, me arrisco a dizer que cai no clichê. Quem for sagaz e souber interpretar específicas falas e cenas, descobrirá facilmente. Acredito que essa conjuntura poderia ter sido melhor trabalhada, contudo a maneira que foi estruturada não desmerece nem anula o que analisamos de bom. O final é satisfatório.
De uma forma geral, Perdão Mortal é uma leitura fascinante! O universo de freiras assassinas, a época medieval, o suspense e os elementos mágicos se entrelaçaram formidavelmente. Os fãs do gênero não podem perder a oportunidade de conhecer o exemplar. Recomendo demais!
Na parte física, a capa é uma ótima escolha pois conversa com o conteúdo interno, e é a mesma que a original. A diagramação é confortável e espaçada, com pequenos detalhes nos inícios de capítulos. Além disso, temos um mapa inicial que nos ajuda a aprofundar no contexto geral, e também um glossário com os personagens centrais e funções. Não observei erros de revisão, e a narrativa é feita em primeira pessoa pela Ismae.
" — Sei que nossos santos querem nem sempre é claro para nós. Ás vezes o desejo deles é de que lutemos, nos esforcemos e tomemos nossas próprias decisões, não que aceitemos as que foram tomada por nós." pág 219
Espero que tenham gostado!
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