Contos de Kolimá

Contos de Kolimá Varlam Chalámov




Resenhas - Contos de Kolimá


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Henrique Fendrich 01/02/2019

Esse espantoso russo faz um painel que é ao mesmo tempo o seu testemunho de como é ser condenado a trabalhos forçados na Sibéria, em meio à Rússia stalinista. Ora, nesses campos de concentração, visivelmente, um ser humano deixa de ser um humano. Os sentidos ficam de tal forma embotados que se matam uns aos outros a troco de nada, ou a troco de um pedaço de pão ou de um tabaco vulgar. Passa-se muita fome nesse tipo de lugar e um dos relatos mais chocantes feitos por Chalámov a esse respeito é o dos prisioneiros que decidiram abrir uma sepultura, pegar as roupas de morto e revendê-las a fim de conseguir alguns trocos que permitissem ter as suas necessidades satisfeitas. Em outro conto, mata-se um cachorro para matar a fome. Esses prisioneiros vivem apenas para o dia que estão vivendo, isto é, não pensam no amanhã, quando talvez nem estejam mais vivos. Muitos procuram a morte, e muitos são os que se mutilam porque, então, não serão obrigados a fazer o trabalho extenuante. Um dos contos que achei mais sensíveis diz respeito a isso e se chama “Chuva”. Há vários momentos crus e violentos, com atitudes chocantes, mas isso era o que um condenado por trabalhos forçados realmente vivia. O testemunho de Chalámov, como muitos outros, deveria ser suficiente para que a humanidade nunca mais cometesse semelhantes atrocidades. Entretanto, quem pode garantir que tudo isso não se repita, quando a humanidade achar conveniente?
Anthony Almeida 12/10/2022minha estante
Se Chalámov conhecesse a crônica, chamaria esses textos de contos ou crônicas?


Henrique Fendrich 17/10/2022minha estante
Talvez chamasse de crônicas, mas no estilo das que o Braga fez durante a guerra.




Mrs. Helena Hawthorn 02/07/2020

Muito chato!
Meu deus, mas que livro chato! Poxa, achava que seria tão bom!

1. Alguns contos são mto curtos que você pensa "poxa, mas já?".
2. O autor narra como se fosse um robô. Parece que estou lendo um relatório.
3. Essa tradução está irritante! Várias palavras não foram traduzidas para o pt, e ficaram em russo e as tradutoras apenas colocaram a nota de rodapé com o significado delas. Muitas vezes essas palavras voltam a aparecer em outros contos, mas já esqueci o significado e não sei onde é que ela estava para saber o que significava! Wtf!
4. Apesar de sim, alguns contos serem tristes, não achei nada que não fosse retratado em livros de segunda guerra ou até em outras obras russas!
5. Não me apaguei a ninguém em nenhum conto.

Só dou uma 1 estrela porque gostei de 1 conto só. Não aguentarei ler esse livro até o final, foi mal...tem coisa melhor pra ser lida.
Likah 02/07/2020minha estante
Puxa, que pena! Eu tinha uma expectativa enorme quanto a essa série.


Mrs. Helena Hawthorn 05/07/2020minha estante
Eu acho que fui a única pessoa que não gostou desse livro kkkkkk. Então vá em frente, leia haha. Esse livro me decepcionou muito :'( aff..




Marcelo Franco 13/11/2015

Terror e beleza
Impressionam-me os relatos de sofrimento. O russo Chalámov narrou sua longa temporada de trabalhos forçados em gulags neste excepcional "Contos de Kolimá" (serão publicados seis volumes). Lendo-o, sentimos ainda mais raiva daqueles que continuam num eterno estado de dissonância cognitiva, defendendo arbitrariedades em nome de projetos coletivistas, mas também nos espantamos - sempre este espanto - com a capacidade de se criar beleza a partir da dor extrema. Drama humano de altíssima voltagem, nossa passagem por Kolimá com o autor nos muda para sempre. Dostoiévski, um tipo de russo arquetípico, por assim dizer, piscaria de modo cúmplice para Chalámov caso fosse transportado para o absurdo - e maravilhoso - século 20. Terror e beleza - mas isso é, afinal, a própria vida.
Moreira 21/06/2016minha estante
Um dos Livros mais edificantes que já li, Brutal, chocante, mas também edificante, digo isso pelo fato de que se nos colocássemos no lugar dessas pessoas, no imaginário é claro, sempre sentiremos aquele alívio de não termos vivído e presenciado tais atrocidades, esse livro nos faz pensar e repensar sobre várias coisas desse mundo, sobre valores humanos , ética e relacionamentos pessoais.




Erika 16/06/2020

Estávamos acostumados a respirar o cheiro ácido da roupa surrada, do suor; ainda bem que lágrimas não têm cheiro.
Este é o primeiro de uma série de 6 livros de contos que narram o cotidiano dos condenados aos trabalhos forçados na Sibéria.

O título do livro se refere à região onde Chalámov cumpriu parte de sua pena, às margens do rio Kolimá, localizado no extremo nordeste da Rússia, considerado o centro do frio e da crueldade ocorrido no governo de Stálin. Embora não exista documentos estatisticamente confiáveis, estima-se que dezenas de milhares de pessoas morreram nesses campos devido ao trabalho intenso, às péssimas condições de vida, aos maus tratos e ao o frio, que chega a atingir 60 graus abaixo de zero.

Não vou mentir, são histórias muito difíceis de serem lidas, acabou comigo de verdade. Mesmo com alguns momentos que beiram a poesia, abordando literatura e religião, o autor é bem duro ao deixar bem claro todo o descaso sofrido e as atrocidades cometidas contra os prisioneiros, que nada de bom se aprende nos campos, e que o que existe lá nenhum ser humano deve ver e saber. É preciso ter um estômago (muito) bom e o coração preparado para sair de dentro da nossa conchinha e adquirir conhecimento dessa parte da História. Livro para quem tem coragem.
Onassis Nóbrega 01/05/2023minha estante
Acabei de terminar este volume e endosso totalmente suas palavras. Demorei quase 4 meses, pois tinha que parar frequentemente. Não dá para ler de uma tirada.




Marcelo 17/01/2016

Foi tudo verdade!
Frio, fome, humilhações, surras, trabalho extenuante, mortes e a desumanização nos campos de trabalhos forçados da ex- URSS da era Stálin. Vinte anos no inferno gelado. Livro duro e cruel como a foi a vida do autor nos campos.
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Alan 20/02/2017

Não sei se darei continuidade ao próximos volumes, acho que me arriscarei por mais um ou dois, mas sem dúvidas é uma grande livro. Chalámov tem uma prosa simples e crua, sem floreios, talvez como a realidade de Kolimá que ele tenta retratar. Ao contrário do que se possa esperar, Chalámov não tenta ganhar o leitor com descrições grotescas ou muito cruéis. Embora o que ele descreva seja sempre cruel, a narrativa é muito sutil.
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Rodiney 28/03/2017

Letras corajosas
Texto referência para todos que desejam conhecer a verdade sobre o regime soviético. Regime que era apresentado de forma perfeita pela propaganda estatal e intelectuais ocidentais que se alinhavam com a ideologia bolchevique, como Sartre. Chalamov passa por todos os piores infortúnios nos gulags stalinistas e paradoxalmente, esses infortúnios não foram suficientes para lhe retirar o que tinha de mais sublime: o pensamento por meio de sua escrita. Chegou a afirmar que o homem possuía uma força que ele desconhecia, força que aparece justamente nesses momentos mais aterrorizantes. A mesma força dos animais em se manterem vivos, o homem também provava nos gulags. Destaco o conto: "Cruz Vermelha", pois apresenta de forma bem atual a depravação moral de toda uma sociedade que aos poucos vai sendo governada por "blatares", bandidos.

site: https://letraincapaz.blogspot.com.br/
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Mussi 01/04/2017

Quem foi Varlam Tíkhonovitch Chalámov ?
Nascido em 18/06/1907 numa cidade russa fundada no século XII, cursou direito na universidade de Moscou e precocemente adere à grupos de oposição à Stálin.
Após uma condenação de 3 anos em 1929, volta a ser condenado em 1937 por atividades contrarrevolucionárias , conhecido como artigo 58.
Em 1943 opina que o escritor russo Ivan Búnin era um clássico da literatura russa, e por isso é condenado a 10 anos de trabalhos forçados.
Chalámov teve um largo período de privações e sofrimentos com passagens sucessivas por campos de trabalho sob as mais terríveis condições, culminando com sua ida para a região de Kolimá , no extremo oriente da Sibéria.
Este será o cenário de seus livros "Contos de Kolimá ", obra em 6 volumes, que divididos em contos narra suas memórias.
Libertado em 1953 dedica-se durante 20 anos a esmiuçar suas memórias para que fosse possível escrever a obra.
Morre em 14/01/1982 sózinho, pobre e com o corpo invadido por doenças, consequências da brutalidade a que foi submetido.
Todos os contos estão impregnados com a sensibilidade de Chalámov ao descrever os acontecimentos in loco.
Gostei demais de todos, mas em "A cadela Tamara", "Apóstolo Paulo", "Serafim", e especialmente "Dia de folga" é de cortar o coração .
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Joice (Jojo) 29/05/2017

Para lembrar de Kolimá
Meu primeiro contato com Varlam Chalámov foi na coletânea "A Paixão pelos Livros". Em seu depoimento, Chalámov falava de como os livros foram fundamentais para que o ser humano dentro dele ressurgisse após décadas de trabalhos forçados na região de Kolimá, no extremo norte da Sibéria. Ele imprimia tanto fervor e amor às duas palavras que eu imediatamente me apaixonei pela escrita do autor. Além disso, eu nunca tinha ouvido falar em campos de trabalhos forçados na União Soviética, então foi com avidez que agarrei este primeiro volume dos Contos de Kolimá - uma versão primorosa da Editora 34 -, e nunca vou esquecer o que encontrei naquelas páginas.

Após deixar a região da Sibéria, após quase duas décadas de uma situação que eu só posso descrever como a mais completa escravidão - de alma e de corpo -, Chalámov, preso anteriormente por propagação de ideias revolucionárias, voltou a Moscou, mas, ao contrário de vários dos sobreviventes de Kolimá, ele fez questão de registrar tudo o que viveu lá. Até o fim de sua lucidez, ele se dedicou a que gerações inteiras conhecessem a Kolimá onde ele passou parte da vida. E essa sua determinação resultou numa das obras mais magníficas da história humana.

Nas páginas de "Contos de Kolimá" são retratadas as piores situações de degradação às quais uma pessoa poderia ser exposta, mas Chalámov também consegue extrair beleza e camaradagem daquele cenário de inverno hostil. O autor deixa um registro histórico, e não à toa os seis livros de "Contos de Kolimá" são, hoje, leitura obrigatória na Rússia.

Mais do que uma poderosa obra da literatura mundial, "Contos de Kolimá" é leitura obrigatória também para aqueles que valorizam a história.
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isa.dantas 26/03/2018

Ler esses contos de Chalámov é levar um verdadeiro soco no estômago a cada capítulo. Ele consegue retratar a vida em Kolimá de forma muito real, sem romanceá-la. Ansiosa para ler os próximos volumes!
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Icaro 09/04/2024

Resiliência e Humanidade
"Os Contos de Kolima" é uma obra literária impactante que reúne uma série de contos escritos pelo autor russo Varlam Chalámov. Publicado em 1963, o livro destaca-se pela profundidade emocional e pela representação crua da experiência humana nos campos de trabalho forçado na Sibéria durante o regime stalinista.

Chalámov, um sobrevivente dos Gulags soviéticos, utiliza sua escrita para explorar temas como sobrevivência, brutalidade e resiliência. Os contos mergulham nas vidas dos prisioneiros, revelando as complexidades das relações humanas em um ambiente de opressão e desespero.

Cada conto retrata um universo de dor e desumanidade, mas também de esperança e resistência. Chalámov descreve vividamente a luta diária pela sobrevivência, as condições precárias, a fome constante e a arbitrariedade do sistema penitenciário soviético. Apesar das adversidades, os personagens encontram pequenos momentos de dignidade e solidariedade em meio ao caos.

A escrita de Chalámov é direta e despojada, amplificando o impacto das histórias. Evitando sentimentalismos, ele oferece uma abordagem objetiva que aumenta a autenticidade das narrativas.

Um aspecto impressionante é a capacidade do autor em capturar a complexidade da psique humana sob condições extremas. Ele examina como os prisioneiros lidam com o trauma, revelando a resiliência do espírito humano.

Além disso, Chalámov explora questões filosóficas e existenciais, como a natureza do mal e a busca pelo sentido da vida. Suas histórias levantam perguntas profundas sobre a condição humana.

Apesar do tom sombrio, o livro não é desprovido de beleza. Chalámov encontra momentos de poesia e humanidade, destacando a capacidade do ser humano de encontrar significado mesmo nas circunstâncias mais sombrias.

Em suma, "Os Contos de Kolima" é uma obra-prima da literatura russa que oferece um retrato poderoso da vida nos Gulags. A escrita de Chalámov é um testemunho da resiliência da alma humana diante da adversidade.
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Marianne.Azevedo 26/02/2020

Excelente
Mostra a realidade
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Gabi 26/02/2020

Arrebatador. O melhor livro que já li em toda a minha vida. Chalámov tinha o dom da escrita e a usou de forma consciente ao narrar seus quase vinte anos no Gulag. Indico que leiam todos os livros, sendo seis no total.
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Contos de Kolimá, Varlam Chalámov - Nota 8/10
A literatura russa vem me interessando cada vez mais. Foi na busca por mais livros desse gênero que conheci as obras de Chalámov. O Contos de Kolimá é o primeiro de 6 livros que reunem diversos contos, todos com uma temática em comum: a realidade - cruel - dos campos de trabalho forçado soviéticos. O autor cumpriu pena por quase duas décadas nos campos da Sibéria e, com base nessa experiência, escreveu os relatos autobiográficos. Na congelante Sibéria, com temperaturas que podem chegar até 60 graus negativos, os presos sofrem - e morrem - com o frio, fome, exaustão, falta de higiene e diversas doenças. É com uma escrita sútil e de fácil leitura que Chalámov consegue apresentar ao leitor os limites da crueldade e degradação humana, em um trabalho que levou mais de 20 anos para ser concluído. Recomendo!

site: https://www.instagram.com/book.ster
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