Henrique Fendrich 11/09/2019
As partes íntimas de Cláudia Tajes
Se há um estado que se destaca pelas cronistas mulheres é o Rio Grande do Sul. De lá vem não apenas a Martha Medeiros, mas também nomes como Cláudia Laitano e Mariana Kalil, ambas cronistas genuínas e das mais agradáveis de se ler. A estes nomes se soma agora o de Claudia Tajes, que em “Partes íntimas – Crônicas e outros cortes” (Arquipélago) reúne pela primeira vez a sua produção no gênero. Uma produção bem versátil, diga-se de passagem. Claudia vai da recordação de seu passado aos esquetes cotidianos a la Verissimo. E se sai bem em tudo.
Nas suas lembranças estão episódios de sua família, de seus amigos, de seu colégio… as coisas que a gente vive e que, por mais que passem os anos, continuam lá, ainda que causem alguma dor, já que, como diz a cronista, “até o que não era bom faz hoje uma falta danada”. Costumes como o de dizer não, relaxar ou procrastinar também passaram por seu olhar de cronista – um olhar tão atento que chega a enxergar até mesmo alguns anjos na rotina de sua vida.
Também os embaraços e situações constrangedoras tiveram espaço e renderam alguns dos textos mais divertidos do livro. Encontramos Claudia Tajes incomodada com barulhos, com crianças fazendo birra, com uma aranha gigante na parede, com um smartphone que parou de funcionar. Há em cada uma dessas histórias tiradas excelentes. Como boa cronista, Claudia está atenta às conversas alheias e pronta a tirar dali um relato engraçado ou apenas sincero.
Já na parte final do livro, ela se destaca pela sua capacidade criativa, já que promove diálogos bastante envolventes, em geral originados nas eternas confusões do relacionamento homem e mulher. São crônicas ágeis e muito bem sacadas. Para terminar, e comprovar a versatilidade, há ainda um poema. É sem dúvida um dos bons lançamentos da crônica neste ano de 2015.
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