cadenthrones 01/03/2022
Digno de ser publicado em uma revista japonesa...
...Considerando que todas vão para o lixo depois de serem lidas uma vez. Uma história tão descartável de tão pobre, fraca, genérica, capenga, anêmica, ingênua de achar que pode criar suspense em cima do destino de personagens, quando mal se dá ao trabalho de apresentá-los bem e dar-lhes personalidades e características o suficiente para termos qualquer tipo de entendimento sobre eles e genuíno interesse por seus destinos; ingênua de achar que está fazendo algo de novo, que traz inovações o suficiente para ser digno de seu tempo, mas apenas preparou um arroz com feijão e bife que mal têm tempero, e te cobra como se fosse um prato fino pois vem acompanhado de batatas fritas.
O universo de Star Wars é rico e pode abranger muitos gêneros, sim, basta ver como George Lucas se refere à sua própria criação de uma maneira diferente a cada entrevista e todos tomam como verdade absoluta até ele falar algo de diferente na semana seguinte. Mas não é palco para todo o tipo de história. Toda a saga já se acomodou em gêneros como: guerra, aventura, ação, western, porém todas as produções comunicam entre si através do tom acessível a qualquer tipo de público, de crianças até senhores de idade. Rogue One é um filme de guerra, mas jamais passaria perto de tentar alcançar o tom e proposta violenta de filmes como Resgate do Soldado Ryan, Apocalypse Now, The Thin Read Line etc. Troopers da Morte quer ser o filme de zumbi violento que jamais seria produzido, pois nasce da quebra dessa proposta que torna a franquia tão universal. Ou você vem que dizer que a Terra Média seria o lugar perfeito para contar uma história sangrenta, pessimista, com sexo violento e animal ao nível de The Witcher apenas por que é um universo vasto cheio de possibilidades? Ou talvez no universo de Harry Potter, quem sabe? Mesmo que autores criem universos, eles os criam no intuito de contar um único tipo de história, no que diz respeito ao que eles estão interessados em abordar no tom que eles pretendem usar. O universo de Avatar (a animação) não é lugar de mutilações e palavrões, 1984 não é palco para histórias de comédia satírica. Só porque você pode misturar The Walking Dead com Star Wars, não significa que você deva.
Acompanhe então, uma aventura com zumbis que não são zumbis pois são inteligentes e isso quebra toda a proposta do gênero, basta voltar-se para os clássicos que o moldaram; venha apreciar uma prosa que se engana que está construindo ambientação e tensão, mas com zero adornos e verdadeira atenção ao bom uso de palavras, bastando-se com construções pobres de sentenças e frases de efeito que o único que podem me causar é a vergonha alheia por como o autor as usa, e diálogos tão genéricos que me pergunto porque não estão à venda nas farmácias mais próximas de sua casa (vide homens de poder em uma ditadura intergaláctica que falam como o Tio Jorge da esquina, um mínimo exemplo que abrange todos os personagens; não há caracterização e individualidade construídos a partir de como eles falam e se referem a outros, muito menos um mínimo de subtexto, todos falam da mesma forma, sejam eles faxineiros, médicos, stormtroopers, oficiais...). Se você quer conhecer novos personagens em uma nova aventura, vá para outro lugar, aqui tem espaço apenas para fanservice e reencontro de velhos personagens que tornam essa giganórmica galáxia em uma viela que gira em torno do casebre dos Skywalkers e seus inquilinos. E nem ouse exigir coesão, coerência, uso inteligente de estrutura narrativa, motivações acreditáveis e personagens inteligentes, pois se qualquer um deles fizesse uma única escolha que os separa de um neandertal, o livro teria uma página. Personagens aqui apenas se movem porque o autor precisa que eles se movam para algum lugar, chegando ao ponto de todos quererem a mesma coisa e de uma hora para a outra, eles estão em outro lugar fazendo outras coisas com outros intuitos que vieram do nada e vão para lugar nenhum, e aquelas storylines que seguem com o mesmo objetivo, são descartados e/ou esquecidos na primeira oportunidade que elas têm de complicar a história e dar-lhes conflitos plausíveis.
Em suma, um texto com níveis de fanfic molhada dos sonhos de uma criança de meia idade.