Mariana 13/02/2021a máquina não pode fazer pausasO que é o burnout? Por que a depressão é o mal do século? Quem tá provocando essa desesperança toda? O que é positividade tóxica? Existe um cansaço bom ou todo cansaço é ruim?
Senti que esse livro pôs em palavras (e palavras chiques) tudo que eu tenho sentido em relação ao mercado de trabalho e a nossa cobrança constante por performance.
O autor afirma que a gente já não é mais a "sociedade disciplinar", de Foucault e de Freud, e sim a "sociedade de desempenho". Essa diferença trabalhada ao longo do livro nos conta que a sociedade do século XX era protagonizada pela relação do eu com o outro, que muitas vezes era repressora e tóxica. No âmbito da política, bons exemplos seriam as duas guerras mundiais, a guerra fria, as várias ditaduras... no âmbito da arquitetura, os muros, as fronteiras, as barreiras. O outro representava proibição, restrição, exploração. O sentimento transgressor acontecia no sentido de se opor a este outro.
Na sociedade atual, do século XXI, o autor argumenta que vivemos não mais um conflito com o outro, e sim um conflito com nós mesmos. O eu passa a não precisar de um outro para sofrer exploração, porque ele mesmo se explora. O autor faz referências a Arendt, a Nietzche e alguns outros autores para explicar e aprofundar o seu ponto de vista.
Não sou acadêmica no assunto, então não analisei o livro do ponto de vista teórico, do que pode ser refutado ou não. Tentei aproveitar as discussões suscitadas na leitura com um propósito pessoal de entender que muitas das minhas motivações e ações cotidianas fazem parte de um todo maior do qual muitas vezes a gente não tem consciência. A macroescala do sistema sempre afeta a microescala do indivíduo que o compõe. É o famoso: o buraco é mais embaixo. Para além dos nossos conflitos internos há muita coisa gerada pelo sistema produtivo capitalista que nos adoece a todos, e é esse questionamento que tornou esse livro tão importante pra mim.
Recomendo demais!