Mulheres de cinzas

Mulheres de cinzas Mia Couto




Resenhas - Mulheres de Cinzas


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DIRCE 06/02/2016

Ausências
Mulheres de Cinza, I volume da trilogia As Areias do Imperador, chegou às minhas mãos me acariciando. Um livro de Mia Couto presenteado por minha filha...Tudo de bom e mais um pouco. O encantamento, de forma alguma, para por aí: a textura da capa é deliciosa e a gravura muito sugestiva.
Proust que me desculpe, mas meu projeto de não ler livro algum antes de concluir a leitura da saga do Em busca do tempo perdido foi pelos ares.
Mia Couto confirma, mais uma vez , ser a voz da África. Nessa trilogia ele pretende contar outro lado da história do Imperador Gungunhane que liderou o Estado de Gaza, sul de Moçambique, no final do século XIX, portanto, trata-se um romance fictício com cunho histórico.
As narrativas deste I volume são feitas por meio das cartas do sargento Germano e pela narrativa da adolescente Imani, porém o Estado de Gaza e o imperador ficaram em segundo plano neste livro. Creio que a intenção do Mia, neste primeiro romance , foi mostrar os hábitos, crenças e mitos dos VaChopi , e , de como seres tão contratantes como Imani e o sargento Germano podem ter algo em comum: ambos tinham um sentimento de não pertinência naquele mundo. Imani por ter se “aportuguesado” e o sargento – um degredado – se vê diante de uma missão que lhe era totalmente alheia, ambos, Imani e o sargento, me passaram uma sensação melancólica , e, quem sabe tenha sido ela, a melancolia, a responsável pela atração mútua.
Esse romance é viagem ao passado e de como ele é construído pela visão de um escritor que sempre se utiliza da poesia, mas me pareceu que por algum motivo, não quis abusar desse recurso nesta sua narrativa, tampouco, do neologismo, entretanto, ele conseguiu com muito sucesso nos mostrar que o passado é, indubitavelmente, traçado por meio de sangue e lágrimas.
Antes de finalizar este meu comentário, preciso dizer que os livros do Mia Couto sempre me soam como um gemido doloroso, porém, neste em especial, o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente. Mia Couto era um dos seus escritores preferidos, qual seria a sua opinião sobre este romance? Tive, graças a Nanci, um esclarecimento ao não meu entendimento de um fato constante no romance, mas, para a opinião do Arsenio, tudo o tenho é um enorme vazio.
Ouso dizer que este é um livro no qual as ausências se fizeram presente,entretanto, não poderia, de forma alguma, classificá-lo com menos de 5 estrelas.
Vanessa 06/02/2016minha estante
Ótimo texto!!! Parabéns!!! Fiquei bem interessada! =)


Nanci 06/02/2016minha estante
"o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente." - também me entristece muito,mas a saudade é uma prova de amor.


DIRCE 07/02/2016minha estante
É, Nanci: a lista das pessoas que marcaram minha vida de forma positiva e que deixaram saudades está aumentando.Uns, esperados, mas outros...




SILVIA 12/03/2017

Uma leitura linda
Meus comentários estão no site.

site: http://reflexoesdesilviasouza.com/livro-mulheres-de-cinzas-de-mia-couto/
12/03/2017minha estante
O Sonho de um Homem Ridículo é uma pequena (no tamanho se compararmos com Irmãos karamazov) obra prima.


12/03/2017minha estante
Comentei no lugar errado.


12/03/2017minha estante
Qual é o site dos seus comentários?




Margô 13/06/2021

Covas de Armas.
Sou fã de carteirinha de Mia Couto. Propensa a gostar das obras do autor só pela empatia existente e comprovada ( amei a palestra dele!).
Porém, meu coração de chiclete, não foi muito grato à obra que ora concluí.

Sei do potencial desta narrativa, e do quanto é pertinente as coisas ditas em cada página, com o digno propósito de apresentar o domínio Português sobre Moçambique...

Mas, confesso que o lirismo de Mia Couto, às vezes, me lesa o raciocínio, e os olhos veem sangue e dor...sim, mas as coisas ficam como que "suspensas". De onde veio? Como foi? Por quê morreu? ( Eu querendo colocar elos nos fatos ...rss)

Então, as causas se perdem como águas aligeiradas descendo o leito do rio, borbulhando segredos inescrutáveis!

Gostei do que li, mas queria menos fantasia , e mais realismo!
Acho que foi isso.
Fabi 30/06/2021minha estante
Sua resenha expôs justamente como me senti com esse livro! Rsrs fiquei triste porque queria muito ter amado, justamente por reconhecer a grandeza do texto... Mas não rolou!


Margô 02/07/2021minha estante
Pois é Fabiana... às vezes o autor fica em dívida com o leitor...rsss. Quem manda ser sempre bom!??? ?




Ludmilla 12/07/2020

Primeiro livro que leio do Mia. Gostei bastante. Forte, emocionante.
Irlene.Silva 23/07/2020minha estante
Pra mim também foi o primeiro. Achei triste, fiquei deprimida. Talvez eu não leia os outros da trilogia, embora tenha considerado o livro muito bom. Quem sabe em outro momento , quando passar essa pandemia?


Ludmilla 23/07/2020minha estante
Oi Irlene, é um livro triste mesmo. Como você disse, talvez seja mais adequado ler os próximos quando passar essa fase tensa. Tenho tido essa dificuldade em relação a filmes/séries.




ElisaCazorla 08/01/2016

Iniciação à Mia Couto.
Para quem nunca leu Mia Couto, esse livro seria um bom começo. Devo dizer que já li todos os outros romances do autor e não posso evitar a comparação.
Eu sou uma admiradora de Mia Couto e todos os seus livros são um presente para mim. Quando esse livro foi anunciado esperei ansiosamente. Não me decepcionei, o livro é muito bom, mas saio dele com a sensação de que faltou algo. Talvez a alternância entre cartas do homem português branco e a narrativa da menina africana negra tenha feito desse livro algo menos poético e talvez mais 'palatável' para alcançar um público maior de leitores.
A emoção desse não foi tão intensa como nos outros, mas é emocionante. A construção desse não foi tão impressionante como a dos outros, mas foi impecavelmente construído. Inclusive a alternância entre a narrativa da negra e do branco é interessante e bela. A escolha de expor os dois pontos de vista é a maior virtude deste livro. Essa decisão enriqueceu o livro e fez dele um livro mais simples sem ser simplório!
Não encontrei muitos neologismos como nos outros e, talvez, tenha sido essa decisão que deixou o livro mais fácil ou menos exigente do que os outros. Isso não é um ponto negativo, mas foi o que me deixou um pouco triste. Senti falta neste livro da força pungente que me assombrou tanto nos outros livros dele.
Talvez seja uma obra que teve que atender à certas exigências para alcançar um novo público, mais amplo talvez. Por isso acho que se o leitor está procurando conhecer este autor, este livro é um excelente início à sua obra e ao seu estilo excepcionais.
Não me decepcionei. O livro é maravilhoso. Mas, infelizmente para mim, é menos poético. Aguardo o próximo livro desta trilogia com a mesma ansiedade e com a certeza de que será um deleite.
Tiago675 22/10/2016minha estante
Fiquei mais interessado, agora! É um romance histórico!




Alexandre Kovacs / Mundo de K 09/12/2015

Mia Couto - Mulheres de Cinzas
344 páginas - Editora Companhia das Letras - Lançamento no Brasil 16/11/2015.

Uma das citações mais bonitas de Mia Couto (e podem acreditar que são muitas) nos ensina que: "a descoberta de um lugar exige a temporária morte do viajante" (do seu romance "Venenos de Deus, Remédios do Diabo" de 2008), assim acontece com esta nova obra do autor, "Mulheres de Cinzas", primeiro volume de uma trilogia sobre um importante período da história de Moçambique e no qual, para apreciar toda a força poética do texto e a riqueza do folclore e costumes locais, precisamos abandonar a nossa herança cultural ocidental e urbana, assim como os conceitos transmitidos através da história oficial da colonização portuguesa, ou seja, "morrer" um pouco, só assim a prosa mágica do autor, com o seu estilo que é um exercício contínuo de recriação da língua, poderá ganhar o merecido espaço e ser "descoberta" pelo leitor, nada mais do que um mero e abandonado viajante solitário.

Os eventos narrados no livro ocorrem em 1895, época em que Moçambique era dominada de um lado pelo governo colonial português, nem sempre presente e atuante, e do outro pelo líder do poderoso Estado de Gaza, imperador Ngunguyane (chamado de Gungunhane pelos portugueses), muito mais forte politicamente na região. O sargento português Germano de Melo, degradado pela monarquia como punição após participar de uma revolta republicana no Porto, é enviado para combater o "Leão de Gaza", como era conhecido Ngungunyane, e assume o controle de um quartel, localizado na vila de Nkokolani, que nada mais é do que uma decadente mistura de paiol de armas e cantina para venda de quinquilharias para os nativos. Ele é auxiliado por Imani, uma adolescente de quinze anos que foi criada por missionários portugueses e domina bem o idioma, servindo como intérprete para o militar. O relacionamento entre os dois irá se fortalecer à medida em que ambos encontram alívio e mútua compreensão em meio ao isolamento provocado pelos conflitos.

"O mundo é tão grande que nele não cabe dono nenhum", mas mesmo assim o Império de Gaza e a Coroa Portuguesa se achavam proprietários da terra e por isso se odiavam tanto ("por serem tão parecidos nas suas intenções"). A família de Imani, da etnia VaChopi, era um símbolo dos conflitos na região porque, apesar de seguir os costumes ocidentais, tendo se aliado aos portugueses, apresentava uma grave divisão política interna já que um dos irmãos de Imani tinha o sonho de apoiar as forças de ocupação portuguesas enquanto o outro queria se unir ao exército de Ngungunyane. Na verdade, tanto Imani quanto o sargento Germano de Melo são indivíduos não adaptados ao próprio meio em que vivem e a narrativa é dividida entre as duas vozes alternadas, mas o tom predominante é mesmo o feminino como podemos constatar na bela passagem abaixo que mostra como os pobres e as mulheres são sempre mais afetados pelas guerras:

"A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres são os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos." (pág. 107)

Mia Couto alerta para a destruição da terra através das guerras contínuas e também do progresso não planejado em um jovem país dividido por línguas e culturas diferentes, fato tão comum no continente africano. Também a necessidade de conhecer o passado para entender o presente, Mia Couto afirma que os moçambicanos continuam "ainda prisioneiros de uma versão única do passado" e que precisam se libertar de uma narrativa solitária para assumir que existem outras versões e que todas podem ser válidas para explicar a diversidade atual.

"A estrada é uma espada. A sua lâmina rasga o corpo da terra. Não tarda que a nossa nação seja um emaranhado de cicatrizes, um mapa feito de tantos golpes que nos orgulharemos mais das feridas que do intacto corpo que ainda conseguirmos salvar." (pág. 11)

O livro representa um esforço de humanização de personagens históricos muito pouco conhecidos no Brasil. O último imperador de Gaza, Ngungunyane, foi capturado em 1895 por Mouzinho de Albuquerque quando o seu império já não tinha a força do passado e o domínio dos territórios conquistados, mas Portugal precisava demonstrar às demais potências coloniais européias, principalmente a Inglaterra, que ainda mantinha o controle sobre a colônia africana e levou Ngungunyane e suas sete esposas para Lisboa como propaganda política tendo sido posteriormente deportado para os Açores, onde veio a morrer em 1906. Os seus restos mortais foram trasladados para Moçambique em 1985. Na época, a imprensa moçambicana divulgou que na urna funerária só havia areia colhida em solo português, originando a ideia do título da trilogia, "As Areias do Imperador", que será completada com o lançamento dos dois próximos romances da série em 2016 e 2017.
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Babele 29/12/2015

Breve comentário
"(...) Vou lá dentro buscar a bíblia...
Correu transloucadamente para o quarto quase pisando a galinha, e ainda escutei o surdo ruído do seu corpo desabando no chão. O sargento tinha tropeçado numa cabra que vagueava dentro de casa (...) Foi então que percebeu que, da boca do caprino, emergia uma pasta esbranquiçada. Á força, Germano abriu as maxilas do ruminante para depois exibir, na concha das mãos, os restos amassados de um livro.
- É a bíblia - lamentou ele. - A puta da cabra comeu a bíblia (...)"
Sem palavras para descrever tamanha beleza, que Mia pintou este livro... Essa foi uma das poucas (ou talvez a única) parte que me fez rir, pois o restante ora me fizera transbordar em lágrimas, ora em surpresas e o tempo todo em infinito encanto. Quantas lições podem ser retiradas desse livro, precisei me conter para não marcar as páginas por inteira, com meu marca texto.. Espero que os próximos volumes não se demorem, não vejo a hora de devora-los!
"Acho que nunca mais me chegará o sono"
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Thaís Brito 04/03/2024

Primeiro contato
Conhecendo só agora a obra de Mia Couto. Gostei bastante e fiquei intrigada com a trama, mostrando os conflitos da dominação portuguesa em Moçambique. Curiosa pelos títulos que continuam essa história.
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Marcos Pinto 03/03/2016

Maravilhoso!
Existem livros que marcam uma época, uma fase da sua vida. Há outros, porém, que você carrega para uma vida toda. Esses, geralmente, são feitos de algo mais profundo, mais denso, mais tocante. Algo que mexe contigo e te muda; arrebata-te. Esses livros são raros, é verdade. Porém, esse ano eu tive uma dessas imensas felicidades: encontrei o livro Mulheres de Cinzas. Esse, sem dúvidas, faz parte desse grupo tão especial.

Tudo começa quando os portugueses invadem Moçambique e começam a reclamar cada território como “Terras da Coroa”. Contudo, a dominação não seria fácil. Por lá já havia um imperador e ele era Ngungunyane, grande líder do chamado Estado de Gaza. A partir daí surge um confronto de interesses, um confronto por poder e terra que fará o solo verter sangue.

No meio dos territórios em disputa, há o vilarejo chamado Nkokolani. Neste local, morava Imani. Ela não era uma garota como as outras. Em primeiro lugar, era a filha do líder local. Segundo, fora educada por padres, tendo um português correto e uma escrita impecável. Por último, era uma mulher com alma diferente. Aos quinze anos, já era independente, forte, com uma personalidade marcante e com uma inteligência superior a de praticamente todos.

“Os imperadores têm fome de terra e os seus soldados são bocas devorando nações. Aquela bota quebrou o Sol em mil estilhaços. E o dia ficou escuro. Os restantes dias também. Os sete sóis morriam debaixo das botas dos militares. A nossa terra estava a ser abocanhada. Sem estrelas para alimentar os nossos sonhos, nós aprendíamos a ser pobres. E nos perdíamos da eternidade. Sabendo que a eternidade é apenas o outro nome da Vida” (p. 15).

Nesse mesmo vilarejo chega o Sargento Germano. Ele ganha a simpatia de muitos por, a princípio, não ter a atitude de outros portugueses. Primeiro, ele anda com suas próprias pernas – enquanto outros obrigavam que as pessoas do vilarejo os carregassem –; ele também parece se importar com o povo, trazendo promessas de melhoras e proteção. Porém, nem mesmo ele e nem as suas promessas eram bem o que pareciam.

Partindo dessa premissa, Mia Couto constrói um dos melhores romances que eu já tive o prazer de desbravar. Com um aprofundamento histórico maravilhoso e contextualização de dar inveja, o leitor viaja nas nuances da trama enquanto aprende uma história africana muitas vezes ignorada pela escola.

Outro ponto que merece ser ressaltado é o aprofundamento da cultura tida naquela região de Moçambique. Couto apresenta as crenças, os mitos e a poesia que envolvia o cotidiano local. É incrível conhecer novas culturas e novas formas de pensar através da obra. Aliás, em muitos momentos, ficamos nos questionando como uma cultura tão bela como aquela pode ser massacrada, até hoje, costumeiramente.

“Haverá, a propósito, saudade que não seja infinita?” (p. 18).

O autor também merece destaque pelo embuste engenhoso que cria. Com a aparência de um romance “romântico”, ele vai muito além. Ele não se prende e nem se foca tanto no possível casal, mas nas marcas que a guerra deixa na alma dos personagens, sejam eles portugueses ou africanos. O aprofundamento psicológico e das consequências são muito mais importantes do que o romance propriamente dito.

Ademais, para completar a obra magnífica, Mia Couto fecha a estrutura do enredo com personagens cativantes, bem trabalhados e reais. Apesar de parecerem imbatíveis no começo, no decorrer da obra conseguimos ver o que é realmente verdadeiro e o que é aparência. Eles se desconstroem e reconstroem, mostrando as múltiplas facetas humanas.

Completando a enorme qualidade da obra, a Companhia das Letras providenciou uma capa bela e que combina perfeitamente com o enredo. A diagramação, por sua vez, está bem confortável, o que proporciona uma excelente leitura. Por fim, também não tenho o que reclamar da revisão: já é o costumeiro alto padrão de qualidade da editora.

“É para isso que servem as fardas: para afastar o soldado da sua humanidade” (p. 20).

Diante de tantos aspectos positivos, qualquer indicação final seria inútil. Recomendar o livro é muito pouco. Digo apenas: se você quiser ser tocado, já sabe qual livro deve procurar.

site: http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/03/resenha-mulheres-de-cinzas.html
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Conrado 14/03/2016

Mulheres de Cinzas
" - Nesta tua terra, meu caro Mwanatu, Jesus estaria desempregado; aqui não há quem não faça milagres. "

Aguardando o segundo da trilogia!
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Luísa 20/06/2016

O Império de Gaza foi o segundo maior império africano liderado por um nativo e teve como último monarca Ngungunyane, ou Gungunhane, como ficou conhecido entre os portugueses.

Por ter se rebelado e ameaçado o domínio colonial português, Ngungunyane – apelidado, ainda, de “Leão de Gaza” – foi derrotado e deportado para o Açores pela coroa portuguesa em 1895, vindo a falecer em 1906. O Império de Gaza foi o que hoje conhecemos como a metade sul de Moçambique. O nome de Ngungunyane permaneceu como símbolo de glória e mito, e lendas e histórias foram criadas em cima de sua personalidade.

Com base em extensa pesquisa, o escritor moçambicano Mia Couto lançou no final de 2015 o primeiro romance histórico da trilogia As areias do Imperador, que conta os derradeiros anos do Império de Gaza, nas vozes de dois narradores, uma garota africana e um militar português degredado. O segundo e terceiro volume da trilogia têm previsão de lançamento para esse ano e 2017, respectivamente. O título vem de uma das lendas acerca do caixão com o corpo de Ngungunyane, oficialmente repatriado para Moçambique em 1985, cujo conteúdo, dizem, contém apenas areia colhida em solo português. As areias também significam um império que ruiu.

Leia mais em:

site: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/resenha-mulheres-de-cinza-de-mia-couto-por-luisa-gadelha/
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Daniele.Araujo 06/09/2016

Prosa em Poesia
Neste livro Mia Couto utiliza o cenário político da guerra civil de Moçambique no período em que o último imperador de Gaza ainda reinava. O romance tem um toque político, romântico e muito feminista. A leitura é leve e com uma poesia muito forte impregnada de filosofia africana.
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Rosângela Luz 07/11/2016

Sempre forte a presença feminina negra nas obras de Mia Couto
Antes de começar gostaria de avisar que sou apenas uma leitora de impressões simples e sem técnica de resenha. Vamos lá!
Inicia-se o livro com os dizeres "A estrada é uma espada. A sua lâmina rasga o corpo da terra. Não tarda que a nossa nação seja um emaranhado de cicatrizes, um mapa feito de tantos golpes que nos orgulharemos mais das feridas que do intacto corpo que ainda conseguirmos salvar." E é exatamente assim a história da humanidade, desfiguramos a terra para depois tentar retomá-la ao antes. Mulheres de Cinza é o primeiro livro da trilogia As areias do Imperador, a personagem protagonista apresenta-se e apresenta a família, da importância ao nome dado a cada ser e de esse nome ser um "ato de poder" e dos vários nomes que já teve em sua curta existência até ali, O livro tem como norte a colonização portuguesa na África, especificamente, em Moçambique. Temos vislumbres das superstições, tradições, sinais de povos tão opostos e tão iguais. A história é narrada por dois personagens: a Imani e o sargento português Germano de Melo, os dois pontos de vista significativos diante da guerra, o que sempre me surpreende é a forma magnífica que o autor caracteriza suas personagens femininas, a mãe de Imani tem uma grande sacada para se sair de uma situação muito difícil e consegue com tal maestria e sabedoria que eu jamais seria capaz de imaginar.
Destaca-se a ferocidade humana diante do conflito armado, como os comportamentos se tornam bizarros diante de grandes transformações, da imposição da língua, da religião, dos costumes do colonizador e colonizados. Uma parte que se destacou e que me fisgou de vez para ler LOGO os três volumes foi este trecho: "Alguns de nós, humanos, temos esse mesmo destino: falecidos por dentro, e apenas mantidos pela parecença com os vivos que já fomos."
A verdade contida nesta frase conquistou meu coração, sofremos tantas perdas ao longo da vida, tristezas e decepções que terminamos por morrer um bocadinho. Mas não pense que é um livro deprimente, ao contrário, a alegria e a união andam juntas, obviamente a musicalidade, a dança e a alegria é por conta do negro, já o nosso sargento Germano é altamente melancólico, gera um verdadeiro choque de duas culturas. Eu poderia retirar trechos significativos e poéticos e lindos e emocionantes e faria um outro livro. Mia Couto é para saborear e ser saboreado e como diz a mãe de Imani - "para a minha loucura basta-me uma pequena porção da Lua". A prosa de Mia Couto são repletas de imagens lindas que nos evocam a algo antigo e , por mais estranho que pareça no momento, eu e o livro somos um só, a mesma história, as mesmas personagens, a mesma vivência.
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