Viviane 27/01/2023
Um livro indispensável, mas que depende do momento?
Eu sempre fugi um pouco de best-sellers. Toda vez que um livro fica muito em evidência eu o evito. Preconceito bobo, talvez. Mas foi por isso que, por tanto tempo, eu fugi dessa clássica obra da Clarissa. Mas um dia ela caiu nas minhas mãos. Veio por meio de um presente de uma pessoa que eu admiro muito e que me ajudou em um momento em que, agora eu sei, eu me perdi completamente da ?Mulher Selvagem? e deixei de caminhar com a minha matilha. Por um tempo o livro ficou jogado na estante, até que resolvi enfrenta-lo (e esse termo é intencional, porque não há conforto neste livro e sim, confronto). Foi a melhor decisão que tomei.
Embora não seja uma leitura fácil ou rápida, senti que seu conteúdo remonta a uma sabedoria ancestral, que vivificou minha alma que estava árida e sedenta. Eu já vinha experimentando uma inquietação dentro de mim, uma espécie de rebelião (La Loba querendo uivar, deveras), então ao ler o livro eu consegui compreender um pouco melhor o processo pelo qual venho passando, e direcioná-lo também.
Por meio de contos arquetípicos e antigos, a Clarissa nos conduz, ao longo de quase 600 páginas, para o âmago de nossa ancestralidade, para a conexão com nosso self (em várias expressões) e nos faz compreender a importância de voltarmos ao nosso ?eu selvagem? e deixarmos para trás a domesticação que nos é imposta desde que nascemos. Só assim nos conectaremos com nossa essência ancestral e encontraremos felicidade.
Eu sempre gostei de contos de fada, mas meu viés feminista sempre me colocou em conflito com eles. Dessa vez, fui surpreendida ao ver como, em suas versões originais, eles fortalecem a essência feminina e têm muito a nos ensinar.
Em resumo, para nós mulheres, que ?antes dos vinte anos?, já sofremos ?centenas de mortes?, esse livro é um verdadeiro guia na nossa jornada de autoconhecimento. É um livro que nos empodera e que nos conecta às origens.
No entanto, para aproveitar esse presente, precisamos estar abertas. Por se tratar de uma leitura densa e, em alguns momentos, cansativa, é fundamental que nosso interior esteja disposto a absorver os ensinamentos pouco a pouco e a vivenciar a profunda transformação por ele proposta. Não espere ler o livro em uma sentada só. Ele é para ser saboreado devagar, já que cada página demanda muito momento de reflexão depois.
Em resumo, trata-se de uma leitura obrigatória para todas as mulheres que estão em busca de compreenderem-se a si mesmas e fugirem das gaiolas em que nos colocaram todas assim que viemos ao mundo. Tenha em mente, no entanto, que ele é um mero guia. O agente principal da mudança, a protagonista dessa história, somos
nós.