CooltureNews 21/04/2013
Publicada em www.CooltureNews.com.br
Um por dia seu computador vai ligar. Dois por dia na internet vão navegar. Três por dia o Coolture News vão visitar. Quatro por dia essa resenha vão acessar. Cinco por dia vão ler esse meu olá. Seis por dia vão logo entender, será? Sete por dia lerão sobre o livro que estou a resenhar. Logo vocês entenderão o motivo dessa introdução poematizada, pois hoje falarei da versão inglesa do livro de Anthony E. Zuiker, o criador da série Crime Scene Investigation.
Por si só, a menção do nome de Zuiker já é capaz de encher de expectativas o grande público de fãs da não pouco conhecida série CSI. Quando esse nome é impresso na capa de um livro então, ao lado do nome de Duane Swierczynski, essas expectativas multiplicam-se e passam a atingir também aquele aficionado grupo de amantes do gênero thriller. Já não bastasse essa combinação promissora, o livro Level 26 – Dark Origins (Grau 26 – A Origem, na versão brasileira, trazida à nós pela Editora Record) ainda promete inovar, autonomeando-se como a primeira Digi-novel a ser concebida nesse nosso pequeno ponto azul no universo. Se isso é bom ou ruim, é uma das coisas que discutirei durante a resenha de hoje.
Seguindo a linha dos incontáveis títulos que se vangloriam por alcançar a alcunha de best-seller (sim, leiam aí uma crítica à essa contagiosa incapacidade de finalizar histórias em um único livro), Level 26 é uma trilogia e Dark Origins é apenas o início dessa saga. É uma série que começa de forma fenomenal e, já adianto, a leitura é mais do que recomendada para aqueles que apreciam o gênero. Todavia, levando em conta os próprios aspectos do universo apresentado no romance (que, pelo pouco que acompanhei da série, possui uma grande semelhança aos casos que envolvem as equipes especiais de investigação dos CSIs), o livro poderia ser um pouco mais independente de sua continuação. Adiante retornarei à esse aspecto.
Sem contar mais do que o necessário, a trama principal de Dark Origins gira em torno de um serial killer que atinge, em uma escala de periculosidade, o tão temido Grau 26. Isso quer dizer que ele comete crimes tão atrozes, de forma tão cruel e sem precedentes, que toda e qualquer caracterização anteriormente utilizada para outros assassinos não consegue abarca-lo. Sqweegel, como é conhecido pelos seus poucos investigadores, é o pior serial killer já documentado, e encontra-se solto.
Para capturar um assassino tão “especial”, também é necessária uma equipe especial. É aí que entra a “Special Circs” (confesso não saber a tradução do nome da organização), típica equipe ultrassecreta destacada para as missões de mais alto risco. Contudo, notar-se-á que até mesmo a equipe mais especial acaba precisando de uma ajuda especial, e é nesse momento que o nome de Steve Dark é citado. A partir daí, um jogo de gato e rato se inicia... um jogo mortal no qual todos os personagens podem ser ratos ou gatos em determinados momentos.
A fluída narrativa de Dark Origins conta com recursos relativamente inovadores, por ter sido desenvolvida com esse conceito de Digi-novel em mente. Basicamente, a cada vinte páginas, mais ou menos, você se depara com uma senha que, ao ser digitada no site oficial da série, te dá acesso à uma Cyber-bridge (Ciber-ponte, em tradução livre), que nada mais é do que um termo floreado para um vídeo em live action, com atores interpretando as personagens do livro, ou animação. Essa é uma ideia interessante, mas que possui seus prós e contras.
Os prós estão relacionados com as possibilidades que um recurso audiovisual traz à narrativa. No caso, interpretação de atores, música, vozes e outros elementos que jamais poderiam ser transmitidos por meio do veículo impresso acrescentam uma riqueza ao conteúdo do livro. Já os contras estão em dois fatores: o primeiro, é a necessidade de estar perto de um computador com acesso à internet enquanto lê. Eu, por exemplo, costumo ler antes de dormir, deitado na minha cama, e achei bastante desconfortável ter que parar a leitura e me locomover para a frente do computador nesses vários momentos. O segundo ponto negativo da Digi-novel é um aspecto que muitas adaptações de livros em filmes sofre: a impossibilidade de transcrever com plenitude as imagens mentais que criamos de personagens e situações. Só para citar um exemplo, durante a leitura eu tive uma imagem completamente diferente de uma personagem chamada Sibby, que nas Cyber-bridge perdeu toda a sua veracidade para mim.
Tirando esse aspecto que em alguns momentos me fez sair do estado de suspensão de descrença, o livro Dark Origins possui diversos elementos literários que são deveras interessantes. Retomando a minha estranha introdução, há um poema de fundamental importância para toda a narrativa. Além disso, a ambiguidade existente no título (que, infelizmente, se perde na tradução) e algumas passagens acrescentam uma literalidade bastante significativa à esse livro que à primeira vista não passa de mais um exemplo de literatura trivial.
Outra característica dessa obra que merece ser destacada são as ilustrações que permeiam os capítulos do livro. Com seus desenhos em tons de preto e branco, Marc Ecko faz muito mais do que ilustrar determinadas cenas do livro. A grande maioria de suas ilustrações são quase quebra-cabeças que, ao mesmo tempo em que dão um gostinho do que está por vir, deixa o leitor apreensivo, tentando entender detalhes que, à primeira vista, parecem não fazer sentido algum com o que está acontecendo.
Infelizmente, encontrei um erro de revisão no livro que me incomodou um pouco. Foi uma simples troca de palavras que, em outro momento, teria passada completamente despercebida. Contudo, envolvia justamente uma das passagens do já citado poema, o que deu destaque à falha do revisor. Além disso, um pequeno elemento existente numa das passagens finais do livro não foram, na minha opinião, condizentes com o aspecto realista apresentado em todo o romance.
Mas no final das contas, o saldo de Dark Origins é mais do que positivo. Embora possa trazer consigo algumas pequenas pedras, a trajetória de leitura a ser percorrida aqui é muito dinâmica e satisfatória. Por meio de uma narrativa rápida e instigante, Zuiker consegue prender a atenção do leitor, deixando-o apreensivo pelas próximas aparições de Sqweegel, que é um daqueles vilões que você ama odiar e, por mais estranho que essa afirmação possa parecer, espera ver em breve.
Agora, é a sua vez de analisar as pistas desse caso. Alguém mais entendido do assunto, saberia dizer se existe alguma ligação entre as personagens do livro e os acontecimentos da série CSI? (li muito por cima que Sqweegel já apareceu na série). E quanto ao conceito de Digi-novel, você acredita que isso é realmente necessário, ou que isso se tornará um novo parâmetro para as narrativas modernas? Comente, opine, deixe aqui sua opinião... Ou o Sqweegel vai atrás de você.