Domenica Mendes 22/03/2016O livro que vou apresentar para vocês hoje é um dos primeiros lançamentos do ano de 2016 da Editora LeYa. Escolhi esse livro, pois para começar, ele tem uma sinopse bastante audaciosa: ao falar sobre a protagonista da história, a própria sinopse a define como “uma heroína capaz de deixar Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes, no mínimo intimidada”. Dá para imaginar isso? Olha, eu tenho uma certa dificuldade, confesso!
A propósito, a sinopse continua apresentando o estopim da história e é pra dar água na boca dos leitores que curtem suspense com ação: uma garota abre os olhos em meio a uma chuva, totalmente encharcada e machucada, sem saber onde está ou quem é. Por impulso, coloca a mão no bolso do casaco e lá encontra uma carta que começa com: “Querida Você, o corpo que está usando costumava ser meu.”. Quer mais? Ao seu redor, vários cadáveres de pessoas com luvas de látex das quais ela não tem a mínima ideia de quem sejam. É… melhor descobrir rapidinho o que está acontecendo!
Que se inicie o jogo de xadrez
A garota da chuva não tem alternativa alguma a não ser seguir as orientações que são apresentadas a ela de forma tão clara na primeira carta. Uma carta que levará à outra carta e que lhe apresentará que vida aquele corpo que ela está usando tinha até seu despertar.
Seu nome é Myfanwy Thomas e sua profissão é, no mínimo, surpreendente: ela é uma agente secreta de alto escalão do governo britânico cuja função é lidar com eventos sobrenaturais no país. Ao conhecer esse mundo, ela descobre que essa organização, chamada Checquy, é composta por humanos comuns e humanos dotados de poderes ou características sobrenaturais. Os poderes são os mais divergentes e curiosos possíveis, mas só tem um problema: ela não sabe qual o seu poder, não conhece as pessoas com as quais convive e não sabe exatamente onde está se metendo – sabe apenas que alguém na organização a quer morta. O porquê? Talvez apenas a Torre Thomas saberia lhe dizer.
Análise Crítica
Analisar o livro “A Torre” não é uma tarefa tão fácil quanto parece por um motivo absurdamente simples: o gênero fantasia sempre é um gênero que ou agrada ou desagrada, dificilmente tem meio termo. Particularmente, aprecio universos onde os personagens conseguem se desenvolver no decorrer das páginas e onde eles consigam flutuar em uma dança maior, que faça com que o embalo da história não se perca. E, Daniel O’Malley não se perde, depois que a gente se encontra.
O começo do livro é bem confuso, como deve parecer. Como acompanhamos a história sob a ótica de Myfanwy, não temos a mínima ideia de quem ela seja ou de onde ela esteja. Conforme as peças começam a ser apresentadas e a fazer sentido para ela, começam a fazer sentido para a gente também. Ponto para o autor, mas desafio para os leitores que preferem universos onde se sintam mais seguros.
O livro tem momentos de humor e muitos momentos de ação. Essas características possibilitam que o ritmo da história evolua de forma agradável para o leitor. Mas ali, o que mais se tem são reviravoltas e, próximo ao final, quando tudo parece permitir que você respire, algo além está presente para acontecer. O livro é o primeiro volume de uma saga ou possível trilogia. Após uma pequena pesquisa, vi que o segundo livro já foi lançado no exterior, contudo, não sei quantos livros complementam essa história. Mas garanto uma coisa: não ficam ganchos no primeiro livro e dá pra ler apenas ele, sem ficar com um buraco em aberto nesse mundo.
A escrita de Daniel também possui um bom tom. Para um livro de fantasia, ela é bem simples, porém os elementos surpresa acabam trazendo certa confusão se o leitor insistir em não se entregar ao mundo criado. O escritor conseguiu, de forma natural e bem interessante, criar uma personagem feminina que nada mais é do que um ser humano do gênero feminino e, olha, isso faz muito sentido e é delicioso de se observar!
Por fim, sobre a diagramação do livro… me restam dúvidas. Recebi a versão digital do livro e a li no aplicativo Aldiko (o único app que abre esse tipo de livro no smartphone). O que notei é que, ao menos no celular, muitas vezes durante a mudança na história, onde caberia um espaçamento não havia nada, apenas um parágrafo após o outro. Isso dificultou a leitura em alguns momentos, pois eu estava embalada em um cenário e na linha debaixo, era outra coisa. Agora, a dúvida é: a versão física também é assim?
O meu conselho é simples: ao ler “A Torre” tenha em mente que o mundo de Myfanwy Thomas é um mundo cheio do sobrenatural, similar a mutantes. Assim, fica mais fácil de se achar no meio da loucura que as aventuras dela acontecem.
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http://leitorcabuloso.com.br/2016/03/resenha-torre-daniel-omalley/