Bê 26/07/2020
Incrível!
Provavelmente um daqueles livros que muita gente já ouviu falar mas nunca vai ler. De autores desconhecidos, a epopéia foi escrita há 3,5 mil anos. É a biografia de Gilgamesh, quinto rei da lista dinástica suméria pós diluviana, que estima-se ter vivido entre 2.700 e 2.500 A.C.
A obra, em escrita cuneiforme ao menos em três línguas - sumério, acadiano e hitita - circulou não só na Mesopotâmia, mas também mais ao leste, na porção ocidental da Pérsia, mais ao norte, onde hoje está localizada a Turquia, e também ao longo da costa do Mediterrâneo. Algumas de suas partes foram encontradas ao norte de Jerusalém.
A dificuldade da escrita cuneiforme fez com que aos poucos a circulação e tradução da obra para outros idiomas fosse desaparecendo, até que se perdeu por completo em cerca de 300 ou 200 A.C.
O manuscrito passou mais de 2 mil anos perdido, até que as ruínas da cidade de Nínive, antiga capital da Assíria, foi escavada por Austin Henry Layard e Hormuzd Rassam, e o texto foi encontrado na biblioteca do palácio de Assurbanipal, último dos grandes reis do império assírio.
A biblioteca do rei havia, entre outros locais, sido destruída e incendiada por seus inimigos. Mas o texto de Gilgamesh, assim como tantos outros trabalhos, fora escrito em placas de argila e o calor ajuda a preservar esse material. Assim, tudo o que havia escrito em pergaminhos foi destruído, mas as placas de argila resistiram e assim ficaram enterradas e esquecidas nas ruínas do palácio até a época de sua escavação.
Cerca de 100.000 placas e fragmentos foram levados ao Museu Britânico. Somente décadas depois conseguiu-se começar a decifrar a escrita cuneiforme da Epopéia de Gilgamesh. George Smith é quem consegue decifrar um pequeno pedaço de uma das placas que diz respeito a um grande dilúvio e, por se relacionar a uma história bíblica, a epopéia começa a despertar interesses históricos e acadêmicos.
Muitos pedaços da obra ainda estão perdidos, de forma que a história está incompleta e talvez fique assim para sempre.
A Epopéia de Gilgamesh conta a história do tirano rei da cidade de Uruk e sua busca pela imortalidade. Gilgamesh seria 2/3 deus e 1/3 homem. Seu comportamento leva os cidadãos a reclamarem com os deuses sobre a maneira como o rei explora seu povo e estupra mulheres nas suas noites de núpcias.
Os deuses então criam Enkidu, à imagem de Gilgamesh e o mandam para viver no campo, junto aos animais selvagens. A idéia é que o espelhamento de Enkidu em Gilgamesh fizesse o tirano repensar seu comportamento.
Eventualmente os dois se tornam amigos (bromance, quem sabe) e partem numa busca por trabalhos que poderiam torná-los imortais. Se não de fato, ao menos na história.
O curioso da obra são os detalhes que se assemelham a livros da bíblia. Enkidu foi feito do barro e passa a ser rejeitado pelos animais com quem convivia após se envolver carnalmente com uma mulher, sendo forçado ao convívio humano. A ele são oferecidos pão e vinho. Posteriormente, um dos poemas da epopéia fala de um dilúvio e um dos deuses manda um humano construir uma arca e colocar a bordo um casal de cada criatura viva. Após sete dias, o humano começa a soltar pássaros em busca de terra firme.
Será um certo conjunto de livros monoteístas foi inspirado em uma epopéia politeísta de mais de 2 mil anos antes de cristo? Treta!
site: www.capaecorte.com