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Confissões Santo Agostinho




Resenhas - Confissões


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Alane.Sthefany 20/09/2022

Confissões - Santo Agostinho
Eu lendo as confissões de Agostinho: ????

Agostinho:

"Mas por que deveriam os homens ouvir minhas confissões, como se a eles coubesse curar minhas enfermidades? Curiosos de conhecer a vida alheia, são indolentes em corrigir a própria. E por que desejam saber de mim quem sou, quando não se interessam em ouvir de ti quem são?"

"Mas então o que tenho eu a ver com os homens, para que escutem minhas confissões, como se devessem curar todos os meus males? Raça curiosa de conhecer a vida alheia, preguiçosa em corrigir a sua! Por que querem ouvir de mim quem eu sou, se não querem ouvir de ti quem eles são?"

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?Tarde te amei! . . .?

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.

O Conceito de Tempo

O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve?
Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos ? passado e futuro, ? uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir.

Trechos Preferidos ?????

Diante de ti, o que havia mais indigno do que eu?

Ó alegria que tão tarde encontrei!

(...) minha mãe agitou-se, apreensiva e temerosa. Apesar de eu ainda não ser batizado, receou que eu enveredasse por caminhos tortuosos trilhados por aqueles que ?voltaram para ti as costas e não a face?.

Tua lei, Senhor, condena certamente o furto, como também o faz a lei inscrita no coração humano, e que a própria iniquidade não consegue apagar. Nem mesmo um ladrão tolera ser roubado, ainda que seja rico e o outro cometa o furto obrigado pela miséria.

A ambição, o que procura senão honras e glórias, enquanto somente tu és digno de ser honrado e glorificado eternamente?
A crueldade dos poderosos deseja ser temida; mas, quem deve ser temido, senão tu, meu Deus? Ao teu domínio nada pode fugir: quem o poderia fazer, e como, e quando?
Os carinhos dos voluptuosos buscam a reciprocidade do amor, mas nada é mais acariciante do que tua caridade, e nada mais salutar para ser amado, que a tua verdade, a mais bela e resplandecente de todas as coisas.
A curiosidade quer aparentar interesse pela ciência, mas só tu conheces plenamente tudo.
Até a ignorância e insipiência cobrem-se com o manto da simplicidade e da inocência; mas nada é mais simples, nada é mais inocente do que tu. As próprias obras é que prejudicam os malvados.
A preguiça parece desejar apenas a tranquilidade, mas que repouso seguro existe fora de ti, Senhor?
A luxúria quer ser chamada de saciedade e abundância; mas, só tu és a plenitude, tu és a fonte da suavidade inexaurível e incorruptível.
A prodigalidade cobre-se com a sombra da liberalidade; porém, és tu o mais generoso doador de todos os bens.
A avareza quer possuir muito, mas tu possuis todas as coisas.
A inveja pleiteia a primazia, mas quem mais excelente do que tu?
A cólera procura a vingança; qual a vingança mais justa que a tua?
O temor, enquanto zela pela segurança, detesta os acontecimentos insólitos e inesperados, que ameaçam os objetos amados; mas, para ti, que há de insólito ou inesperado? Quem pode separar-te daquilo que amas? Onde se encontra segurança, senão a teu lado?
A tristeza definha na perda dos bens, nos quais a cobiça se satisfaz, porque desejaria que nada, como a ti, se lhe pudesse tirar.

É assim que o homem peca, quando se afasta de ti e busca fora de ti a pureza e a limpidez, que ele não pode encontrar senão voltando para ti.

Todos aqueles que se afastam de ti e contra ti se rebelam, a ti estão imitando de forma pervertida. Ainda que imitando-te desse modo, mostram que és o criador do universo e, portanto, que não há para onde nos possamos afastar totalmente de ti.

Tão cegos são os homens, que chegam a gloriar-se da própria cegueira!

O mal é apenas privação do bem, privação esta que chega ao nada absoluto.

Deus é espírito e que não possui membros com medidas de comprimento e largura; nem é matéria, porque a matéria é menor em sua parte que no seu todo. Ainda que a matéria fosse infinita, seria menor em alguma de suas partes, limitada por certo espaço, do que na sua infinitude; nem se concentra toda inteira em qualquer parte, como o espírito, como Deus.

Senhor nosso Deus, faze que sejamos cheios de esperança à sombra de tuas asas, e dá-nos proteção e apoio. Tu nos sustentarás desde pequenos e até o tempo dos cabelos brancos, pois a nossa firmeza é firmeza quando se apóia em ti, mas é fraqueza quando se apóia em nós.

Afastem-se, fujam de ti os revoltados e os maus. Tu os vês e lhes distingues as sombras: o universo com eles é belo, embora sejam feios e disformes! Mas, que mal puderam fazer-te? Como puderam desonrar-te o reino, puro e santo, desde o mais alto dos céus às últimas extremidades da terra? Para onde fugiram, ao fugirem de tua face?
Em que lugar não os podes encontrar? Fugiram para não verem teu olhar a observá-los, ofuscados, e para esbarrarem contigo ? pois não abandonas as tuas criaturas; ? sim, para esbarrarem contigo e serem com justiça punidos. Quiseram fugir de tua bondade, e esbarraram na tua justiça, e incidiram na tua severidade. Evidentemente não sabem que estás em toda parte, que nenhum espaço te encerra, e que somente tu sempre estás presente, mesmo àqueles que se afastam de ti. Que voltem atrás e te procurem, porque não abandonas as tuas criaturas, como estas abandonam o Criador.

? Ciência humana e fé divina

Senhor, Deus da verdade, será suficiente conhecer essas coisas para te agradar?
Infeliz o homem que conhece tudo isso e não te conhece. Feliz aquele que te conhece, ainda que ignore o resto. Aquele que te conhece a ti e também as outras coisas, não é mais feliz por esse conhecimento, mas somente por conhecer a ti, e conhecendo-te, te glorifica pelo que és, e te rende graças, e não se perde em vãs reflexões. De fato, aquele que se reconhece possuidor de uma árvore e te é grato pelo uso que dela pode fazer, ainda que não saiba qual a altura ou largura dela, é melhor do que aquele que a mede, lhe conta os galhos, mas não a possui e não conhece nem ama o criador dela. Do mesmo modo, a pessoa de fé possui todas as riquezas do mundo e, mesmo que nada tenha, é como quem tudo possui, pois está unida a ti, Senhor de todas as coisas, pouco importando se nada sabe sobre o percurso da Ursa Maior! Seria loucura duvidar de que está em melhor situação do que aquele que sabe medir os céus, contar as estrelas e pesar os elementos, e no entanto despreza a ti, que tudo dispuseste com medida, quantidade e peso.

Entretanto, a febre aumentava, e eu ia morrer em perdição. De fato, morrendo, então para onde iria eu, senão para o fogo e para as penas estabelecidas por tua lei para um comportamento semelhante ao meu? (...)

Mas não permitiste, naquela condição de pecado, que eu sofresse as duas mortes: o coração de minha mãe receberia um golpe, do qual não se recuperaria jamais. Não é fácil explicar o que ela sentia por mim: sofria muito mais agora ao dar-me à luz pelo espírito, do que quando sofreu as dores do parto natural.
Não vejo como ela se recuperaria, se a minha morte, ocorrida em tais condições, tivesse ferido as entranhas do seu amor. E assim, para onde teriam ido tantas orações, tão constante e ininterruptas, senão para junto de ti? Tu, ó Deus de misericórdia, não podias desprezar ?o coração contrito e humilhado? de uma viúva pura e modesta, fiel nas esmolas e devota servidora de teus santos, que não deixava passar um dia sem apresentar ao altar a sua oferta, que duas vezes por dia, pela manhã e pela tarde, ia à igreja, não para inúteis tagarelices, conforme o costume de certas senhoras, mas para ouvir tua palavra e fazer-se ouvida por ti em suas orações.
Ela era assim por graça tua: poderias, acaso, recusar ajudá-la, não te importando com aquelas suas lágrimas, que não te pediam nem ouro, nem prata, nem outros bens frágeis e passageiros, senão apenas a salvação de seu filho? Certamente não, Senhor. Pelo contrário, estavas a seu lado e escutavas, realizando teu plano preestabelecido.

A salvação está longe dos ímpios. Eu era um deles, ainda que estivesse me aproximando dela paulatinamente e sem o perceber.

Chorava por mim como se estivesse morto, porém morto destinado à ressurreição, e me oferecia a ti no esquife do pensamento, a fim de que dissesses ao filho da viúva: ?Jovem, eu te ordeno, levanta-te?, para que ele revivesse e começasse a falar, e tu o entregasses à sua mãe. Assim, o coração não lhe estremeceu de tumultuada alegria ao ouvir que já havia acontecido em grande parte o que todos os dias ela te pedia chorando: eu ainda não chegara à verdade, mas já estava libertado do erro. Mas como estava certa de que realizarias o resto, pois tudo lhe havias prometido, respondeu-me com toda a tranquilidade e com o coração cheio de confiança, que em Cristo ela ainda esperava, antes de morrer, ver-me autêntico católico. Esta é a resposta que me deu. Mas a ti, fonte de misericórdia, ela aumentava cada vez mais as súplicas e lágrimas, a fim de que apressasses o teu auxílio e iluminasses as minhas trevas.

A vida é infelicidade, a hora da morte é incerta. Esta surge de repente: e eu, em que condições deixarei este mundo? Onde poderei aprender o que nesta vida negligenciei saber? Não terei antes que pagar com duras penas essa negligência?

Deus não realizaria para nós tantas maravilhas, se com a morte do corpo acabasse também a vida da alma. Por que não me decido então a abandonar as esperanças do mundo para dedicar-me inteiramente à busca de Deus e da verdadeira felicidade?

(...) tu o terias concedido a mim, se meus gemidos te houvessem ferido os ouvidos; se eu houvesse lançado aos teus pés, com extrema confiança, todas as minhas angústias.

Entendíamos que, diante da sincera amizade que nos unia, nada deveria pertencer a este ou àquele. Tudo deveria ser de todos e de cada um.

(...) muitos eram os nossos planos, mas o teu plano permanece eternamente. De fato, rias de nossas resoluções e preparavas as tuas, aguardando o momento oportuno para dar-nos o alimento e abrires a mão para saciar-nos com tuas bênçãos.

Ai do homem temerário que, afastando-se de ti, pensa encontrar algo bem melhor! Quer se volte ou revire para trás, para os lados ou para a frente, todas as posições lhe são incômodas, pois só em ti acha tranqüilidade. Mas eis que estás aqui, e nos libertas dos erros deploráveis, nos confortas e nos conduzes por teus caminhos, dizendo-nos: Correi, eu vos sustentarei, e vos conduzirei até o fim, e aí vos hei de manter.

Continuava a me perguntar: ?Mas quem me criou? Não foi o meu Deus, que não somente é bom, mas é ele a própria bondade? Como explicar que a minha vontade tenda para o mal e não para o bem? Será isso talvez uma punição justa? Quem plantou em mim esses germes de sofrimento e os alimentou, uma vez que sou criatura do meu Deus que é cheio de amor? Se foi o diabo, de onde vem ele? Se também ele se tornou diabo por sua própria vontade perversa, ele que era um anjo bom inteiramente criado por um Deus de bondade, de onde lhe veio essa vontade má que o tornou diabo??
E eu ficava novamente deprimido diante de tais reflexões, e sentia-me sufocado, mas de modo algum arrastado àquele inferno do erro, ?em que ninguém te confessa?, preferindo crer que estás sujeito ao mal a considerar o homem capaz de cometê-lo.

O poder e a vontade de Deus são o próprio Deus.
Para ti, que tudo conheces, existe acaso algo imprevisto? Enfim, nenhum ser existe, senão enquanto o conheces. Mas por que gastar tantas palavras para demonstrar que Deus não é substância corruptível, quando, se o fosse, já não seria Deus?

Assim imaginava eu a tua criação, limitada, mas cheia de ti, que és infinito. E dizia: ?Eis Deus, e eis as suas criaturas. Deus é bom, poderosíssimo e imensamente superior a elas. Sendo bom, criou coisas boas, e assim as envolve e completa. Mas então onde está o mal, de onde veio e como conseguiu penetrar? Qual a sua raiz, qual a sua semente? Ou talvez não exista?

Mas de onde vem o mal, se Deus é bom e fez boas todas as criaturas?
Ele é certamente o sumo bem, e as criaturas são bens menores. Mas, criador e criaturas, todos são bons. De onde então vem o mal? Porventura da matéria que ele usou? Haveria nela algo de mal, e Deus, ao dar-lhe forma e ordem, teria deixado algo por transformar em bem? E por que teria procedido dessa maneira? O Onipotente teria sido impotente para convertê-la, de modo que nela não permanecesse mal nenhum? Enfim, por que empregou essa matéria, ao invés de usar sua onipotência para reduzi-la ao nada?
Poderia ela existir contra a vontade dele? E se era eterna, por que a deixou subsistir nesse estado por um tempo infinito, para só depois decidir fazer uso dela? Ou se a decisão de agir foi repentina, por que sua onipotência não a reduziu ao nada, para que subsistisse apenas ele, verdadeiro, sumo e infinito bem? Ou se não era bom que a Bondade deixasse de realizar coisas boas por que não aniquilou a matéria má reduzindo-a ao nada, estabelecendo outra que fosse boa e com ela criando todas as coisas? Que onipotência era a sua, se não podia criar algo de bom sem o auxílio de matéria não criada por ele??

Somente tu conhecias os meus sofrimentos; ninguém mais.

E procurando o que era a iniquidade compreendi que ela não é uma substância existente em si, mas a perversão da vontade que, ao afastar-se do Ser supremo, que és tu, ó Deus, se volta para as criaturas inferiores; e, esvaziando-se por dentro, pavoneia-se exteriormente.

Era realmente necessário que houvesse heresias, a fim de que os firmes na fé se distinguissem dos fracos.

De fato, que possui o homem que não tenha recebido?

O general celebra o triunfo que alcançou. Mas não teria alcançado a vitória se não tivesse combatido, e quanto maior o perigo enfrentado na batalha, tanto maior a alegria do triunfo.

Não há prazer no comer e no beber, se não for precedido pelo mal-estar da fome e da sede.

Nunca nos abandonaste e, no entanto, sentimos dificuldade em retornar para ti.

Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte, senão a tua graça, median-te o Senhor nosso, Jesus Cristo?

? Sentido de uma confissão, não só do passado, mas do presente

Mas por que deveriam os homens ouvir minhas confissões, como se a eles coubesse curar minhas enfermidades? Curiosos de conhecer a vida alheia, são indolentes em corrigir a própria. E por que desejam saber de mim quem sou, quando não se interessam em ouvir de ti quem são?
E como poderiam estar certos de que digo a verdade ao falar de mim mesmo, quando homem algum conhece o que se passa no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Se de ti eles ouvem falar de si mesmo, não poderão dizer: ?O Senhor é falso?. Que vem a ser, de fato, ouvir falar de si, senão conhecer-se a si mesmo? E quem, depois de se conhecer a si mesmo, consegue dizer sem mentir: é falso? E como a ?caridade tudo crê?, ao menos entre aqueles que ela unifica unindo-os a si mesma, também eu, Senhor, te faço esta confissão, para que os homens a ouçam. Não posso provar a sinceridade da minha confissão, mas acreditarão em mim aqueles cujos ouvidos se me abram pela caridade.

? Na memória estão também os sentimentos da alma

Essa mesma memória contém ainda os sentimentos da alma, não do modo como o espírito sente no momento em que os experimenta, mas de maneira diferente, de acordo com o poder da própria memória. De fato, recordo-me de ter estado alegre, ainda que não o esteja neste momento, e lembro-me das minhas tristezas passadas, sem estar agora triste. Recordo-me de ter sentido às vezes medo, sem experimentá-lo agora, e me vem à mente um antigo desejo, sem que o sinta agora. Pelo contrário, acontece-me recordar a tristeza passada num momento de alegria, num momento triste recordar uma alegria.
Tratando-se do corpo, isso não deve causar espanto, pois alma e corpo são coisas diferentes. Por isso, não é de admirar que eu recorde com alegria uma dor do corpo já passada. No entanto, a memória também é espírito. De fato, quando recomendamos a alguém que grave algo na memória, dizemos: ?Vê lá, grava-o bem no teu espírito?. E se nos esquecemos, dizemos: ?Não conservei no espírito?; ou ainda: ?Fugiu-me do espírito?, assim, chamamos justamente a memória de espírito. Sendo assim, por que será que, evocando com alegria uma tristeza passada, a alma contém a alegria, e a memória contém a tristeza? Se o espírito está alegre contendo em si a alegria, por que a memória, que também contém a tristeza, não está triste? Será que a memória não faz parte da alma? Quem ousará afirmá-lo? O fato é que a memória é, por assim dizer, o estômago da alma. A alegria e a tristeza são como alimento, que ora é doce, ora é amargo. Quando tais emoções são confiadas à memória, podem ser aí despertadas como num estômago, mas perdem o sabor. Seria ridículo querer comparar sentimentos com alimentos; no entanto, não são completamente diferentes.

? A memória se lembra do esquecimento

Quando falo do esquecimento, e sei aquilo que nomeio, como poderia reconhecê-lo, se dele não me lembrasse? E não falo do som da palavra em si, mas da realidade que esta significa. Se eu a tivesse esquecido, não seria certamente capaz de reconhecer o que significa esse som. Portanto, quando me lembro da memória, é a própria memória que se apresenta a mim. Quando, pelo contrário, me lembro do esquecimento, tanto a memória como o esquecimento vêm à minha presença. A primeira é o meio pelo qual recordo; a segunda é o objeto que recordo. Mas o que é o esquecimento senão a privação da memória? E como pode estar presente, para que eu o recorde, se quando está presente não posso recordar? O que recordamos está guardado na memória, e se não nos lembrássemos do esquecimento, não poderíamos nem mesmo reconhecer o que significa esta palavra ao ser pronunciada, e isto quer dizer que a memória retém o esquecimento.
Assim, a presença do esquecimento faz com que não o esqueçamos, mas, quando está presente, nos esquecemos. Será que devemos concluir daí que o esquecimento não está presente na memória quando o recordamos, mas apenas a sua imagem, pois, se ele mesmo estivesse presente, não nos faria recordar e sim esquecer? Quem conseguirá penetrar nisso? Quem compreenderá como isto sucede?

? ?Tarde te amei! . . .?

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.

? O conceito de tempo

Não houve portanto um tempo em que nada fizeste, porque o próprio tempo foi feito por ti. E não há um tempo eterno contigo, porque tu és estável, e se o tempo fosse estável não seria tempo.
O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem poderia captar o seu conceito, para exprimi-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos ? passado e futuro, ? uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir.

O mistério da profecia

Dize-nos, pois, ó Rei da criação, de que maneira mostras às almas os fatos futuros?
De fato os mostraste aos teus profetas. Senhor, de que modo ensinas as coisas futuras, tu, para quem não existe futuro? Ou antes, como ensinas a eles o que há de presente nos acontecimentos futuros já que não existe aquilo que não pode ser mostrado? Esse teu modo de agir está longe da minha capacidade de entender; transcende as minhas forças, não o posso atingir. Com a tua força, o poderia, quando a concederes a mim, ó doce luz dos olhos de minha alma!

Meu desejo é conhecer o valor e a natureza do tempo, com o qual medimos os movimentos dos corpos, e dizemos, por exemplo, que um movimento é, quanto ao tempo, duas vezes mais longo do que outro. É isto que desejo saber: denominamos dia, não somente o período de tempo que o sol está sobre a terra, e que dá origem à distinção entre dia e noite, mas também ao giro completo de oriente a oriente, pelo qual dizemos:
?Passaram-se tantos dias?. E como compreendemos por dia também as respectivas noites, sem excluí-las. Ora, se o dia se completa pelo movimento de rotação do sol de oriente a oriente, procuro saber se o dia é o próprio movimento ou o intervalo de tempo durante o qual esse movimento realiza, ou as duas coisas. Se o dia fosse o movimento do sol, teríamos um dia, mesmo se o sol completasse aquele seu percurso no intervalo de uma hora. Se a duração do percurso do sol constituísse o dia, não haveria um dia se o intervalo entre um nascer a outro do sol durasse apenas uma hora. Seria preciso que o sol desse vinte e quatro voltas para completar um dia. Se um dia consistisse no movimento do sol e na duração desse movimento, não se poderia chamar de dia ao giro do sol que se completasse em uma hora, nem, na hipótese de o sol parar, ao espaço de tempo que ele utiliza hoje para percorrer o circuito habitual de uma a outra manhã.
Portanto, não me pergunto mais o que seja o dia, e sim o tempo, este tempo com o qual medimos o movimento de rotação do sol. Assim poderíamos dizer que tal movimento foi completado em um tempo que é a metade do habitual, se executado em doze horas.
Comparando as duas durações, diremos que uma é simples e a outra é dupla, ainda que o sol empregasse, de um nascer a outro, às vezes o tempo simples, outras vezes o tempo duplo. Portanto, ninguém me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes.
Porque, quando o sol parou a pedido de um homem para que pudesse concluir vitoriosamente uma batalha, o sol estava parado, mas o tempo continuava a passar. Com efeito, aquela batalha foi conduzida a termo no espaço de tempo que lhe era suficiente.
Vejo portanto que o tempo é uma espécie de extensão. Será que o percebo realmente, ou tenho a ilusão de viver? Mostra-me tu, ó Luz, ó Verdade.

(...) temos a tua promessa, e quem a destruirá? ?Se Deus está conosco, quem será contra nós? Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra, e a quem bate lhe será aberta a porta?. São promessas tuas. Quem temerá ser enganado, se a própria Verdade é quem promete?

Que são as ?trevas? e o ?abismo?

Nossa terra era invisível e confusa, um profundo e impenetrável abismo onde não havia luz, pois não tinha forma. Por isso ordenaste que se escrevesse: ?As trevas cobriam o abismo?. Que significa isso, senão a falta de luz? Com efeito, se a luz existisse, onde poderia ela estar, senão acima de todas as coisas, para iluminar do alto? Onde não havia luz, que significavam as trevas, senão ausência de luz? As trevas reinavam sobre o abismo, porque sobre ele faltava a luz, do mesmo modo que reina o silêncio onde não há som. A existência do silêncio indica a inexistência do som. Não ensinaste, Senhor, a esta alma que te fala, não me ensinaste, Senhor, que antes de esta matéria informe receber de ti forma e ordem, nada existia, nem cor, nem figura, nem corpo, nem espírito? Não era, porém, um nada absoluto. Era apenas a massa informe, sem nenhuma aparência exterior.

Tanto mais longe estão de ti, quanto mais diferem de ti. Com efeito, aqui não se trata de distância espacial.
Portanto tu, Senhor, não és aqui uma coisa, e ali outra. Tu és sempre, sempre, sempre o mesmo, ?santo, santo, santo, Senhor Deus onipotente?.
Vladi 20/09/2022minha estante
A história de conversão de Agostinho descrita em suas confissões é das coisas mais lindas e inspiradoras que eu já li.


Alane.Sthefany 20/09/2022minha estante
Vladi,

Sim, demorei tanto para ler esse clássico, grande exemplo de vida ??
A forma que a mãe dele não cessava de interceder pela conversão do filho, que exemplo também de mulher, mãe e cristã.
Eu amei e pretendo ler outras obras dele ??


Mateusin 25/09/2022minha estante
Gostaria apenas de parabeniza-la, uma resenha/descrição fantástica. Demonstra que você realmente gosta desse lindo hábito, que neste caso não é somente a leitura mas sim o bom gosto. Reitero meus parabéns e obrigado por compartilhar sua opinião.


Alane.Sthefany 25/09/2022minha estante
Aahh, muito obrigado !!!
Fico feliz pelas suas palavras ?


LeandroBurla 02/11/2022minha estante
Santo Agostinho sempre sábio.


Pittspin 09/09/2023minha estante
Quero lê




@aprendilendo_ 17/06/2020

Resenha de Confissões de Santo Agostinho
A confissão é uma importante prática da igreja católica a qual consiste na expressa revelação de nossos pecados e erros ao padre para, dessa forma, sermos perdoados por Deus. Como sou e cresci em uma família de religião protestante, nunca tive um contato direto com tal ato. Apesar disso, desde a infância tal ideia sempre pareceu-me intrigante e de certa forma, assustadora. A simples ponderação sobre a possibilidade de abrir todos ou parte dos meus piores pensamentos realmente me causa calafrios. Nesse sentido, Agostinho de Hipona leva a atitude de reconciliação ao máximo quando, em sua obra intitulada Confissões, faz a primeira autobiografia do ocidente e a preenche de seus remorsos sobre incredulidades, depravações e arrogâncias em seu caminho até conhecer Deus.

Contextualizando, a obra foi escrita entre 397 e 400 depois de Cristo. Na época, Agostinho, nascido no norte da África, tinha cerca de 40 anos. O livro, basicamente, conta a história do teólogo de seu nascimento até sua conversão aos 33 anos de idade. A escrita constrói-se através de 13 livros somando ao todo 414 páginas. Ela pode ser dividida em duas partes, a biográfica ( livro I ao IX) e a teológica ( livro X ao XIII) em si com cerca de 254 paginas para a primeira e 140 para a segunda.

Do início ao fim entendemos o porquê do pensador cristão ser tão citado e influente ainda nos dias de hoje. Presenciamos seu caminho, da religião maniqueísta à católica, seus relacionamentos com amigos, professores e a forte influência de sua mãe em sua vida. Com uma escrita poética e pensamentos densos de um homem a frente de seu tempo, Agostinho consegue passar pela própria história com um singular atributo de analogias sobre cada etapa e momento até a conversão. Logo, a obra não contém apenas os fatos, na verdade, eles quase tornam-se coadjuvantes das reflexões conjecturadas. Nesse contexto, o autor, apesar de expressar sua confissão de forma pública, a escreve diretamente para Deus, essa atitude, como consequência, faz do livro muito mais que uma confissão, uma oração. Portanto, presenciamos a todo momento uma conversa entre criador e criatura e as conclusões tiradas de tantos questionamentos.

“ Tu vês o tremor de meu coração em todos esses perigos e lutas e em outros desse tipo, e sinto que tu saras mais constantemente minhas feridas do que eu deixo de infligi-las.”

Na segunda parte o escritor, como já dito, deixa os acontecimentos de sua vida e passa a discorrer sobre as ponderações teológicas quanto ao início de tudo e suas abrangências como o tempo a matéria e o ser humano. Aqui, cabe ressaltar talvez um dos maiores entraves para uma leitura amena. Por se tratar de uma obra dos primeiros séculos e de um autor tão genial o qual não se abstêm de entregar todas as suas confissões e crenças, a escrita é enfaticamente complexa, podendo deixar o leitor muitas vezes perdidos em meio a prolongados pensamentos e difíceis conclusões capazes de obrigar a releitura da parte algumas vezes. Essa característica segue todo o livro e na primeira parte consegue tornar-se mais confortável com o tempo. A segunda, entretanto, sobrepesa as dúvidas e incertezas do autor podendo tornar o livro um pouco pesado no final, mas com certeza não menos impressionante.


Confissões é um dos maiores clássicos da literatura mundial, sendo recomendado não só aos cristãos mas àqueles em busca de uma sincera leitura sobre um homem e seu maior amor e propósito de vida. E dentre os muitos motivos, apesar de discreto, talvez esse seja o principal, o pensador demonstra-se um convicto cristão o qual busca com todas as suas forças aproximar-se cada vez mais de sua luz e isso, essa determinação é rara em qualquer homem de qualquer tempo. Humano, fiel, complexo, cristão, incrível, esses são alguns dos elogios para a tão necessária obra de Agostinho de Hipona.

Para mais resenhas, acesse: aprendilendo.com.br

site: https://www.aprendilendo.com.br/post/resenha-de-confiss%C3%B5es-de-santo-agostinho
almeidalewis 18/06/2020minha estante
Muito boa a explicação ?????.mesmo depois de adquirir as confissões em 2001 só vim a ter determinação e motivação de ler ele em 2004 olhando para trás hoje vejo que foi bom amadureci mais antes de me aventurar por ela.se tornou um livro que quase sempre revejo alguma citação, pensamento e oi conclusão de Agostinho,adoro essa questão da interioridade que ele explanou.mantenho ele perto da minha confissão ( Leon tostoy ) que é tb uma obra maravilhosa.valeu Pedro mais uma vez pela sua esmera contribuição para nós aqui do Skoob.


@aprendilendo_ 18/06/2020minha estante
Realmente, se Deus quiser pretendo revisitar essa obra diversas vezes durante os anos. Muito obrigado, amigo. Como já disse, é sempre muito bom receber um feedback de alguém tão apaixonado pelo tema.


almeidalewis 18/06/2020minha estante
Já assistiu o filme dele ( bem interessante tb o encontro dele com santo Ambrósio...a luta da mãe dele...o encontro dele com macrobio com o maniqueísmo etc ) enfim eu gostei muito do filme tb.um abraço querido


@aprendilendo_ 18/06/2020minha estante
Ainda não, mas pretendo assistir em breve, parece mesmo ser interessante, abraços.


beatriz.libanio 20/06/2020minha estante
É um livro muito dificil de se ler? Queria começar a ler os clássicos da igreja católica mas ainda não se dou conta da linguagem.


@aprendilendo_ 21/06/2020minha estante
Olha, pessoalmente,eu tive dificuldades de nível alto para ler ele, tanto que até parei por um tempo na época de provas. Agora, se você está interessada, te garanto que o conteúdo não decepciona em nenhum aspecto e um desafio é sempre muito bom. Se você estiver disposta a reler algumas partes e ficar confusa de vez em quando, recomendo de olhos fechados.


beatriz.libanio 21/06/2020minha estante
Bom saber, acho qur vou me preparar um pouco mais antes de mergulhar nessa obra. Obrigada!


@aprendilendo_ 21/06/2020minha estante
E uma dica pessoal, a linguagem, por ser como se uma oração, aparenta-se muito com poemas e declamações. Caso você já esteja familiarizada com tal linguajar mais enfeitado e indireto, talvez você não sinta tanta dificuldade.


almeidalewis 21/06/2020minha estante
Realmente ele não é um livro fácil de se ler, porém depois de lido nunca mais esquecido!?? Até hj guardo versos em minhas memórias. Tem um filme sobre ele que pode abrir mais o leque e o entendimento sobre confissões e tb tem um podcast literário que debate o livro dele. Essas duas recomendações não invalidam oi diminui o livro pelo contrário adiciona e nossas observações ficam mais abertas ??. Eu passei 3 anos ( adquiri e deixei lá abandonado) para conseguir me determinar a lê ele, mas valeu muito, muito a pena ???. O tempo apenas me amadureceu. Lhe desejo uma ótima leitura ???


beatriz.libanio 21/06/2020minha estante
Obrigada !


Leticia Rosa 22/06/2020minha estante
Ótima resenha??
Só aumento minha curiosidade em ler essa é obra.


@aprendilendo_ 22/06/2020minha estante
Muito obrigado!


Biel 01/07/2020minha estante
Obrigado por essa resenha tão completa! Sem dúvidas, aguçou minha curiosidade em relação à essa obra.


@aprendilendo_ 01/07/2020minha estante
Muito obrigado!


JoAo.Eduardo 19/11/2020minha estante
Que resenha...que Deus abençoe ???????


@aprendilendo_ 19/11/2020minha estante
Muito obrigado!


Supriano 23/06/2021minha estante
vou começar hoje...ótima explicação ?


L M C 06/06/2022minha estante
Nunca vi tanto ponto de interrogação na minha vida. KKKKKKKKKKKKKKKKK




Claire Scorzi 26/05/2021

Teologia Verdadeira Gera Doxologia
Agostinho de Hipona (354 - 430) foi um dos maiores teólogos do Cristianismo. Espécie de unanimidade entre católicos e protestantes, seu pensamento é assombroso porque perspicaz, original, fruto de profundo interesse nas coisas de Deus - e sendo assim, um pensamento focado nEle, que começa na inquirição dirigida ao Senhor e parte daí para fascinantes ideias que mesclam teologia e filosofia.
Em Confissões, Agostinho nos dá uma autobiografia diferente: é uma autobiografia que se confessa a Deus, que fala a Ele, todo o tempo, numa união de sinceridade e doxologia.
Falei em doxologia; procede, pois é quase impossível o cristão ir lendo "Confissões" sem ser levado ao louvor; diante das investigações agostinianas, que exaltam Deus enquanto o interrogam acerca das Suas maravilhas, É difícil também não chorar em certas passagens; Agostinho, apaixonado por seu Senhor e tão cônscio das próprias falhas, gera em nós a mesma humildade; a compreensão de quanto somos pequenos, miseravelmente pequenos e, contudo, tão amados por Aquele que é infinitamente maior do que nós.
"Dai-Vos a mim, ó meu Deus, entregai-Vos a mim. Eu amo-Vos e, se é ainda pouco, fazei que Vos ame com mais força. Não posso avaliar quanto amor me falta para ter o suficiente a fim de a minha vida correr para o vosso regaço e não sair dele..." (pág. 382).
Georgeton.Leal 26/05/2021minha estante
Esse está na minha próxima lista de aquisições. Agostinho é indispensável


Kelly Oliveira Barbosa 26/05/2021minha estante
Quero reler. Confissões foi uma experiência maravilhosa na minha vida.


LER ETERNO PRAZER 27/05/2021minha estante
Finalizei sua leitura essa semana! E foi uma leitura que me trouxe ótimas reflexões!


Claire Scorzi 27/05/2021minha estante
Que bom ver tantos terem esse encontro - ou a caminho de tê-lo - com Agostinho. A releitura fez-me um bem imenso. Recomendo demais ^^


Gessy 29/05/2021minha estante
Eu amo esse livro.


Claire Scorzi 29/05/2021minha estante
Tendo relido - ele passou com louvor no teste da releitura - digo o mesmo, de coração ^^


Biel 04/06/2021minha estante
Estou lendo e compartilho da mesma opinião com você. Lindo demais esse livro!




Joane 01/12/2022

"GIGANTE, ESSE AQUI É GIGANTE" livro perfeito, na minha humilde opinião
Das leituras necessárias para esse ano e para minha vida, esse livro é importante. Demorei bastante para concluir, e valeu muito a pena essa caminhada lendo ele. Não é de uma linguagem tão fácil, mas também não é lá tão dificil, o que é incrivel já que foi redigido há milhares séculos atrás e traduzido em latim, ainda por cima. Foram tantas marcações e tantas palavras trazidas ao meu coração por este Santo. Esse livro exigiu mais de minha atenção e isso foi maravilhoso, e que ainda será melhor em próximas releituras. Há tanto sobre este livro que eu amei tanto, e trouxe um impacto forte e foi um dos primeiros a fazer isso e vai ficar marcado na minha história.
Graças a Deus, eu pude ter a oportunidade de lê-lo.
Zero defeitos definitivamente para esse. Foi feito com entrega a Deus, humildemente perfeito
Tiago 02/12/2022minha estante
Esse livro é tudo isso mesmo que vc disse. Olha eu comecei a ler ele eu estava começando a ficar maravilhado com ele, mas vi que estava perdendo algumas reflexões. Daí como eu estava iniciando a hábito da leitura, parei de ler e me programei pra deixar pra ler no momento que eu estaria mais preparado intelectualmente, pois quero aproveitar muito essa leitura. Quero o ler em breve.


Joane 22/12/2022minha estante
Que ótimo! Se achou necessário, creio que será muito melhor quando chegar a vez de se dedicar a este livro e vai trazer algo muito bom e que a experiência seja o mais esplêndida possível, leve o tempo necessário. Esse vale muito a pena toda sua dedicação para melhor compreensão




Maurino 08/07/2011

A caminhada da libertação.
Não, em absoluto, não se trata das reflexões superlativamente emocionais de um moralista pedante, como eu tinha ouvido dizer. Agostinho tem um problema genuíno: procurar a Deus. E procurando o que ama, quando O ama, não encontrou nada extra memoriam. Podemos vê-lo em seu estilo, a forma pela qual se exprime literariamente, ao explicar-se quanto ao que significa confessar-se diante de Deus. Encontrar a beata vita pressupõe já tê-la, em essência, na memória – a memória de Deus. E é experienciando-a que o homem conquista as virtualidades de sua humanidade. Tal qual o mito da reminiscência, em Platão, a Verdade de Deus é o não-esquecido, a-létheia - todavia, embora Platão e Agostinho tivessem pensado a Idéia de modos distintos pensaram, contudo, o mesmo, pois só o diverso pode ser igual. Em suma, o presente não passaria se ele não fosse, ao mesmo tempo, passado e presente. Assim, como procurar a Deus se ele já não estiveste aqui, para mim, no presente, como passado puro, a priori? O conhecimento interior que cada um de nós tem em si mesmo inclui o que cada um exprime quando diz “eu sou”. Ora, ao mesmo tempo em que Deus ultrapassa a alma é vivendo nele que eu o encontro e encontro a mim mesmo: “que me conheça a mim, que Te conheça a Ti, Deus” – eis o “cogito” agostiniano. Esse livro é incrível
Renata CCS 21/01/2013minha estante
Gostei muito de sua resenha. Fiquei interessada em ler este livro.


Edvander 23/09/2015minha estante
Muito boa a sua resenha! A questão do essencialismo e do "existencialismo" (a confirmação da essência na vida a partir da "existência em Deus") é sim um assunto em Agostinho. Não sou propriamente um agostiniano, mas esse cara deu uma rica e bela contribuição para o pensamento ocidental.


Denise 11/03/2018minha estante
Parabéns pela resenha! Uma beleza! Claramente demonstra uma pessoa de elevado nível cultural! Adorei o fato de ter comparado Agostinho a Platão e ambas as "teses". Muito esclarecedor sobre o que encontraremos ao ler esse livro. Um ótimo auxílio para os demais leitores.




Juliana2813 17/02/2023

Genial ??
Em formato de confissões literalmente, Agostinho conta nesse livro a sua história de vida, em meio a orações, louvores e reflexões. Eu achei a leitura bastante fluida na maior parte do livro, e muito cativante! Só no final achei que a leitura ficou um pouco mais difícil pq ele faz umas reflexões muito complexas e abstratas.
almeidalewis 19/02/2023minha estante
Sim, ???????




Gustavo 29/05/2022

(5/12)
Então, esse é um dos livros que eu contabilizo para o meu desafio de 12 livros para 12 meses do ano em 2022.

E eu tinha começado essa leitura mês passado, já que eu tinha o livro físico aqui em casa e no mês de Março, eu tinha adiantado duas leituras do meu desafio dos 12 meses.
Basicamente, eu queria muito muito mesmo saber sobre o pensamento do Agostinho. E Agostinho era um cara muito prolixo, ele não ia bem no ENEM.

É um livro bastante chato e não só porque ele é um livro filosófico. Eu mesmo já li outros livros filosóficos e livros mais técnicos que não me faziam querer dormir no ponto.

Basicamente Confissões são cartas, quase como um diário do Agostinho em que ele coloca alguns delírios, reflexões e algumas vezes até parte do próprio cotidiano para contextualizar um pensamento que o próprio tinha acerca de algum assunto.
Como um amante de filosofia, algumas dessas reflexões são super interessantes, eu confesso que fiquei viajando e pensando por horas em uma das máximas dele sobre o tempo.

Ele diz assim: "Pois esses três, de fato, existem na alma, mas não podem ser vistos de outra forma. O presente do passado é a memória; o presente do presente é a visão; o presente do futuro é a expectativa".

Mas, alguns outros pensamentos que o Agostinho tem que eu realmente acho detestáveis. Principalmente quando a gente fala sobre a submissão da mulher dentro de um relacionamento. Basicamente o Agostinho fala que uma mulher não deve irar o marido, ela tem que ser submissa e aguentar os abacaxis. E não pode de maneira alguma levantar ou responder o marido, porque haverão consequências. Ou seja, se uma mulher apanhar do marido, a culpa não é do marido, é da mulher que contestou o seu local, enquanto ser submisso dentro de um relacionamento.

E eu sei que dizer isso é cometer uma espécie de anacronismo, já que os nossos valores e as nossas réguas morais de hoje são diferentes do tempo dele. Então, é sempre bom verificar o tempo e a sociedade que estamos inseridos, para poder ter uma abordagem crítica. Mas, isso também diz que nenhum livro, seja ele um livro sagrado, não sagrado, dito sagrado ou "pagão", deva ser levado como régua moral e ética ao pé da letra já que a nossa vida e a nossa sociedade avança. É óbvio que toda leitura é válida, principalmente, para termos uma ideia do pensamento e do contexto da época. Mas, querer pautar sociedades em cima de livros sem que antes passe na peneira de abordagens críticas vendo como a nossa sociedade se comporta para como ela se comportava é de suma importância para que não cometamos os mesmos erros de antes.

Enfim, é isso.

Nota: 2/5
Cazuz0 31/05/2022minha estante
Bela resenha!! ??


Matheus_Lago 22/03/2023minha estante
A resenha parece certeira mas parte de uma postura iluminista de visão superior e exterior da sociedade e do ser humano, ou seja, uma visão arrogante e petulante.
Dizer que a Sociedade avança não quer dizer nada, avança pra onde? Sob qual referencial? Meio paradoxal, não?
Porque a ciência e tecnologia evoluem, não quer dizer que o ser humano enquanto humano também o faça. As mesmas questões filosóficas do passado continuam até hoje.




Miso Porto 15/12/2021

Leitura incrível.
Pra começar, recomendo a leitura da obra por essa versão, da Paulus. A editora tornou o texto mais fluido e agradável.
Santo Agostinho narra seu processo de conversão ao longo da vida e traz uma série de reflexões muito úteis para os cristãos, mas também para qualquer pessoa que deseje aprender um pouco mais sobre o processo do autoconhecimento.
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anoca 29/03/2021

é inútil resenhar clássicos pq ta todo mundo careca de elogiá-los, mas eu gostaria de apontar que é uma excelente obra para quem está no processo de conversão e para quem sofre de escrúpulo.
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Richard@1295 17/01/2021

Enriquecedor!
Repleto de reflexões profundas e uma forma única de escrita, Agostinho literalmente apresenta suas confissões a Deus através de uma oração direta a Ele. (Me lembra bastante dos Salmos bíblicos em que o autor eleva seus pensamentos ao Criador e começa a adorá-lo através da sua escrita e por incrível que pareça através da sua filosofia)
Nesse livro também encontramos uma boa parte da biografia do bispo de Hipona, contando de sua relação com a família, a igreja e principalmente com Deus.
Confesso que levei mais tempo para terminar o livro do que esperava, em determinados momentos a linguagem usada é um pouco lenta e o texto nao corre conforme estamos acustumados, mas o conteúdo é enriquecedor, fantástica visão de mundo, e conhecimentos que vou levar pra vida. Se você quer aprender mais sobre a soberania de Deus, sobre os aspectos da criação, o problema do mal e a representação de Deus através do tempo, essa é uma excelente pedida pra você!
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Gui Fernandes 13/04/2021

Não passe dessa vida pra outra sem ler essa obra.
Livros 1 ao 9: Agostinho confessa seus pecados desde a infância e conta sobre toda sua vida até a conversão.

Livros 10 ao 13: Aborda diversos temas, com uma perspectiva mais filosófica/teológica ( tempo e eternidade, trindade, amor de Deus e etc... )
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Joabe.Gileade 30/09/2020

Santo Agostinho
A minha motivação para o livro Confissões é o grande ícone Agostinho de Hipona. Não resta dúvida: É gênio! Detentor de muito conhecimento.
Ler esse livro é ter o privilégio de ouvi-lo. Trata de diversos assuntos os mais variados possíveis. Dentre esses quero destacar os eventos principais de sua biografia bem como comentários e definições de muitas crenças da igreja cristã.
Recomendo a leitura desse livro para todos os amantes do conhecimento e em particular para aqueles que querem se aproximar mais de reflexões espiritualistas.
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Daniela Dos Santos 29/06/2023

Muito bom
Esse livro, no começo eu não achei que me cativou, mas depois no 3 capítulo, comecei a entender,o livro é uma verdade confissão de Agostinho, ri, chorei quando ele fala da sua mãe, vale a pena ler com calma, sem correria, sem pressa para acabar, tem muitas páginas que me identifiquei.
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Marianne Freire 06/08/2022

Confissões - Santo Agostinho
Santo Agostinho teve seu amor despertado pela sabedoria com a leitura do Hortensius de Cícero. Mas o que é uma busca pela sabedoria sem a luz da fé? Esse foi o problema de Agostinho. Ele gostava da eloquência do filósofo romano e quando leu a Bíblia, desprezou-a por sua linguagem relativamente pobre quando comparada aos retóricos da antiguidade. Tendo o espírito em confusão, Agostinho busca no maniqueísmo as respostas pelas quais ele busca. Agostinho estava impressionado pela fama de Fausto, bispo maniqueu; porém Fausto não parecia ter respostas para as perguntas mais profundas da alma de Agostinho. Quando viaja à Itália, vai até a cidade de Milão para escutar um sermão de Santo Ambrósio. Agostinho se afasta do maniqueísmo e passa a estudar os filósofos neoplatônicos, especialmente Plotino. Aos trinta anos, batiza-se. Uma conversão influenciada por Santo Ambrósio, Santa Mônica, a leitura com fé e sem apego à letra da Bíblia e a filosofia de Plotino, que o ajudou a se libertar do dualismo gnóstico-maniqueu.

Em Santo Agostinho não separa-se teologia da filosofia. E em ?Confissões? ambientada no século IV vai nos trazer à cristandade, astrologia, maniqueísmo, os platônicos (como eram conhecidos os adeptos do neo-platonismo), alegorese, geografia, influências literárias. Vemos um Agostinho que se descortina diante de Deus com uma linguagem refinada de memórias e confissões. Meditações, reflexões, pílulas e epifanias filosóficas diante da experiência íntima com Deus. Santo Agostinho nos expõe no arauto das suas Confissões para dizer que é preciso muita revelação individual e devoção sublime para conseguir descansar em Deus.

?Tarde te amei..Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora..?

Que obra meus amigos!!
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Annesley 28/01/2021

Uma autobiografia que em certos pontos da história abre discussões teológicas e filosóficas profundas, além de uma rebuscada escrita, que pode tornar a leitura um pouco cansativa. Este é o tipo de livro que deve ser lido devagar e regado de meditação, para que se possa extrair o máximo do riquíssimo conteúdo proporcionado por esse grande doutor e pratriarca da Igreja. Não é o tipo de leitura indicado para quem está começando a vida intelectual.
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