Paula 12/05/2016Que surpresa!O livro me surpreendeu! Tinha achado a sinopse interessante, mas pensado que era apenas mais um suspense fraco chamado de maravilhoso por pessoas que não estão acostumadas com boas leituras. Ainda assim, as resenhas daqui me deixaram muito curiosa e acabei comprando o livro com aquele pensamento "ah, se for ruim, revendo". Li as mais de 350 páginas em 1 noite só. Impossível largar! Fiz isso ontem e hoje continuo pensando na história, o que mostra o quanto ela me prendeu. Se, na hora, a leitura foi frenética, agora começo a raciocinar melhor e encontrar algumas questões curiosas...
A sinopse do livro já é conhecida. Uma das gêmeas morreu. A sobrevivente, no acidente, disse que a Lydia tinha caído da varanda. Esse era o único indício de que a que viveu era a Kirstie. Só que, 14 meses depois, a Kirstie começa a dizer ser a Lydia. Após mais de um ano, a gêmea que restou começa a se queixar do suposto engano. Tudo indica que ela tem razão, que ela é Lydia, a filhinha favorita da mamãe, que enlouquece com essa dúvida. Na leitura, acabamos participando da loucura da Sarah, mas há evidências como o comportamento da Emily, a histeria coletiva das crianças na escola ao falarem de fantasmas e mesmo o final que me fizeram pensar: a Sarah estava louca ou havia algo de paranormal ali? Ou os dois?
O favoritismo por uma das filhas, para mim, ficou claro no momento em que ela decidiu aceitar que a Lydia estava viva. Na leitura, apesar da angústia dessa mãe, não senti que ela estivesse sofrendo a perda da Kirstie como aconteceu com a da Lydia. Ter um filho de volta é o sonho de toda mãe que perde um, mas ali, para ela ter a Lydia, isso implicaria na morte da Kirstie. Cadê o luto por ela? Soou como "tudo bem se a Kirstie não estiver mais aqui, lamento muito, mas estou muito feliz com a Lydia de volta, feliz demais para me importar com o fato da Kirstie morrer". Por isso, não foi uma grande surpresa, mas achei confuso primeiro o Angus lembrar que a Kirstie disse ter empurrado a Lydia por ciúmes e depois, a Kirstie mencionar que empurrou a irmã apenas para se salvar. As irmãs pareciam muito unidas e apesar do ciúmes da mãe, em momento algum foi escrito mais nada que desse a entender a existência desse ressentimento. Pelo contrário: o tempo inteiro foi escrito que a gêmea sensível era Lydia, não Kirstie. Da mesma forma, em momento algum foi descrito o que Lydia sentia sobre a atenção exagerada que o pai dava para Kirstie, a fim de compensá-la pelo comportamento da mãe.
O que me chamou mais a atenção na história foram os desdobramentos. A cada momento, uma nova informação nos era apresentada. No momento que o suposto abuso sexual cometido com Kirstie veio à tona, a loucura de Sarah já estava evidente para mim. Realmente, o que a gêmea comentou dava sim motivos para ela ficar curiosa e ter esse pensamento, mas pensar em matar alguém e acusar diretamente um pai de abusar de sua filha apenas porque a irmã citou que ele tinha beijado ela foi bastante prematuro - reparem que a criança não entra em maiores detalhes até então e, ao ser questionada depois, é enfática: não foram beijos tipo de mamãe e papai. Poderia ser uma demonstração do ciúmes que citei acima, Lydia poderia ter estranhado os carinhos excessivos do pai pela irmã, já que ela não recebia o mesmo (Sarah era seca, lembram? Logo no início do livro, é destacada essa diferença entre ela e Angus. Ele era o carinhoso. Era quem abraçava e beijava). Só que aquela não era Lydia e sim Kirstie. Poderia ser algo telepático? Talvez... O fato é que Kirstie se incomodou com o suposto excesso que depois descobrimos não ser excesso nenhum: era demais comparado apenas se comparado com o que Lydia recebia de carinhos físicos.
Ma chamou atenção também a hipocrisia de Sarah. Ela traiu o marido em um momento no qual se sentia sozinha: após o nascimento das gêmeas. Ela o traiu de novo no dia da morte da filha e se levou o amante para a casa dos pais, é porque não era algo corriqueiro. Angus soube dessas duas situações e sempre a perdoou. No entanto, ele errou durante o luto. Ele se sentiu sozinho e errou. Cometeu o mesmo erro dela e a reação teria sido absolutamente compreensível se não fosse o fato dela ter feito o mesmo e mais de uma vez. Ela não tinha obrigação de perdoá-lo também, mas foi um tanto desproporcional reagir dessa forma, visto que ela tinha visto o mesmo. Poderia ser indícios da loucura dela? Talvez...
Após a leitura do prólogo, fiquei feliz em ver Kirstie bem. Ao mesmo tempo, a dúvida de antes foi reforçada: estaria aquela criança com problemas psiquiátricos antes ou aquele comportamento era devido à algum acontecimento paranormal? Seria mesmo o espírito de Lydia responsável por aquilo tudo ou o doutor estaria certo? É um livro. Tudo é possível. O fato é que Sarah tinha fios de cabelos loiros nas mãos ao morrer....