eriksonsr 15/11/2016
Um livro para entender o que está por trás do "sucesso"
Estava cheio de expectativas para esse livro, li várias resenhas muito elogiosas, vi algumas referências bem positivas, enfim, só coisas boas sobre. E depois de ler só posso dizer que tudo que se fala de bom a respeito do livro é verdade! Expectativas 1000% atendidas!
No livro o autor tenta nos mostrar como talento e sucesso são muito mais uma questão de muita prática, de ter oportunidades e agarrar as mesmas do que genialidade ou qualquer outra coisas inata. O autor também nos apresenta a famosa fórmula das 10.000 horas, segundo esta fórmula, qualquer pessoa que pratique algo durante dez mil horas se torna suficientemente bom naquilo que praticou.
Durante o livro é mostrado como vários casos de sucesso tem por trás além de muita prática (as 10.000 horas), uma oportunidade, oportunidade esta que pode ser ter nascido na época certa, estar no lugar certo, numa "família certa", ter tido contato com uma tecnologia ou um grupo de pessoas, etc, o que importa é que se teve uma oportunidade.
Outro ponto interessante é a questão de como a cultura também influencia no sucesso, no livro se alguns bons exemplos de como culturas que tiveram e tem como base trabalho árduo e duro obtém mais sucesso, nesse caso um dos fatores para tal sucesso não é nenhuma característica inata, mas sim a cultura em que se está inserido e como ela ajuda.
Alguns pontos e trechos que achei interessante:
"Sucesso é uma combinação de talento e preparação. O problema com essa forma de pensar é que, quanto mais a fundo os psicólogos analisam as carreiras dos talentosos, menos parece o papel desempenhado pelo talento e maior se mostra a importância da preparação";
"A ideia de que a excelência em uma tarefa complexa requer um nível de prática mínimo está sempre ressurgindo em estudos de expertise. Na realidade, os pesquisadores chegaram ao que acreditam ser o número mágico para a verdadeira excelência: 10 mil hora. Essas pesquisas indicam que são necessárias 10 mil horas de prática para se atingir o grau de destreza pertinente a um expert de nível internacional, em qualquer atividade";
"Em um estudo após o outro, de compositores, jogadores de basquete, escritores de ficção, esquiadores, pianistas, jogadores de xadrez, mestres do crime, seja o que for, esse número sempre ressurge. Dez mil horas equivalem a cerca de três horas por dia, ou 20 horas por semana, de treinamento durante 10 anos. É claro que isso não explica por que alguns indivíduos se beneficiam de suas sessões de preparação mais do que outros. Mas ninguém encontrou ainda um caso em que a excelência de nível internacional tenha sido alcançada em um prazo menor. Parece que o cérebro precisa desse tempo para assimilar tudo o que é necessário para atingir a verdadeira destreza";
"Mesmo Mozart, o maior prodígio musical de todos os tempos, só conseguir atingir a plena forma com 10 mil horas. A prática não é aquilo que uma pessoa az quando se torna boa em algo, mas aquilo que ela faz para se tornar boa em algo";
"Veja só com quantas oportunidades Bill Joy se deparou no caminho. Por ter ingressado numa universidade avançada como Michigan, obteve a chance de praticar num sistema de tempo compartilhado, e não com cartões perfurados; graças a um bug no sistema, podia ficar programando pelo tempo que desejasse; e, como a universidade estava disposta a gastar dinheiro para manter o Centro de Computação aberto 24 horas, tinha até a liberdade de virar a noite ali";
"Ele parou por um momento para calcular de cabeça, o que, para Bill Joy, não leva muito tempo. Michigan em 1971. Programação para valer no segundo ano. Acrescente os verões, depois os dias e as noites do primeiro ano de Berkeley. 'Foram cinco anos', ele enfim disse. 'E não comecei no dia em que ingressei em Michigan. Então foram mais ou menos umas 10 mil horas'";
"Mas o que de fato distingue as histórias dessas pessoas não é seu talento fantástico, e sim as oportunidades extraordináris que tiveram. Os Beatles, pela mais aleatória das razões, receberam convites para tocar em Hamburgo. Sem essa experiência, a banda poderia perfeitamente ter tomado outro rumo. 'Tive muita sorte', Bill Gates admitiu no início da nossa entrevista. Isso não quer dizer que ele não seja brilhante nem um empresário extraordinário. Significa apenas que entende a sorte que teve por estar em Lakesido em 1968. Todos os outliers que analisamos até agora foram favorecidos por alguma oportunidade incomum";
"Sabe o que é interessante na lista? Dos 75 nomes, nada menos do que 14 são de americanos nascidos num período de nove anos em meados do século XIX. Pense nisso por um momento. Os historiadores começam com Cleópatra e os faraós e varrem cada ano da história humana desde então, procurando por exemplos de extraordinária riqueza em todos os cantos do mundo. No resultado, constatam que quase 20% dos nomes compilados vêm de uma só geração em um único país";
"Fingimos que o sucesso é uma questão de mérito individual, porém nada nas trajetórias que analisamos sugere que os fatos sejam tão simples. Essas são histórias de pessoas que receberam uma oportunidade especial de trabalahr muito e a agarraram e que, por acaso, estavam entrando na maioridade numa época em que aquele esforço extraordinário era recompensando pela sociedade. Seu sucesso não foi criado só por elas. Foi o produto do mundo onde cresceram";
"Voltando a Bill Joy. Se ele fosse um pouquinho mais velho naquela época e tivesse precisando enfrentar a chatice de programar com cartões, teria preferido estudar ciências, é o que ele mesmo diz. Bill Joy, o grande nome do universo dos computadores, teria sido Bill Joy, o biólogo. E, caso tivesse chegado alguns anos mais tarde, a pequena janela que lhe deu a chance de escrever o código de suporte à internet teria se fechado";
"A relação entre sucesso e QI só funciona até certo ponto. Depois que alguém alcança um QI em torno de 120, quaisquer pontos adicionais não parecem se converter em vantagem mensurável no mundo real";
"Um cientista experiente com um QI de 130 tem tantas chances de ganhar um Prémio Nobel quanto um QI 180";
"Um jogador de basquete precisa apenas ser alto o suficiente, e o mesmo se dá com a inteligência, ela também possui um limite";
"Se a inteligência só importa até certo ponto, então a partir desse patamar outros fatores, que não têm nada a ver com a inteligência, devem começar a pesar mais. Novamente, é como o basquete: uma vez que a pessoa tenha altura suficiente, elementos diferentes passam a ser considerados, como a velocidade, o posicionamento na quadra, a agilidade, o domínio e o toque de bola. Portanto, quais poderiam ser alguns desses outros elementos? Suponhamos que, em vez de medir seu QI, eu o sumeta a um teste diferente. Escreva o máximo de aplicações diferentes que você consegue imaginar para os seguintes objetos: 1. um tijolo, 2. um cobertor. Esse é um exemplo do que se denomina de 'teste de divergência'. Um teste dessa natureza não possui, obviamente, uma única resposta certa. O que ele busca é o número e a originalidade das respostas. E o que ele mede não é a inteligência analítica, mas um traço bem distinto: algo bem mais próximo da criatividade";
"Esse é o segundo motivo por que os ganhadores de prêmios Nobel vêm de Holy"
"A história da nomeação de Oppenheimer como diretor científico do Projeto Manhattan, 20 anos depois, talvez seja um exemplo ainda melhor dessa diferença. Ogeneral incumbido desse programa era Leslie Groves, e ele esquadrinhou o país tentando encontrar a pessoa certa liderar o esforço da bomba atômica. Pela lógica, Oppenheimer tinha poucas chances. Com apenas 38 anos, era mais jovem do que muitas das pessoas que teria de dirigir. Era um teórico, e aquele cargo exigia engenheiros e especialistas em experimentos. Suas afiliações políticas eram duvidosas, possuía vários amigos comunistas. Talvez mais importantes, nunca tivera nenhuma experiẽncia administrativa. Ah, e, por acaso, tentou matar seu professor no curso de pós-graduação";
"A habilidade específica que permite a alguém se desvencilhar de uma acusação de assassinato ou convencer seu proessor a passá-lo do perído da manhã para o da tarde é aquilo que o psicólogo Robert Sterberg chama de 'inteligência prática'. Para Sterberg, a inteligência prática inclui elementos como 'saber o que dizer e para quem, saber quando dizê-lo e saber como dizê-lo para obter o máximo de efeito'";
"Conhecemos a origem da inteligência analítica. É algo que, ao menos em parte, está nos genes. Chris Langan começou a falar aos seis meses. Com três anos, aprendeu a ler. Ele nasceu inteligente. O QI é um indicador, em grande medida, de habilidade inata. Mas a destreza social é construída por conhecimento. É um conjunto de capacidades que precisam ser aprendidas. Elas têm origem em algum lugar, e é no ambiente familiar que parecemos desenvolver essas atitudes e aptidões";
"Qual foi a diferença entre os membros dos grupos A e C? Terman averiguou todas as explicações possíveis. Examinou sua saúde física e mental, seus 'graus de masculina/feminilidade', seus hobbies e interesses vocacionais. Comparou as idades em que começaram a andar e falar. Investigou quais havim sido precisamente seus QIs no ensino fundamental e no nível médio. No fim, só um fator importou: o ambiente familiar";
"A verdade nua e crua do estudo de Terman, porém, é que, no fim das contas, quase nenhuma das crianças geniais das crianças geniais da classe social e econômica mais baixa conseguiu se destacar. O que faltou àquelas pessoas? Não foi nada dispendioso nem impossível de encontrar; não foi uma característica codificada no DNA nem programada nos circuitos do cérebro. O que elas não tiveram foi algo que poderiam ter recebido, se soubessem que era daquilo que necessitavam: uma comunidade ao redor que as preparasse para o mundo. Os componentes do grupo C foram talentos desperdiçados";
"A maioria das estimativas é de que cerca de 50% do QI seja hereditário";
"Os imigrantes judeus, como os Flom, os Borgenicht e os Janklow, não eram como os demais estrangeiros que chegaram aos Estados Unidos no século XIX e no início do século XX. Os irlandeses e italianos eram camponeses, arrendatários de terras do interior pobres da Europa. Os judeus eram diferentes. Durante séculos no Velho Mundo, haviam sido proibidos de possuir terras, de modo que se concentraram em cidade e vilas, trabalhando no comércio e execendo outras profissões urbanas. Setenta por cento dos judeus europeus orientais que desembarcaram em Nova York nos 30 anos que precederam a Primeira Guerra Mundial tinham algum tipo de habilidade profissional. Eles havim sido encardenadores, relojeiros ou proprietários de pequenas mercearias ou joalherias. Mas sua maior experiência era no ramo do vestuário. Eram alfaiates e costureiras, chapeleiros, barreteiros, peleteiros e curtidores de couro.
Os imigrantes irlandeses e italianos que chegaram a Nova York naquele período não contavam com essa vantagem. Eles não possuiam um tipo de habilidade que fosse específico da economia urbana. Foram trabalhar como empregadas domésticas, diaristas e operários da construção civil. Esses eram serviços que uma pessoa podia realizar todos os dias por 30 anos e nunca aprender a fazer pesquisa de mercado, a fabricar, a conhecer a cultura popular e a negociar com iangues arrogantes";
"... não teremos dificuldade em descobrir a procedência do advogado perfeito. Ele terá nascido num 'vale demográfico', portanto obteve o melha das escolas públicas de Nova York e viveu o período mais fácil em termos de mercado de trabalho. Será judeu, é claro, de modo que contou com a grande sorte de não ter sido aceito pelos escritórios de advocacia tradicionais por causa dos seus 'antecedentes'. Terá pais que realizaram um trabalho significativo na insdústria de confecções e que transmitiram aos filhos o sentido de autonomia, de complexidade e de ligação entre esforço e recompensa";
"Os advogados judeus foram sortudos e se dedicaram. Essa é a melhor maneira de explicar o que houve. Eles souberam tirar proveito das circunstâncias que surgiram em seus caminho. A parte da sorte foi a recusa por parte das firmas tradicionais de lidar com as leis relativas a tomadas de controle acionário. Mas a palavra sorte não relfete o trabalho, os esforços, a imaginação e o aproveitamente de oportunidades que podiam estar ocultas e não ser tão óbvias assim";
"A explicação convencional para o sucesso dos judeus é que eles vêm de uma cultura letrada, intelectual. São conhecidos como 'o povo do livro'. Há un fundo de verdade nisso. Mas não foram apenas os filhos de rabinos que ingressaram em faculdades de Direito. Os filhos dos trabalhadores da indústria de confecções também conseguiram isso. E sua vantagem crucial na ascenção profissional não foi o rigor intelectual alcançado com o estudo do Talmude, e sim a inteligẽncia prática e a destreza que se obtém vendo o pai vender aventais em Hester Stree";
"Será possível aprendermos algo sobre o motivo do sucesso das pessoas e como melhorar nosso desempenho levando a sério os legados culturais? Acredito que sim";
"Num acidente aéreo típico, por exemplo, o tempo costuma estar ruim, não necessariamente horrível, porém feio o suficiente para que o piloto sob uma pressão um pouco maior do que a usual. As aeronaves envolvidas na maioria dos desastres estão atrasadas, por isso os pilotos estão com pressa. Em 52% dos acidentes, o piloto, no momento da tragédia, está acordado há 12 hora ou mais; portanto, sente-se cansado e sem agilidade mental. Em 44% desses casos, é a primeira vez que os dois pilotos voam juntos e ainda não se sententem à vontade um com o outro. Assim os erros começam, e não se trata de apenas um. O acidente típico envolve sete erros humanos consecutivos";
"Antes, porém precisaremos ser francos sobre um tema que preferimos ignorar. Quando, em 1994, a Boeing publicou pela primeira vez dados de segurança mostrando uma clara correlação entre os desastres aéreos de um país e sua posição nas dimensões de Hofstede, os pesquisadores da empresa ficaram cheios de dedos para não ofender ninguém";
"O sistema asiático é transparente, diz Karen Fuson, psicóloga da Northwesterna University que realizou um grande número de pesquisas sobre as diferenças entre os asiáticos e os ocidentes. 'Ele modifica a atitude em relação a matemática. Em vez de um apredizado mecânico, existe um padrão que a pessoa consegue identificar. Há uma expectativa de que ela é capaz de fazer aquilo e de que existe uma lógica no processo. No caso das frações, dizemos três quintos. Em chinês, é, literalmente, de cinco partes, pegue três. Isso é definir uma fração de modo conceitual. É distinguis o denominador do numerador";
"As crianças asiáticas, ao contrário, não têm a mesma sensação de confusão. Elas conseguem memorizar mais números e fazer cálculos com mais rapidez. Além disso, a maneira como as frações são expressas em sua língua corresponde exatamente ao que uma fração é de verdade, e talvez isso as torne mais propensas a gostar de matemática. E, quem sabe, por apreciarem essa disciplina um pouco mais, façam um esforço um pouco maior e assistam a mais aulas e estejam mais dispostas a fazer os deveres de casa, e assim por diante, numa espécie de círculo virtuoso";
"O argumento de Boe é que poderíamos prever exatamente a classificação final de cada país na competição sem que os alunos respondessem a nenhuma pergunta de matemática. Para isso, bastaria que estabelecêssemos uma tarefa destinada a medir o esforço que os estudantes estariam dipostos a fazer. Na verdade, nem mesmo isso seria necessário. Conseguiríamos indentificar quias países são melhores em matemática apenas examinando quais culturas nacionais dão mais ênfase ao esforço e ao trabalho duro. Assim, que países lideram as duas listas? A resposta não irá surpreendê-lo: Cingapura, Coreia do Sul, China (Taiwan), Hong Kong e Japão. O que eles têm em comum, é claro, é o fato de serem culturas moldadas pela tradição da rizicultura irrigada e do trabalho significativo. Trata-se do tipo de lugar onde, por centenas de anos, componeses paupérrimos, labutando em seus arrozais mil horas por ano, diziam uns aos outros coisas como: 'Ninguém que em 360 dias do ano acorde antes do amanhecer deixa de enriquecer a família'";
"Assim, as causas da superioridade dos asiáticos em matemática se mostram ainda mais óbvias. As férias dos alunos das escolas asiáticas não longas. Por que haveriam de ser? Culturas que acreditam que o caminha para o sucesso está em acordar antes do amahecer, 360 dias por ano, dificilmente concederão às suas crianças três meses de férias no verão. Nos EUA, o ano escolar dura, em média, 180 dias; na Coreia do Sul, 220 dias; no Japão, 243 dias";