A Cidade Sitiada

A Cidade Sitiada Clarice Lispector




Resenhas - A Cidade Sitiada


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joaoderstand 18/01/2023

O livro mais difícil de Clarice?
A experiência de ler Clarice, pra mim, é aquela exata e mesma sensação de semiconsciência antes de entrar no sono propriamente dito.
Aquele estado de suspensão da realidade no breve (?) cochilo que você nem sabe que tá tirando, mas que, por esse momento alheio aos limites do tempo, TUDO faz sentido!
Essa sensação suplanta a razão e se torna uma coisa só, numa epifania tão banal e natural que parece incongruente considerar qualquer realidade fora daquela.
É um estado, porém, extremamente frágil! Um fio de equilíbrio impossível, que vai ser rompido na menor das distrações, e assim, tão subitamente quanto veio, se vai. e você já não se lembra mais de nada, só sabe que esteve ali. Essa certeza que ninguém pode tirar.
Essa certeza é a minha experiência de leitura desse livro
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Paty Gazza 30/01/2023

Não foi pra mim
Segundo a própria autora, esse é um de seus livros menos gostados pelo público - e eu entendo por quê. A narrativa é bem lenta, o que não seria um problema se os personagens fossem carismáticos ou minimamente interessantes, mas não são. Não consegui me conectar com nenhum deles e sinceramente não me importei com nada que aconteceu, e nem aconteceu tanta coisa assim (só gostei - e muito - do desfecho do Mateus).

No entanto, a qualidade da escrita da Clarice é inegável. A habilidade que ela tem de construir uma cena aparentemente parada e monótona e daí destrinchar todo o universo interno dos personagens é sem igual. Também achei muito interessante o fato de ela traçar, a todo momento, paralelos entre a cidade e a protagonista Lucrécia, como se estivessem interligadas. Sofri um pouco na primeira metade do livro, mas na segunda ele deslanchou mais.
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Ana 21/02/2024

Único e Íntimo
Lucrécia Neves de longe não é uma das personagens de Clarice Lispector que despertam o interesse e conexão com o leitor, não tem o encanto de Joana, ou a mente afiada e criativa de G. H., e de certo está distante de ter a nossa empatia como Macabea. Mas ela nos desperta um incômodo curioso que mesmo após prolixas descrições nos envolvem e nos mantém atentos ao que virá a seguir. Embora a leitura seja parada e o fluxo de pensamentos contínuos e sem muitos desvios, é agradável a leitura. Uma boa distração e passatempo, mas nada de arrebatadora e cativante. De certo bastante frustrante, mas ainda contém sua beleza.
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Maura15 22/11/2022

Pensei que ia amar!
Mas não. É Legal, até, mas não o suficiente para me prender.
Terminei de forma forçada, mas de todo o modo, até que foi legal.
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Liz Silva 09/06/2022

O gesto que interrompe a vida instintiva
A Cidade Sitiada é o terceiro romance de Clarice Lispector. Possui narrativa em terceira pessoa e estrutura linear.

Acompanhamos a história de Lucrécia simultaneamente à história de São Geraldo, região suburbana em desenvolvimento. Lucrécia e São Geraldo são inseparáveis e indistinguíveis ao longo da trama.

No processo de buscar conhecer a si mesma, Lucrecia se exterioriza, tudo o que ela sabe de si é o que ela vê ao seu redor. Até por isso, Clarice não utiliza aqui o fluxo de consciência. O "ser" não está no pensamento e sim no olhar.
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Sarah.Santana 19/07/2021

Lucrecia doidinha ?
O livro conta a historia de Lucredia Neves, desde de sua juventude a vida adulta. Retrata os sentimentos de frustaçao, alegria e questionamentos da moça que se reconhece na pequena cidade em que vive, mas que ao se mudar e depois de alguns anos voltar a sua cidade não se sente mais representada por ela e se ve como forasteira no lugar que antes lhe banhava em significado e que fazia parte de sua história. A moça se ve meio que perdida, não se encaixa e não entende os anseios e urgências da vida na cidade grande, mas tbm não se reconhece mais na cidade m que cresceu poresta ter mudado tanto enquanto esteve fora, sentindo-se traida e culpada pelas mudanças que ocorreram enquanto estivera fora.
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Elane48 08/05/2021

Muita poeira, cavalos, bibelôs e personagens solitários
Chique ler Clarice Lispector, né? Mas eu devo ser uma leitora muito rasa pq odiei com todas as minhas forças esse livro! Sete personagens solitários, enredo enfadonho, a cada 3 parágrafos a autora fala de poeira. Só gente esquisita! Seria bom para um filme de Lars Von Trier. Praticamente um mês tentando ler essa merda de livro. Vou colocá-lo na lixeira agora mesmo.
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marislimc 26/10/2020

esse livro é perfeito!! logo nas primeiras páginas, depois de ler e reler, percebi que seria uma leitura bastante densa, mas a partir de 30% o livro engatou muito pra mim.
é incrível como a escrita de clarice é única, consegue expressar tão bem sentimentos que passam tão despercebidos por nós.
apesar da personagem lucrécia não ser o foco da narrativa, é muito interessante acompanhar o seu amadurecimento, tal como o da cidade.
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Marcos Pinto 30/01/2017

Lucrécia Neves é uma personagem complexa, dessas que a gente encontra principalmente na obra da Clarice Lispector. Uma quase alma gêmea de Macabéa, a protagonista tem um vínculo todo especial com o subúrbio de São Geraldo e é praticamente desprovida de pensamento próprio: ela é o que ela vê; ela é o seu subúrbio tão amado.

Lucrécia se mistura completamente com a paisagem, com aquilo que vê. Contudo, apenas isso não basta, ela quer algo mais. Para isso, namora, buscando um casamento. No começo, tinha dois namorados: Felipe, um militar, suprindo a fixação da protagonista por homens de farda; Perseu, homem belo e bem-educado, mas um fraco, que não marca posição. Entre encontros com um e outro, Lucrécia não recebia seu pedido de casamento e também continuava sitiada. Ela não sabia do que vinha a asfixia, mas ela existia.

Entre um e outro, a moça acaba se casando com um terceiro, que a leva para longe de São Geraldo; a sua visão muda, o que ela é muda também um pouco. As sensações são diferentes, mas ainda resta um pouco de nostalgia, de desejo de voltar para casa, para o seu subúrbio. Lucrécia quer muitas coisas, o amor, o fim da sua carceragem, o pensamento... Mas ela não vê nenhum deles, então não os alcança. Tudo na vida da protagonista parecia altamente complexo. Seria ela capaz de transpor tudo?

“Até centros espíritas começavam a forma-se acanhadamente no subúrbio católico e Lucrécia mesma inventou que às vezes ouvia uma voz. Mas na verdade ser-lhe-ia mais fácil ver o sobrenatural: tocar na realidade é que estremeceria nos dedos” (p. 23).

A Cidade Sitiada é um romance diferente do que estamos acostumados, principalmente por Lucrécia ser uma protagonista incomum. Com pouca vontade própria e quase nenhum pensamento, ela vive por imagens, pelo que sente. Isso dá à obra uma característica totalmente diferente, algo entre uma visão profunda e uma sinestesia exacerbada. O texto torna-se mais do que um livro, mas uma experiência literária complexa, densa, mas envolvente.

A linguagem do texto é mais voltada para a conotação, para o metafórico, para os sentidos. Por isso, a leitura é mais lenta e cada detalhe é essencial para que se entenda a obra. As descrições são grandes, fazendo com que o leitor veja e sinta aquilo que Lucrécia também vê. Há um claro objetivo de nos envolver, de nos sitiar, tornando-nos, assim, companheiros da protagonista na jornada de descobrindo e redescobrimento.

Apesar do livro ser denso, a simplicidade é uma marca evidente da obra. Tudo na vida de Lucrécia é simples, até porque ela vive pelo que ela vê. Então não espere grandes pensamentos e reviravoltas, o livro segue o fluxo da visão, da vida. Há uma sequencialidade nas ações e sentimentos simples, mas que envolvem completamente.

“A moça não tinha imaginação mas uma atenta realidade das coisas que a tornava quase sonâmbula; ela precisava de coisas para que estas existissem (p. 43).

Por ser uma obra mais densa, A Cidade Sitiada não é para todos e nem para todos os momentos; é necessária vontade de lê-la, de se entregar ao fluxo narrativo e se deixar levar pelas experiências literárias. Lida no momento errado, provavelmente ficará aquém das expectativas. Caso seja desbravada no momento correto, maravilhará o leitor. Para tal, não pode ser lida com pressa e nem desleixo, mas com atenção redobrada, comendo as linhas e as entrelinhas.

Quanto à parte física, há também só elogios para o trabalho da Rocco. Temos uma capa belíssima e que retrata muito bem o que podemos esperar do texto. Ademais, a editora providenciou um trabalho totalmente especial com o texto, gerando uma leitura profunda e agradável.

Em suma, A Cidade Sitiada é uma grande obra, mas que precisa ser desbravada no momento correto, sem pressa, sem afobação. Cada palavra precisa degustada. Para quem gosta de livros mais profundos, sem dúvidas esse é uma ótima opção.

site: http://www.desbravadordemundos.com.br/2017/01/resenha-cidade-sitiada.html
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Amanda 25/07/2023

Complexo, mas tedioso
Não venho aqui falar sobre a qualidade do livro e seu valor como uma obra literária. De fato, é possível perceber que é um livro complexo e cheio de significados e uma história que, na verdade, é contada pelas entrelinhas. Contudo, não é um livro fácil de ler (pelo menos, para mim não foi). Se eu tivesse lido ele com calma e com "gosto" , talvez eu pudesse discorrer sobre seus valores como um produto artísitco; mas não foi isso que aconteceu. Só posso dizer que, pessoalmente, foi uma leitura tediosa e arrastada. Foi meu primeiro livro de Claruce Lispector, então não posso fazer comparações com outros da autora, mas espero que futuramente possa ler outro livro dela e realmente aproveitar a leitura (apesar de não ser muito acostumada a literatura nacional mais antiga).
João Pedro 21/12/2023minha estante
Oi, Amanda! Realmente esse parece ser um dos livros mais difíceis de Clarice Lispector. Que infelicidade você ter começado a ler a obra da autora por ele. Te indico ler ?A hora da estrela? como um próximo passo para ler Clarice. É um romance bem menos complexo de compreender do que ?A cidade sitiada?. Abraço!




João Pedro 20/12/2023

Delicioso desafio
Demorei um tanto para terminar de ler "A cidade sitiada", de Clarice Lispector. Esse é um dos três primeiros romances da autora, escrito antes de ela completar 30 anos (junto a este, há "Perto do coração selvagem", que já li, e "O lustre", que ainda não li).

Sinceramente, se me perguntarem do que se trata o livro, não saberei dizer. Também senti essa dificuldade com "Perto do coração selvagem", mas ali havia um contorno maior a que se apegar. Digo, parecia haver uma estrutura sólida de enredo e, ao redor, uma miríade de pensamentos, um intenso e delicioso fluxo de consciência a levar o leitor a um passeio pela mente de Clarice. Mas "A cidade sitiada" é diferente, pois, apesar de muito relacionado aos objetos, às coisas que compõem o subúrbio de São Geraldo, é um romance sem uma forma mínima definida.

O capítulo 4, "A estátua pública", por exemplo, possui 20 páginas e se passa inteiramente dentro de um apartamento e da mente da protagonista, Lucrécia Neves. O capítulo 5, "No jardim", como que indo além no desafio ao leitor, é todo uma espécie de sonho.

Foi a leitura mais desafiadora que já fiz de Clarice Lispector. Um romance que é também um mistério, um enigma, e nem por isso deixa de ser bom. Ou talvez por isso justamente seja uma excelente leitura se a pessoa estiver disposta a tanto.

No posfácio escrito por Benjamin Moser, um alento a quem sentiu dificuldade e chegou até o fim: "Em 1971, Clarice Lispector disse a um entrevistador que lesse A cidade sitiada – 'se você conseguir', acrescentou, em tom de dúvida. 'Eu mesma acho difícil.' Em outro lugar ela se referiu a seu terceiro romance como 'um dos meus livros menos gostados', e professou sua perplexidade com a história da garota de São Geraldo".
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Marcos Vinicius 09/09/2018

Melodramático e original
Em A Cidade Sitiada, Clarice nos apresenta a história de Lucrécia, moradora da pacata São Geraldo. A cidade, aos moldes do Brasil do século XX, mostra-se em processo de desenvolvimento, com seu ritmo parado e as características de cidade do interior. No entanto, Lucrécia sente-se sufocada, a cidade a prende como um nó prende um cadarço ao sapato, deseja sair, almejar novos ares e a cidade grande. Conhece Matheus, o qual casa-se e mudam-se para a metrópole. Lá, a inquietação, a insegurança e o desejo de escapismo permanecem em Lucrécia. Não sabe mais do que deseja escapar: da monotonia de sua vida, de seus conflitos internos ou do frio casamento. Clarice nos apresenta uma narrativa pesada, curta e grossa, trajada de mais pontos finais do que vírgulas, mas capaz de perturbar e arrebatar até mesmo os mais novos integrantes da escrita clariciana.
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