A Legião Estrangeira

A Legião Estrangeira Clarice Lispector




Resenhas - A Legião Estrangeira


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Codinome 19/08/2018

Um pouco sobre "A Legião Estrangeira"
Primeiro o conto, depois o livro. O conto 'A legião estrangeira' fala sobre uma moça que ganha um pintinho e começa a rememorar um acontecimento que ocorreu entre ela e uma outra família, que tem como principal motivo da lembrança a filha Ofélia dessa família: a relação entre as duas e o retrato dessa Ofélia é muito, mas muito, bem escrito e de te deixar pensando e sentindo.
Agora em relação ao livro, eu tenho o mal hábito de procurar um fio condutor entre os contos de um livro, no caso, 13. Pelo título, a minha tese é que são histórias com personagens tanto estrangeiros para a autora quanto ali para o universo em que vivem:

'Os desastres de Sofia': uma personagem muito nova, acho que tinha 8 anos, ou seja, um eu-lírico que tem uma idade muito distante da autora; algo que não se via muito nos seus contos anteriores.

'A repartição dos pães': uma legião de estranhos entre eles, em uma alegoria do rito bíblico de lava-pés.

'A mensagem': lembra os contos das 'Primeiras histórias' (que podem ser encontrados boa parte no livro 'A bela e a fera'), com adolescentes que são estrangeiros também entre si e com idades bem diferentes da autora novamente.

'Macacos': o animal ali como uma espécie de metamorfoseado do homem e deslocado: essa falta de lugar do homem no mundo, que é trabalhado muito bem e mais a fundo no romance 'O estrangeiro', de Albert Camus.

'O ovo e a galinha': que é um conto estranho e que a própria Clarice disse que não entendia.

'Tentação': em que o fato de uma garota ser ruiva a faz pensar diferente dos outros, uma característica física se sobrepondo e que dialoga um pouco com a pessoa em si.

'Viagem a Petrópolis': que tem uma senhorinha no protagonismo e que em vários momentos é deixada avulsa, ao sabor do destino; meu conto preferido desse livro.

'A solução': tem como protagonista uma mulher gorda e, novamente, essa característica física vai afetar de forma substanciosa o desenrolar do conto.

'Evolução de uma miopia': eu-lírico masculino e que coloca a juventude e o amor ali de forma intrincada, o rapaz quando jovem, no começo da história, a gente vê que ele não se sente à vontade e a Clarice Lispector brinca muito com esse fato da miopia.

'A quinta história': pode ser uma exceção a minha tese, ela brinca um pouco com o ato de contar histórias, talvez a história como um elemento que pode ser sempre retrabalhado e 'estrangeirizado' - devo estar viajando um pouco.

'Uma amizade sincera': é a respeito da amizade, bem estranha aliás, mas ainda sim bastante humana.

'Os obedientes': a estranheza no casamento e, algo que é corrente nas 'Primeiras histórias', a auto-destruição que costuma aparecer nessas temáticas de Clarice.

'A legião estrangeira': que vai colocar o amor e os sentimentos como objeto, que talvez seja a maior legião estrangeira que conhecemos.
Tese (e resenha) fechada.
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Biblioteca Álvaro Guerra 05/04/2018

A Legião Estrangeira é uma coletânea de contos da autora brasileira Clarice Lispector, publicado em setembro de 1964 pela Editora do Autor.

Os contos não tem um tema único, mas abordam questões familiares, infantis e a solidão.

Entre os textos da obra está "Viagem à Petrópolis", escrito quando a autora tinha apenas 14 anos, cujo texto fala de uma senhora de idade que, não tendo onde morar de forma permanente, se muda com frequência. Outro texto, "Os desastres de Sofia", tratada da maldade infantil através do relacionamento aluno-professor. Em "A Mensagem", Clarice trata do impasse de dois amigos estudantes que não querem se ver como "homem" e "mulher", sendo que o rapaz passa a entender a situação do relacionamento apenas quando sua amiga vai embora.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/8532509452
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Tomaz.Maximino 28/06/2017

Um livro de contos fáceis em que existe um espanto pelas simples coisas, um dos melhores contos da obra é Viagem a Petrópolis.
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Paulo 06/03/2017

Não compre!
Não compre! Todos esses contos podem ser encontrados no livro "A felicidade clandestina"!
Erika 30/10/2017minha estante
Obrigada!




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Augusto 07/01/2017

dificuldade
e sempre difícil escrever algo sobre uma obra pronta. sabe?
tudo que poderia ser dito sobre a própria obra, já foi dito pelo autor.
me sinto incapaz de tecer comentários.
ainda mais quando estamos diante de um livro como este.
de um livro que passou pelas mãos de Clarice Lispector.
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Matheus 01/01/2017

Mergulho!
Confesso que tropecei bastante nas primeiras páginas.
Para quem está se iniciando no estilo único e denso de Clarisse, como eu, deve ser bastante comum tomar algumas topadas, reler certos parágrafos mais de duas vezes, tentando extrair a real mensagem escondida naquele labirinto de palavras que a autora monta.
Os contos são bem simples. Mas engana-se quem pensa que poderá esquecê-los facilmente. Um exemplo bem estranho, mas eficiente (ao menos para mim), foi comparar a Clarice Lispector com a Amy Winehouse. Assim como a Amy transformava uma música convencional num deleite em sua voz marcante, a Clarice extrai das situações mais simplórias a mais pura poesia em prosa. Reflexões, mergulhos no subconsciente, aprofundando nas camadas de mentes perturbadas por algum fato corriqueiro, mas mágico.
E o que é a literatura? Não é extrair de nossa vivência assustadoramente real e limitada certas doses de devaneio e magia? Contar uma história fantástica a fim de nos fazer viver uma nova vida ou compreender melhor a nós mesmo e o nosso mundo? A Clarice explora magicamente as camadas da consciência e da realidade. Transforma uma mesa posta numa viagem através da psique e dos sentimentos despertos pelas relações interpessoais.
Temas universais como amor, inveja, rejeição, amadurecimento, frustração, amizade e orgulho são retratados com uma originalidade soberba, mas primorosamente executada.
É como dar a agulha e o carretel a um ás da costura... Cada palavra é devidamente encaixada para despertar um sentimento; intrigar, emocionar, confundir...
Os contos que mais me impactaram foram:
- O Ovo e a Galinha; simplesmente impossível de esquecer, ame ou odeie.
- A Solução; surpreendente.
- Os Obedientes; sensacional, profundo e absurdamente real.
- Uma Amizade Sincera; assustador, uma pessoa que ler a duzentos anos vai se chocar com a verdade desse conto.
- A Legião Estrangeira; Maravilhoso! Ofélia é uma personagem brilhante. O despertar agonizante de uma infância sufocada.
- A quinta História; as baratas e as estátuas de Pompeia... genial!

Regi 24/06/2017minha estante
O conto A legião estrangeira me impactou. Achei um tanto estranho. O ovo e a galinha eu me diverti.




Naty 08/12/2016

Mais um livro de Clarice para minha lista
Esse é o terceiro livro que leio da Clarice. O primeiro que li foi na oitava série, Laços de Família. Lembro-me que tive o maior trabalho de entender cada conto e de adentrar no que a autora queria passar. Sinto, como muitos, uma dificuldade imensa de entender a mensagem escondida em cada um de seus contos, mas, quando entendo, percebo a inteligência na construção dos tais, a criatividade, mas também a forma como essas leituras causam um estranhamento ao leitor.
O segundo livro que li dela foi A Hora da Estrela e de novo eu senti certa dificuldade em perceber porque aquela história era tão bem vista.
Depois dessas duas experiências, eu já sabia, mais ou menos, o que eu iria encontrar nesse outro livro de contos que leio dela. Se alguém me perguntar se gosto dela como autora eu diria que não, mas acho que identificação é algo particular. Quanto a seus textos, compartilho o sentimento inerente em alguns, mas em outros não me sinto totalmente pertencente aos sentimentos enlaçados no enredo.
Vou explanar cada um desses contos individualmente a seguir:
1-Os desastres de Sofia
Esse foi um dos contos que mais gostei e retrata uma menina que abusava seu professor constantemente, no entanto, no decorrer da obra, atitudes que para nós pareceriam bons sinais se tornam fatais para aquela menina.
“Amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos.” Nesse trecho percebe-se que a menina tem uma visão de seu professor como um homem que, mesmo com potencial, resigna-se à vida e a aceita.
“Eu sacudia dos ombros todos os meus deveres e dela saia livre e pobre, e com um tesouro na mão.” A menina tem uma visão um tanto deturpada das coisas, mas isso acaba espantando o professor que acha as ideias da menina engenhosas e, ao parabeniza-la, acaba destruindo as ideias dela de esperança nos adultos. Ele destrói as esperanças dela no seu futuro eu.
“Eu vi dentro de um olho o que era tão incompreensível quanto um olho. ” A menina começa a se magnificar ao perceber a mudança que causara no professor através de um texto mentiroso, de uma fábula infantil. A partir daí ela provoca um sorriso nele que nunca havia antes sorrido. Com isso, ela sente a tal da epifania tão comum em textos da Clarice.
“Eu não queria era esse agradecimento que não só era a minha pior punição, por eu não o merecer, como vinha encorajar minha vida errada que eu tanto temia, viver errado me atraia” Li uma resenha sobre esse conto e nela estava explicito que isso é um traço um tanto auto biográfico já que a menina percebeu, a partir daí, o poder de seus textos e como ela poderia mudar a vida de pessoas com os seus escritos mesmo que ela os acha-se mera mentira. “Ele matava em mim, pela primeira vez, a minha fé nos adultos: também ele, um homem, acreditava como eu nas grandes mentiras. ”
2-A repartição dos pães
Esse conto trata-se apenas de um banquete dado de graça por um grupo de desconhecidos à pessoas também desconhecidas e dá para perceber nele uma grande aparência à repartição dos pães ou a ceia de Jesus, ambos fatos bíblicos.
“Então aquela mulher dava o melhor não importava a quem? E lavava contente os pés do primeiro estrangeiro. “
“Pão é amor entre estranhos”
Acho que esse conto traz muito o valor da gratuidade de ação e de sentimento, o poder de verdadeiramente amar ao próximo como a si mesmo. Além disso, como agir dessa forma causa certo estranhamento e constrangimento nas pessoas inseridas em um mundo tão capitalista em que tudo tem um sentido e um valor. “Não podia ser para nós. Era uma mesa para homens de boa vontade. ”
3-A mensagem
Dois jovens tornam-se amigos e eles são um tanto que esquisitos. Eles se acham acima dos outros, pelo menos na minha compreensão. O fato que proporciona o encontro de ambos é que eles sentiam angústia e a menina acaba expondo isso e eles percebem que carregam semelhanças um no outro e passam a se relacionar. A epifania desse conto vem através de uma casa também angustiada que eles veem e, enxergando-se naquela casa, despertam de seu relacionamento que já estava um tanto que frio e partem cada um para o seu caminho.
“Embora, se ambos não tivesse cuidado, o fato dela ser mulher poderia de súbito vir à tona. “ Percebi nessa frase que ele acaba vendo ela como um companheiro e não como uma mulher. Sua amizade é frágil na medida em que eles não se enxergam plenamente como de sexos opostos, mas indivíduos singulares, mas que partilhavam de pensamentos e características um tanto que comuns. “Eles eram muito infelizes. Procuravam-se cansados, expectantes, forçando uma continuação da compreensão inicial e casual que nunca se repetiria e sem nem ao menos se amarem. “
“E havia aquele ódio contra o mundo que ninguém os diria que era amor desesperado e era piedade, e havia neles a cética sabedoria de velhos chineses, sabedoria que de repente podia se quebrar denunciando duas caras que se consternavam porque eles não sabiam como se sentar com naturalidade numa sorveteria”
A mulher, na época de Clarice, era diminuta em relação ao homem e ele nunca enxergou ela assim até que ambos viram a casa. “...já quase mãe dos filhos que um dia teria, o corpo pressentindo a submissão, corpo sagrado e impuro a carregar” “Agora, enfim sozinho, estavam sem defesa à mercê da mentira pressurosa com que os outros tentavam ensina-lo a ser um homem. “
Para mim, Clarice quis criticar nesse conto a questão da visão que o homem passa a ter da mulher quando vai crescendo. Ele vai aceitando a mentira que a sociedade os joga de que ele é maior que ela sem lembrar que ambos sentiram angústia, a mesma angústia.
Esse também foi outro conto que gostei bastante.
4-Macacos
Nesse conto a senhora da casa compra uma macaquinha para seus filhos, mas ela acaba ficando doente e para sobreviver precisava de? De? De oxigênio. Estranho, né? E o oxigênio que respiramos? Pois é, a macaca morre por falta de oxigênio e os médicos dizem a mulher que ela não deveria comprar macaco na rua, pois a maioria deles têm doença e é aí que essa mulher cita algo muito interessante: “Não, tinha-se que comprar macaca certa, saber da origem, ter pelo menos cinco anos de garantia de amor”
Esse conto foi meio difícil para mim pelo fato de eu acha-lo um tanto que banal, mas pensando melhor e focando na questão do oxigênio que tanto me admirava acabei tendo essa interpretação: a macaquinha não pertencia ao meio urbano, ela precisava de ar puro de liberdade, ar de floresta, e foi por isso que ela morreu. Parece banal, não parece, mas na verdade isso se interliga com todo o resto da obra.
A macaca era fazia parte da tal legião estrangeira que fala o título. Ela não pertencia àquele lugar. Ela era diferente. Ela o estranhava. A obra é tomada de exemplos assim. Os jovens do conto A Mensagem eram assim, Sofia era assim e o sentimento de estrangeirismo no conto A Repartição dos Pães também é esse.
4-O ovo e a galinha
Esse conto é um dos mais complicados de todos. O leitor é instigado a descobrir como um ovo pode ser tão significante na cabeça da dona de casa narradora da história. Esse ovo tão banal é utopizado de tal forma que, se foi usado de forma conotativa, não se sabe o que ele representa e, se foi usado de forma denotativa, eu tenho razão e Clarice é meio louca.
“Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido”
“Entendê-lo não é o modo de vê-lo”
“A galinha é o disfarce do ovo”
A própria Clarisse, em entrevista, diz não entender o significado desse conto, então, considero ele como um enigma fadado a um infinito de interrogações irresolutas.
5-Tentação
Aqui, novamente, aparece o estrangeirismo já que a protagonista estava “Numa terra de morenos” e nessa terra “ser ruivo era uma revolta involuntária”. Até que ela vê um Basset ruivo e tem uma epifania; ela não estava mais só. O cachorro, para espanto do leitor, também tem a mesma epifania da menina, mas ambos têm que se separar; é um amor impossível.
6-Viagem à Petrópolis
Esse conto traz a história de uma velhinha que é rejeitada por onde ela vai e pouco é vista. Ela é tão invisível socialmente que as pessoas que colocam ela dentro de sua casa se batem como ela e se assustam por não lembrarem que ela estava ali. Depois de um tempo, ela é mandada para outra casa e recebida muito mal. “Diz assim: casa de Arnaldo não é asilo não, viu! “ .
Não posso negar que ela é um tanto estranha e, de novo, estrangeira em sua própria terra. “Não parecia compreender que estava só no mundo”. No final: “A velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu”.
Como sempre, Clarice traz protagonistas velhos para sua história e mostra como esses são maltratados e colocados em uma espécie de mundo à parte. Eles também fazem parte dessa legião estrangeira do título.
7-A solução
Esse conto também é um tanto engraçado. Nele, Almira, gorda, gosta de ser amiga de Alice, magra. No entanto, Alice não gosta de Almira, apenas a suporta até que um dia Alice estava chateada e Almira não saia do pé dele querendo saber o porquê de sua angústia e é aí que Alice para a amiga deixar ela em paz e chama Almira de gorda. Esse foi o maior erro de Alice. No fim Almira está na cadeia e Alice na UTI por causa de um garfo na garganta.
É na cadeia que Almira se sente feliz para surpresa do leitor. Durante quase todo o conto, ela é comparada a um elefante como nesse trecho: “Ninguém se lembrou que os elefantes, de acordo com os estudiosos do assunto, são criaturas extremamente sensíveis”.
Não sei o que tirei desse conto. Para mim, ele foi um dos mais vagos. Percebe-se, novamente, que Almira é estrangeira onde vive e a solução, por incrível que pareça, era ela ir para a prisão. Um tanto que louco, não? Um tanto que Clarice Lispector.
8-Evolução de uma miopia
Esse foi um conto que chamou muito a minha atenção. A questão de que não só com os olhos que se enxerga, mas com os sentidos além de outros conceitos permeiam essa história de um menino que se importa muito com o que outros vão pensar e trama, a partir do que sabe das respostas humanas a suas palavras, formas de parecer o que bem lhe apetecer aos olhos do outro até que tem que ir para a casa de sua prima e planeja cada forma de agir para alcançar o que quer. O que acontece e o que o assusta é que tudo não é nada do que ele esperava. A prima tem um dente de ouro, a prima tem um dente de ouro, eeeepppiiffffaaaannniiiiaaa!!!
Sim, ele vai ter uma epifania com isso. “De algum modo pairava acima da própria miopia e a dos outros”. “Ele iria brincar de não ser julgado: por um dia inteiro ele não seria nada, simplesmente não seria.”
Esse conto trata muito do que já falei acima além da questão da estabilidade e da instabilidade. O menino acha que sabe lidar perfeitamente com o que instável, mas isso o torna propenso a não entender o que é estável e, às vezes, até o que é instável. Difícil, né?
A questão que envolve a prima também é interessante. Ela quer ter filhos, mas não pode, então, trata ele como um de seus filhos. “O dia inteiro...ela exigindo dele que ele tivesse nascido dela. A prima não queria nada dele senão isso...Nesse dia, pois, ele conheceu uma das raras formas de estabilidade: a estabilidade do desejo irrealizável”
“E foi como se a miopia passasse e ele visse claramente o mundo...Foi apenas como se ele tivesse tirado os óculos, e a miopia mesmo é que o fizesse enxergar.”
9-A quinta história
Aqui, Clarice mostra as múltiplas formas que um autor pode narrar uma história ao contar como matar baratas de inúmeras maneiras. Foi bem interessante, mas nos remete mais ao fazer artístico.
10-Uma amizade sincera
Nesse conto, a amizade entre dois garotos é tão sincera que eles não têm mais o que falar e se separam. No início tudo era divertido, mas depois eles não tinham mais o que conversar, pois já haviam sido sinceros em tudo. Passam, então, a fazer coisas fúteis e, por fim, se separam.
“Ele a quem eu nada podia dar senão a minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza. “
11-Os obedientes
Eu DETESTEI esse conto. Em suma, dois velhos obedecem a todas as regras e convivem junto a muito tempo até que a relação se torna cansativa e ambos querem fugir daquilo mais são obedientes demais para isso. A obediência passa a ser para eles uma clausura. No entanto, um dia a mulher come uma maça, quebra um dente, se olha no espelho, percebe o quanto está velha e triste e pula da janela. Que trágico.
Percebi que ela critica com isso relacionamentos que já estão tão fadados ao cotidiano que fazem mal aos participantes do mesmo, mas não gostei da forma como ela abordou isso. Na verdade, Clarisse costuma olhar relacionamentos mais como uma clausura que como uma amizade ou algo saudável o que eu não concordo também.
12-A legião estrangeira
Esse conto dá nome ao livro e conta a história de uma mãe de família que se vê seguida pela filha da vizinha a qual, criada numa família soberba, quer ensinar a mulher como ela deve fazer cada coisa e, para nossa surpresa, acaba acertando muitas vezes no certo a fazer. Era como se a menina não fosse uma criança; ela era criada com uma dureza que a fazia parecer um adulto até que ela tem uma epifania com um pintinho que a mulher tinha comprado e vai brincar com o pintinho.
É como se Clarisse trouxesse o nascimento de uma criança sendo ela criança. Além disso, aquela mulher se torna praticamente uma estrangeira em sua própria casa e a menina passa a domina-la de certa forma mesmo que ela negue.
A menina também é “estrangeirizada” pela protagonista que dá a ela um ar de estranha e, por isso, afirma no final: Ofélia é que não voltou, cresceu. Foi ser a princesa Hindu por quem no deserto sua tribo esperava.
“Diante de meus olhos fascinados...ela estava se transformando em criança”
Esqueci de acrescentar que o pinto morre.
Concluo, enfim, essa resenha enorme e trabalhosa de mais um livro de Clarice Lispector.
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Carla 27/06/2016

O livro traz 13 contos que descrevem o cotidiano do feminino, seja infantil ou adulto, e suas sutis nuances, um cotidiano que muitas vezes não percebemos, não nos importamos. Entretanto, Clarice nos traz esse cotidiano de forma desnuda e contundente, nos levando a refletir no nosso próprio cotidiano e como muitas vezes o desperdiçamos por não dar valor ou significado e ao invés de viver apenas seguir sobrevivendo. Uma escrita de Clarice um tanto quanto desconhecida para mim, pois outros livros que li trouxeram uma escrita mais leve, mesmo quando triste. Mas uma ótima leitura, recomendo.
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Georgeton.Leal 10/07/2015

Descobrindo o mundo através da introspectividade
Clarice possui um estilo introspectivo muito forte. As análises que ela costumava fazer dos elementos narrados geralmente eram bastante extensas, o que nem sempre agrada a todos os leitores. É aí que reside uma das características ímpares de sua obra: a preocupação em descrever o objeto narrado dentro de seus múltiplos aspectos, desde os mais filosóficos até os mais absurdos (se necessário), pra daí, chegar à "epifania" da visão construída através daquela análise. Ela faz muito isso, principalmente, usando coisas simplórias do cotidiano, revelando-os de uma forma diferenciada e até mesmo "estranha".
Me identifico muito com Clarice e sou um grande admirador de sua obra. A maneira como ela observava o mundo sempre me traz grandes reflexões sobre a vida.
Sobre esta edição da editora Ática, em especial, a considero como a melhor já lançada, principalmente pelas ilustrações do designer gráfico Elifas Andreato, que captou com precisão várias passagens enigmáticas dessa obra. Infelizmente, a mesma não foi mais reeditada e só é encontrada em sebos hoje em dia.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2021/09/descobrindo-o-mundo-atraves-da.html
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Su 13/12/2014

O conto que mais me impressionou
Esse livro da Clarice vem recheado de treze contos. Vou falar um pouquinho sobre aqueles que mais me impressionaram.

“O ovo e a galinha” foi o conto que mais me intrigou e me fez pensar. Nele uma mulher ao ver um ovo sobre a mesa, começa a reflexionar.

“E a galinha? O ovo é o grande sacrifício da galinha. O ovo é a cruz que a galinha carrega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma um ovo, ela se salvaria? Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha. Ser uma galinha é a sobrevivência da galinha. Sobreviver é a salvação. Pois parece que viver não existe. Viver leva à morte. Então o que a galinha faz é estar permanentemente sobrevivendo. Sobreviver chama-se manter luta contra a vida que é mortal. Ser uma galinha é isso. A galinha tem o ar constrangido.”

Bem, como todos os livros da Clarice esse também faz que paremos e pensemos um pouco. Mais do que recomendo essa leitura. E, não se preocupe não vai nem gastar muito tempo.

Continue lendo em:

site: detudoumpouquino.blogspot.com.br
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Will 27/09/2012

lliwskoob.blogspot.com/2012/09/a-legiao-estrangeira-clarice-lispector.html
A UEPA (Universidade Estadual do
Pará) pede para que os seus
candidatos leiam um conto, e eu
leio o livro todo, não é segredo
para ninguém que eu sou fã de
carteirinha de Clarice, e este ano
está entre as leituras obrigatórias
do processo seletivo da
universidade estadual do Pará,
confesso que não sei se esta em
outras universidades, mas enfim
era apenas para ler o conto “A
Legião Estrangeira” conto que é
encontrado em um livro com o
mesmo nome, contendo: Os
desastres de Sofia, A repartição
dos pães, A mensagem, Macacos, O
ovo e a galinha, Tentação, Viagem
a Petrópolis, A solução, Evolução
de uma miopia, A quinta história,
Uma amizade sincera, Os
obedientes, A Legião Estrangeira,
contos que na grande maioria já
conhecia, seja por que li em blogs
e/ou estudados na sala de aula no
ensino médio. Então como um
livro de contos vou falar sobre os
dois que eu mais gostei, mas vale
lembrar que são todos ótimos,
mas fico com “A Legião
Estrangeira” e “Os desastres de
Sofia” – que agora que eu notei é o
primeiro e ultimo conto.

A Legião Estrangeira

Esse conto já começa com uma
característica marcante nas obras
de Clarice, o fluxo de pensamento:
(...) teria respondido com o
decoro da honestidade: mal
os conheci. Diante do mesmo
júri ao qual responderia: mal
me conheço — e para cada
cara de jurado diria com o
mesmo límpido olhar de
quem se hipnotizou para a
obediência: mal vos conheço.
Acho incrível a forma que
pequenos detalhes do cotidiano se
transformam em algo explosivo
nas habilidosas mãos de Clarice,
em Legião Estrangeira, esse conto
é meio que sugador, o mesmo
efeito que senti quando li pela
primeira vez felicidade clandestina
é embriagante a forma como ela
descreve a miséria do eu, e que
mesmo assim é desejado por
aqueles que têm de tudo material,
mas carece da liberdade, vejo que
esse tema é muito frequente em
contos/novelas/romances de
Clarice a busca pela simplicidade
onde o ser é realmente mais feliz,
essa busca de felicidade constante:
Devagar fui me reclinando no
espaldar da cadeira, sua inveja que
desnudava minha pobreza, e
deixava minha pobreza pensativa;
não estivesse eu ali, e ela roubava
minha pobreza também; ela queria
tudo.
O inicio do conto ate parece um
julgamento, e no decorrer do
conto vamos entender uma
historia que se passa entre um
pinto, uma visinha, e a batedora de
bolos.
Oh, não se assuste muito! às
vezes a gente mata por amor
Gosto da forma seca como as coisa
são colocadas, mas ao mesmo
tempo tentando justificar isso éo
bem típico da Clarice, então esse
conto não é de muito surpresa
para quem já ler Clarice, mas é um
ótimo conto para percebemos o
fluxo de pensamento.

os desastres de sofia

Nunca fui um aluno exemplar, mas
também não era medíocre na
turma, então confesso que me
identifico nesse conto de Clarice
que Sofia é uma verdadeira peste
na vida do professo, o qual ela
tanto amava, mas não era um
amor de mulher, era um amor
diferente, ela precisava velo no
Maximo de sua cólera, onde ela
seria o centro das atenções uma
aluna que quer o “Maximo” de seu
professor:
Mas eu o exasperava tanto
que se tornara doloroso para
mim ser o objeto do ódio
daquele homem que de certo
modo eu amava.
Quem nunca tirou um professor
do serio apenas com a satisfação
de atenção, quem nunca fez isso
aposto que já tiveram vontade,
neste conto nos satisfazemos no
papel de Sofia que mostra muito
bem o amor pelo professor, não
querendo ser repetitivo, mas já
sendo, o fluxo de pensamento
nesse conto e muito presente
justamente para justificar esse
amor, que não é mutuo, de Sofia
para com o professor. Não
querendo me estender nessa
resenha ambos os contos são
narrados em primeira pessoa, o
primeiro é narrado pela “vinha
sem nome” e o segundo é narrado
por Sofia. A leitura dos dois textos
é leve e tranquila, mas se você não
gosta da forma que Clarice escreve
fica muito complicado levar essa
leitura, para quem vai fazer uepa
tente notar quais são as
características com a escola
literária que Clarice se enquadra,
mas como as provas da uepa são
bastante de buscar detalhes só
para ver quem realmente leu seria
uma boa atentar para alguns
aspectos didáticos. Não preciso
nem dizer que recomendo esse e
todos os livros de Clarice, que é
para mim uma grande
inspiração...
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