A bela e a fera

A bela e a fera Clarice Lispector




Resenhas - A Bela E A Fera


127 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Léia Viana 06/09/2016

Leitura maravilhosa!!!!
“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o ‘mal de muitos’ é consolo, mas não é solução.”

Livro de contos espetacular! Divididos em duas partes, sendo a primeira escrita entre o ano de 1940-1941, e a segunda parte em 1977, acredito que um dos últimos contos escritos por ela. “A história interrompida” – conto que abre o livro – é sobre paixão e a maneira como vemos a pessoa que nos desperta esse sentimento, a descrição feita da personagem do até então ‘objeto da paixão’ logo nas primeiras linhas é quase que uma nostalgia, bem no sentido literal da palavra, entretanto, o conto termina de uma maneira tão abrupta, que quase chego a sentir a lembrança melancólica da personagem e a de perder a esperança na humanidade.

O segundo conto “Gertrudes pede um conselho” é bem interessante. Gertrudes é uma menina que resolve escrever para uma doutora que atende em um jornal, e essa carta faz com que a doutora queira vê-la pessoalmente, o que desencadeia uma insegurança de como se portar diante dela e várias “suposições” do que a doutora pode pensar a seu respeito. A medida que a leitura segue, vamos acompanhando todas as conclusões que Gertrudes irá chegar, o que torna o conto bem significativo.

“Até que um dia descobriram em mim uma mocinha, abaixaram meu vestido, fizeram-me usar novas peças de roupa e consideraram-me quase pronta. Aceitei a descoberta e suas conseqüências sem grande alvoroço, do mesmo modo distraído como estudava, passeava, lia e vivia.”

Obsessão foi o meu conto favorito deste livro. É também o mais longo. Perceber como as coisas acontecem, o quanto nos doamos em algo obsessivamente é um troço louco, doentio e difícil de entender. E esse conto narra exatamente isso, a obsessão de uma mulher que tem uma vida simples, envolta de pessoas queridas e que de repente se envolve nesta obsessão por um homem, que não a trata bem e ela o sabe, e, mesmo assim, segue com a obsessão, obstinada, alimentando esse ciclo até que ela percebe que pode ir embora.

“Como entender-me? Por que de início aquela cega integração? De que matéria sou feita onde se entrelaçam mas não se fundem os elementos e a base de mil outras vidas? Sigo todos os caminhos e nenhum deles é ainda o meu. Fui moldada em tantas estátuas e não me imobilizei...”


O último conto, que dá título ao livro, é uma grande crítica social a respeito da desigualdade social, o que tem importância para uns e para outros não e da miséria humana, a miséria dos sentimentos e a maneira como olhamos os outros e a nós mesmos. É fantástico, atual, triste e muito, muito filosófico.

“Teve vontade de gritar para o mundo: “Eu não sou ruim! Sou um produto nem sei de quê, como saber dessa miséria de alma””.

Clarice é sempre uma leitura recomendada!

comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Dani.Menezes 06/08/2017

Ela entendia de contos...
A Bela e a Fera:

De repente – de repente tudo parou. Os ônibus pararam, os carros pararam, os relógios
pararam, as pessoas na rua imobilizaram-se – só seu coração batia, e para quê?
Viu que não sabia gerir o mundo. Era uma incapaz, com cabelos negros e unhas compridas
e vermelhas. Ela era isso: como uma fotografia colorida fora de foco. Fazia todos os dias a lista do que precisava ou queria fazer no dia seguinte – era desse modo que se ligara ao tempo vazio. Simplesmente ela não tinha o que fazer. Faziam tudo por ela. Até mesmo os dois filhos – pois bem, fora o marido que determinara que teriam dois...
“Tem-se que fazer força para vencer na vida”, dissera-lhe o avô morto. Seria ela, por acaso,
“vencedora”? Se vencer fosse estar em plena tarde clara na rua, a cara lambuzada de maquilagem e lantejoulas douradas... Isso era vencer? Que paciência tinha que ter consigo mesma. Que paciência tinha que ter para salvar a sua própria vida. Salvar de quê? Do julgamento? Mas quem julgava? Sentiu a boca inteiramente seca e a garganta em fogo – exatamente como quando tinha que se submeter a exames escolares. E não havia água! Sabe o que é isso – não haver água?
comentários(0)comente



Priscila 11/02/2019

A bela e a fera é um livro de contos inacabado de Clarice Lispector, escrito entre 1940 e 1941. Na edição da foto temos esses contos e também os dois últimos escritos pela autora, inclusive o que dá título ao livro. A leitura proporciona comparar a linguagem e o estilo de escrita de Clarice em dois momentos, o dos primeiros contos e o dos dois últimos. É uma boa leitura pra quem não conhece Clarice ou leu pouca coisa dela, um livrinho bom pra começar. Me marcaram muito os contos Gertrudes pede um conselho e Obsessão (apesar de aguardar um final melhor pra este último), pela maneira como a autora trata e descreve esses sentimentos envolvidos na sensação de deslocamento e não pertencimento e nas tentativas de resolvê-los. A condição de viver num estado de pouca satisfação e de se sentir incompreendido por isso, e buscar uma saída e, encontrando, se dar conta de que a saída é na verdade outra é um ponto em comum entre as personagens desses dois contos. E eu me identifiquei muito com isso.
comentários(0)comente



06/12/2019

Essa coletânea traz um apanhado de contos publicados postumamente, que foram escritos em dois períodos: décadas de 1940 e 1970. E há uma diferença gritante entre eles, sendo esse segundo o meu predileto.

Em Um Dia a Menos e A Bela e a Fera, nota-se um profundo amadurecimento da escrita. Ambos trazem uma leitura instigante, enquanto os outros chegam a ser quase tediosos, embora eu consiga encontrar bastante relevância em todos eles ainda hoje no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade.

Aliás, esse é o grande tema aqui, com praticamente todos os contos dividindo o mesmo pano de fundo: mulheres inquietas, desempenhando um papel que não reflete quem elas são ou o que desejam, mas sim o que a sociedade espera delas.

E apesar da época em que os contos se situam, ele consegue transcender o tempo, porque fala de algo muito mais interno do que externo, então enquanto você lê sobre essas mulheres, acaba voltando o foco para si mesmo também.

Li poucas obras da Clarice, mas é algo que eu quero consertar nos próximos anos.
comentários(0)comente



João Lucas 28/02/2020

Clarice é uma escritora complexa e muitas vezes não entendemos o que ela quis dizer, mas quando compreendemos a gente percebe a brilhante escritora que ela foi. Em A Bela e a Fera é possível perceber isso.
comentários(0)comente



Evy 18/03/2020

"Cada pessoa é um mundo"
“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o “mal de muitos” é consolo, mas não é solução”.

O que falar da escrita dessa mulher maravilhosa? Qualquer coisa que eu diga já virou clichê e eu já sou suspeita porquê sou muito fã. Esse livro foi publicado postumamente e é uma coletânea de oito contos que foram escritos em duas fases bem diferentes da vida da autora. Seis contos entre 1940-41 e nos apresenta a escrita de uma jovem aflita de 14 anos que começa a inventar histórias e escrever seus contos e os últimos dois de 1977, pouco antes de sua morte. Todos eles revelam personagens mulheres procurando entender o sentido de suas vidas.

De nossas vidas, porque Clarice escreve a gente. É impossível não se encontrar em algum pensamento, em alguma frase, em uma das inúmeras situações que ela nos descreve tão brilhantemente. E mesmo que você não se encontre, ou não tenha passado pelo que ela está descrevendo, aquilo te faz refletir de uma forma profunda. Na minha opinião é justamente isso que assusta na literatura dela. Clarice faz você mergulhar em reflexões que talvez você não esteja ainda preparado pra fazer, ou que simplesmente não queira, mas não tem muita escolha. Se abriu o livro, não tem mais como voltar atrás. Palavra por palavra ela te puxa pra dentro e quando você vê já está se questionando de muitas coisas.

O último conto em específico é simplesmente sensacional e me lembrou muito um outro conto dela chamado Perdoando Deus que me marcou profundamente. O conto deste livro, que dá o nome ao livro, se intitula: "A Bela e a Fera ou a ferida grande demais" e trata do encontro de uma socialite com um mendigo ferido em Copacabana que faz com que ela faça uma relação entre a ferida aberta do mendigo e o quanto ela era real, com ela mesma e o fato de que não passava de uma mentira encoberta de jóias e maquiagem desfilando em salões escondendo um imenso vazio, sua ferida. Clarice é magistral! E sabe muito bem usar as palavras e nos fazer refletir sobre o que realmente importa.

Fecho essa resenha, com mais uma citação desse livro que recomendo demais a leitura, como todos de Clarice:

"Tudo lhe perdoo, tudo perdoo aos que não sabem se prender, aos que se fazem perguntas. Aos que procuram motivos para viver, como se a vida por si mesma não justificasse”.
comentários(0)comente



Clube Tripas 22/03/2020

[Resenha]
Conteúdo: Jovem/Adulto.
Livro: A Bela e a Fera
Autora: Clarice Lispector
Editora: @editorarocco
Páginas: 110
Avaliação: Adorei (5/5)
Mês: Março/19
Bibliotecária: Evelyn Ruani / Sumaré - SP
@blog_entreaspas

“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o “mal de muitos” é consolo, mas não é solução”.

O que falar da escrita dessa mulher maravilhosa? Qualquer coisa que eu diga já virou clichê e eu já sou suspeita porquê sou muito fã. Esse livro foi publicado postumamente e é uma coletânea de oito contos que foram escritos em duas fases bem diferentes da vida da autora. Seis contos entre 1940-41 e nos apresenta a escrita de uma jovem aflita de 14 anos que começa a inventar histórias e escrever seus contos e os últimos dois de 1977, pouco antes de sua morte. Todos eles revelam personagens mulheres procurando entender o sentido de suas vidas.

De nossas vidas, porque Clarice escreve a gente. É impossível não se encontrar em algum pensamento, em alguma frase, em uma das inúmeras situações que ela nos descreve tão brilhantemente. E mesmo que você não se encontre, ou não tenha passado pelo que ela está descrevendo, aquilo te faz refletir de uma forma profunda. Na minha opinião é justamente isso que assusta na literatura dela. Clarice faz você mergulhar em reflexões que talvez você não esteja ainda preparado pra fazer, ou que simplesmente não queira, mas não tem muita escolha. Se abriu o livro, não tem mais como voltar atrás. Palavra por palavra ela te puxa pra dentro e quando você vê já está se questionando de muitas coisas.

O último conto em específico é simplesmente sensacional e me lembrou muito um outro conto dela chamado Perdoando Deus que me marcou profundamente. O conto deste livro, que dá o nome ao livro, se intitula: "A Bela e a Fera ou a ferida grande demais" e trata do encontro de uma socialite com um mendigo ferido em Copacabana que faz com que ela faça uma relação entre a ferida aberta do mendigo e o quanto ela era real, com ela mesma e o fato de que não passava de uma mentira encoberta de jóias e maquiagem desfilando em salões escondendo um imenso vazio, sua ferida. Clarice é magistral! E sabe muito bem usar as palavras e nos fazer refletir sobre o que realmente importa.

Fecho essa resenha, com mais uma citação desse livro que recomendo demais a leitura, como todos de Clarice:

"Tudo lhe perdoo, tudo perdoo aos que não sabem se prender, aos que se fazem perguntas. Aos que procuram motivos para viver, como se a vida por si mesma não justificasse”.
comentários(0)comente



Leticia 16/04/2020

Clarice
Eu sinto a profundidade de Clarice e sinto também a complexidade dela e de seus escritos... Uma obra prima!
comentários(0)comente



Elisangela 23/04/2020

Rainha dos contos
Sou fã dos contos de Clarice Lispector, em suas histórias seria personagens são sempre reflexivos, questionadores, adoro sua forma de escrever. Esse livro traz alguns dos seus contos escritos na década de 40 e dois escritos em 1977. Todas tratam de um tema em comum, as mulheres e suas indagações sobre suas vidas, suas posições, seus amores, suas decisões. Clarice expressando pensamentos e sentimentos femininos como ela faz fazer tão bem.
comentários(0)comente



Ruth Diniz 14/06/2020

Um livro de contos que explora a mente humana. Os dilemasdas pessoas. Acho que esse é o principal objetivo. Se você ler o livro sobre essa perspectiva psicológica fica mais fácil compreender.
comentários(0)comente



Cris Galaxe 17/06/2020

A Bela e a Fera - Clarice Lispector
Uma linda coletânea de contos que fala da vida humana, dos problemas do cotidiano, da busca pela felicidade, do relacionamento de casais, da vida da mulher numa sociedade patriarcal e consequentemente, machista.

?Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o ?mal de muitos? é consolo, mas não é solução?

Sem dúvidas, recomendo essa leve viagem pelos contos de Clarice.
comentários(0)comente



Melodiadoslivros 31/07/2020

A bela e a fera
Oi, oiii gente! Tudo bem com vocês ?

Vim comentar um pouco sobre minha ultima leitura, finalizado essa semana. A bela e a fera, Clarice Lispector. Se tem alguém que goste de literatura nacional, sou eu haha!!!

Esse livro contém contos onde Clarice
escreveu entre 1941 e 1942. Foram os primeiros contos da autora e mesmo sendo obras inacabadas, que nos passam sentimentos profundos com temáticas importantes. Como: Domínio/ suicido/ autonomia/ amor/ compreensão / sabedoria.

E só foram publicados após a morte da autora, e o nome do livro foi atribuído a um dos contos.

Com grande maestria escrevia poesia com narrativas, frases elegantes que hoje em dia é muito difícil de encontrar em titulos nacionais. Cada conto nos passam uma mensagem importante, uma leitura que tem que ser feita com paciência e aproveitamento.

Os contos que mais gostei:

Obsessão
A fuga
A bela e a fera, a ferida grande demais.

So afirmo que é um livro que merece ser lido.

E, sobretudo, pela primeira vez, eu, ate então profundamente adormecida, vislumbrava as ideias.
comentários(0)comente



skuser02844 19/08/2020

Meu primeiro livro de Clarice
Clarice é um fenômeno de mulher. Me atrevo a dizer que é vanguardista em retratar mulheres diferentes com contextos diferente, que se entrelaçam de alguma forma. O conto que dá nome ao livro é de revirar o estômago de tão chocante. Incrível como ela traduz cenas simples do cotidiano com olhar crítico e talvez amargo. Kkkk gostei muito
comentários(0)comente



127 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR