spoiler visualizarAmanda 17/12/2020
Ler Clarice e conhecer sua visão de mundo, mesmo que na flor da juventude, é um presente. Ela nos apresenta a inquietude da mulher comum, tão pouco ouvida em sua época e ainda hoje, em busca de auto conhecimento e liberdade.
No primeiro conto, A história interrompida, Clarice já nos sacode com um conto sobre suicídio, como nos destruímos e destruímos aos outros, sem salvação.
Em Gertrudes pede um conselho, Tuda nos mostra a complexidade do ser humano, suas emoções e contradições, principalmente quando se é uma jovem que busca ver e questionar a beleza das coisas.
Obsessão mostra a descoberta da vida. Cristina desperta da inconsciência mundana de vida pacata para uma vivência de sentir: dor, agitação, liberdade.
Em O delírio, Clarice compara a necessidade de criar a um esgotamento necessário. Não é possível escolher.
Em A fuga, mostra como não é fácil sair de uma situação longa, mesmo que essa nos prenda. Em como a dependência financeira afeta a vida da mulher. Mas, às vezes, são necessários alguns minutos de fuga e liberdade.
Em Um dia a menos, Clarice fala sobre como esperar pelo depois é não ser, não aproveitar a vida.
Em A Bela e a Fera, um soco no nosso estômago, Clarice reflete sobre as diferenças, como nos tornamos burros ou cegos para nos adequar ao sistema e nos esquecemos que somos todos humanos. Uma ferida infelizmente ainda tão atual. Além disso, a pobreza não vem só da falta de dinheiro, mas também da alma, do amor, das feridas.