A bela e a fera

A bela e a fera Clarice Lispector




Resenhas - A Bela E A Fera


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Dani.Menezes 06/08/2017

Ela entendia de contos...
A Bela e a Fera:

De repente – de repente tudo parou. Os ônibus pararam, os carros pararam, os relógios
pararam, as pessoas na rua imobilizaram-se – só seu coração batia, e para quê?
Viu que não sabia gerir o mundo. Era uma incapaz, com cabelos negros e unhas compridas
e vermelhas. Ela era isso: como uma fotografia colorida fora de foco. Fazia todos os dias a lista do que precisava ou queria fazer no dia seguinte – era desse modo que se ligara ao tempo vazio. Simplesmente ela não tinha o que fazer. Faziam tudo por ela. Até mesmo os dois filhos – pois bem, fora o marido que determinara que teriam dois...
“Tem-se que fazer força para vencer na vida”, dissera-lhe o avô morto. Seria ela, por acaso,
“vencedora”? Se vencer fosse estar em plena tarde clara na rua, a cara lambuzada de maquilagem e lantejoulas douradas... Isso era vencer? Que paciência tinha que ter consigo mesma. Que paciência tinha que ter para salvar a sua própria vida. Salvar de quê? Do julgamento? Mas quem julgava? Sentiu a boca inteiramente seca e a garganta em fogo – exatamente como quando tinha que se submeter a exames escolares. E não havia água! Sabe o que é isso – não haver água?
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Léia Viana 06/09/2016

Leitura maravilhosa!!!!
“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o ‘mal de muitos’ é consolo, mas não é solução.”

Livro de contos espetacular! Divididos em duas partes, sendo a primeira escrita entre o ano de 1940-1941, e a segunda parte em 1977, acredito que um dos últimos contos escritos por ela. “A história interrompida” – conto que abre o livro – é sobre paixão e a maneira como vemos a pessoa que nos desperta esse sentimento, a descrição feita da personagem do até então ‘objeto da paixão’ logo nas primeiras linhas é quase que uma nostalgia, bem no sentido literal da palavra, entretanto, o conto termina de uma maneira tão abrupta, que quase chego a sentir a lembrança melancólica da personagem e a de perder a esperança na humanidade.

O segundo conto “Gertrudes pede um conselho” é bem interessante. Gertrudes é uma menina que resolve escrever para uma doutora que atende em um jornal, e essa carta faz com que a doutora queira vê-la pessoalmente, o que desencadeia uma insegurança de como se portar diante dela e várias “suposições” do que a doutora pode pensar a seu respeito. A medida que a leitura segue, vamos acompanhando todas as conclusões que Gertrudes irá chegar, o que torna o conto bem significativo.

“Até que um dia descobriram em mim uma mocinha, abaixaram meu vestido, fizeram-me usar novas peças de roupa e consideraram-me quase pronta. Aceitei a descoberta e suas conseqüências sem grande alvoroço, do mesmo modo distraído como estudava, passeava, lia e vivia.”

Obsessão foi o meu conto favorito deste livro. É também o mais longo. Perceber como as coisas acontecem, o quanto nos doamos em algo obsessivamente é um troço louco, doentio e difícil de entender. E esse conto narra exatamente isso, a obsessão de uma mulher que tem uma vida simples, envolta de pessoas queridas e que de repente se envolve nesta obsessão por um homem, que não a trata bem e ela o sabe, e, mesmo assim, segue com a obsessão, obstinada, alimentando esse ciclo até que ela percebe que pode ir embora.

“Como entender-me? Por que de início aquela cega integração? De que matéria sou feita onde se entrelaçam mas não se fundem os elementos e a base de mil outras vidas? Sigo todos os caminhos e nenhum deles é ainda o meu. Fui moldada em tantas estátuas e não me imobilizei...”


O último conto, que dá título ao livro, é uma grande crítica social a respeito da desigualdade social, o que tem importância para uns e para outros não e da miséria humana, a miséria dos sentimentos e a maneira como olhamos os outros e a nós mesmos. É fantástico, atual, triste e muito, muito filosófico.

“Teve vontade de gritar para o mundo: “Eu não sou ruim! Sou um produto nem sei de quê, como saber dessa miséria de alma””.

Clarice é sempre uma leitura recomendada!

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Ci=^.^= 10/05/2009

Assim como todas as obras de Clarice, maravilhosas ao meu ver, introspectiva, intimista, irreverente, sobre nosso cotidiano, nossos pensamentos mais simples e ao mesmo tempo tão complexos, rs!
para quem não gosta de fugas da realidade e "breguice", está é a poetisa!
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Elizandra 29/05/2016

Inconfundivel
Neste livro há oito contos. O que mais gostei foi "Gertrudes pede um conselho", com uma passagem que me chamou muito a atenção " Gostaria de dizer que um dia encontrará o que procura tão confusamente. é uma espécie de calma que vem do conhecimento de si própria e dos outros. Mas não se pode apressar a vinda deste estado. Há coisas que só se aprende quando ninguém as ensina. E com a vida é assim mesmo. Há mais beleza em descobri-lá sozinha, apesar do sofrimento. Os sensíveis são simultaneamente mais infelizes e felizes que os outros."
Outro conto que achei incrível foi o que deu titulo ao livro " A bela e a fera ou A ferida grande demais". Neste conto a bela sofre de uma crise existencial ligada a um embate social ao deparar-se com um mendigo que lhe faz um pedido. "Há coisas que nos igualam", pensou procurando desesperadamente outro ponto de igualdade. Veio de
de repente a resposta: eram iguais porque haviam nascido e ambos morreriam. Eram, pois, irmãos."
Também achei bem interessante o conto "Um dia a menos". Enfim, todos são muito bons.
A intenção desse volume de contos é apresentar mulheres muito diferentes, mas iguais na busca de alguma solução para um problema existencial que é, por natureza, complexo.
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Su 28/01/2016

Esse livro é composto por oito contos. Seis deles escritos na adolescência e dois escritos durante a sua doença. Ele foi publicado após a sua morte. Vou falar um pouco sobre aqueles que mais gostei.
“Gertrudes pede um conselho” conta a estória de uma garota de dezessete anos que sente demais. Ela tenta resolver esse problema mandando uma carta para uma doutora, consultora de um jornal.
“A menina era mais perspicaz do que pensara. Não, não era a verdade. A doutora sabia que se pode passar a vida inteira buscando qualquer coisa atrás da neblina, sabia também da perplexidade que traz o conhecimento de si própria e dos outros. Sabia que a beleza de descobrir a vida é pequena para quem procura principalmente a beleza nas coisas. Oh, sabia muito. Mas estava cansada do duelo. O escritório novamente vazio, afundar no divã, fechar as janelas – a repousante escuridão. Pois se aquele era o seu refúgio, apenas dela, onde até ele, com sua enervante e calma aceitação da felicidade, era um intruso!”
“Obsessão” é a estória de uma mulher que após contrair febre tifoide, o marido decide enviá-la para Belo Horizonte, para que se recupere. E, é aí que ela conhece o Daniel, um homem enigmático, que a faz enxergar o mundo de outra forma.
“Como se necessitasse de tal programa... Tudo nele atingia naturalmente o máximo, não na objetivação, mas num estado de capacidade, de exaltação de forças, de que ninguém se beneficiava e que era por todos, além dele, ignorado. E esse estado era o seu auge. Assemelhava-se ao que precederia uma realização e ele ardia por alcançá-lo, sentindo-se, quanto mais sofria, mais vivo, mais castigado, quase satisfeito. Era a dor da criação, sem a criação embora.”
“A bela e a fera” conta a estória de uma mulher rica que sai do salão de beleza antes do horário e, por isso é obrigada a esperar na rua. Nisso, aparece um mendigo lhe pedindo dinheiro.
“Nunca mais seria a mesma pessoa. Não que jamais tivesse visto um mendigo. Mas – mesmo este era em hora errada, como levada de um empurrão e derramar por isso vinho tinto em branco vestido de renda. De repente sabia: esse mendigo era feito da mesma matéria que ela.
Simplesmente isso. O “porquê” é que era diferente. No plano físico eles eram iguais. Quanto a ela, tinha uma cultura mediana, e ele não parecia saber de nada, nem quem era o Presidente do Brasil. Ela, porém, tinha uma capacidade aguda de compreender. Será que estivera até agora com a inteligência embutida? Mas se ela já há pouco, que estivera em contato com uma ferida que pedia dinheiro para comer – passou a só pensar em dinheiro? Dinheiro esse que sempre fora óbvio para ela. E a ferida, ela nunca a vira tão de perto...”
Gostei muito desse livro. Afinal, é impossível para mim não gostar de Clarice.

site: http://detudoumpouquino.blogspot.com
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Amandinha 27/01/2016

Muito bommmmm
Muito bom esse aplicativo
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Vitor 14/06/2015

A Bela e a Fera (Clarice Lispector)
O conto “História Interrompida” (pág. 13) narra um relacionamento fictício, onde uma mulher de imaginação fértil, pensa em conversas que poderia ter com o homem que ama cujo tal fato era praticamente impossível de acontecer, pois o mesmo era muito frio e duro.
O conto “A fuga” (pág. 74), narra a história de Elvira, uma mulher que resolve fugir de casa e pegar um navio sem destino, em meio à chuva. Lá ela relembra o passado e depois de um tempo, retorna pra sua casa, onde sofre afinal ninguém havia sentido sua falta.
O conto “Um dia a menos” (pág.89) narra a história de Margarida uma mulher de vida solitária e monótona. Em um dia seu telefone toca e ela fica eufórica e surpresa, mas logo a emoção passa ao saber que a mesma foi apenas um engano.
O último conto do livro é “A bela e a fera ou A ferida grande demais” (pág.99) narra a história de Carla, uma mulher rica e de bom casamento, que nas idas e vindas da vida acaba esbarrando em um mendigo. O mesmo lhe faz ver o mundo com outros olhos, pois apesar das desigualdades sociais entre eles, ambos mendigavam algo, ele dinheiro e ela amor.
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Dayane 13/04/2015

A Bela e a Fera
A Bela e a fera-Clarice Lispector
Carla de Sousa e Santos é uma bela mulher rica de apenas 35 anos, em dia comum foi ao cabeleireiro que ficava em um nobre bairro carioca, ao sair seu José o chofer deveria estar a sua espera, porém, ela havia dito que ele fosse busca-la às cinco horas e ainda eram quatro horas da tarde, pensou em chamar um táxi, porém o dinheiro que tinha era uma nota de quinhentos cruzeiros assim deduziu que o homem do táxi não teria troco, pensou então que seria interessante aguardar de pé na rua, pois fazia uma bela tarde de maio.
Enquanto esperava passou a admirar-se em espelhos pensando o quanto era bela, ela fazia parte da classe social dos que “podiam” e esse fato era devido ao seu casamento por interesse, vivia protegida do mundo real, cercada pelo luxo e ignorante com relação a realidade das pessoas de outras classes sociais.
Até que o encontro causado pelo acaso mudou totalmente sua visão do mundo e de si mesma, durante o tempo que esperava por seu chofer foi surpreendida pela imagem de um mendigo que lhe pedia esmola, ficou em estado de choque diante daquela imagem tão distante de tudo o que ela havia visto em seu mundo até então, o que havia diante dela era o produto de uma sociedade desigual, sociedade esta que ela desconhecia ate àquele momento.
O mendigo pedia-lhe dinheiro com palavras perdidas em meio a falta de dentes e ela não pôde deixar de notar “a ferida grande demais” que havia em sua perna. Pelo breve momento em que ficou sem reação a observa-lo o mendigo achou que Carla o daria pouco dinheiro ou quase nada, porém ela o perguntou se quinhentos cruzeiros estariam bons para ele, o mendigo por um momento pensou que ela estava a desdenhar dele e surpreendeu-se quando ela o deu a nota de quinhentos cruzeiros.
A partir desse momento Carla passa a refletir sobre sua vida, sua condição social, seus princípios, seus hábitos e passa a se enxergar de forma diferente, começa a perceber que o mundo vai muito além do limite da riqueza que ela conhecia, e que tudo o que ela vive são coisas superficiais distantes de muitas outras realidades, em seu momento de reflexão chega a comparar-se ao mendigo alegando que nunca pediu esmolas, mas mendiga o amor do marido que tem duas amantes, mendiga que as pessoas a achem bonita. Já ciente de tudo isso decide juntar-se ao mendigo e sentar no chão.
Já em seu carro um pouco desnorteada Carla pensa “eu estou brincando de viver”.
Este conto retrata bem as desigualdades presentes na nossa sociedade, esquematizando a realidade do rico e do pobre, da bela e da fera.
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Anderson 07/01/2015

Um despertar para a realidade
Ler Clarice, para mim, e ler a alma do ser humano. A autora mesmo disse que as pessoas são tristes, e que se tornam assim depois de um "baque" que a vida dá na gente, fazendo com que acordemos para enfrentar a realidade que nos cerca.
Os contos desta coletânea são delicados, pois nos conta histórias de beiram à realidade da vida.

Ler Clarice é ler uma verdade maquiada, triste e real.
Fortes são aqueles que encaram a escrita de Clarice Lispector.

Abs,
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Ramony 25/09/2014

"É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir..."
O intenso, imenso e terno mundo de Clarice Lispector!
A Bela e a Fera é mais um livro que nos deixa em silêncio, após à leitura de alguns textos. E, poderia falar de tantos sentimentos que este livro despertou em mim. Mas tem horas que calar ou falar é a mesma coisa! Tenho direito ao grito e tenho direito ao silêncio. Entre um e outro, apenas sinto!
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Jamille Santos 02/08/2014

A bela e a Fera – Clarisse Lispector
O livro reuniu vários contos. Alguns eu categorizaria como psicológicos alguns tratam das relações sociais, entre outras temáticas. Já li Clarisse, mas achei um livro um pouco solto, não consegui achar um sentido para alguns contos. Embora tenha amado outros. Clarisse traz muitas frases sobre o amor e as relações cotidianas que fazem o leitor parar para refletir sobre as mesmas e a vida que levamos. O conto que dar nome ao livro é extraordinário, amei.
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Kamila 19/11/2011

“A Bela e a Fera” nos coloca diante de doses homeopáticas do único estilo de escrever de Clarice Lispector. Interessante perceber que mesmo diante de contos cujas estruturas são bem simples (se é que se pode dizer que qualquer coisa vinda de Clarice é simples), podemos notar as principais características da prosa da escritora: o fraseado pungente, cortante e intenso, que mexe com a gente e que faz com que nós nos coloquemos dentro da história. Também é muito interessante ver que, nos oito contos, encontramos aquela grande motivação de Clarice: conhecer o ser humano, as suas emoções e as suas idiossincrasias. Além disso, temos também aquele grande achado da Literatura de Clarice Lispector: o fato de que, muitas vezes, diante das mais banais situações de vida, diante de algo que nem parece ser especial, chegamos ao momento de realização em que encontramos aquilo que somos. E isso irá bastar.
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Maíra Souza 02/09/2010

Em seus contos, Clarice conta coisas do cotidiano. Não são textos enfeitados para que gostem. Mas para que reflitam. Até porque é muito difícil chegar ao nível de entendimento necessário pra entender bem o que ela tenta expressar.
Casamentos vazios, um quê de desejar o que nem sempre faz bem, e até mesmo o quanto muitas pessoas vivem BEM e outras apenas vivem. Como as diferenças sociais.
O conto que desperta mais pra realidade é também o título desse livro. Fala do que se sente por dentro, do quanto podemos ser egoístas a ponto de viver num mundo onde não se percebe ou não se quer ver as injustiças. Mas ainda sim reconhecer que por dentro, alguns se sentem como um mendigo. Mendigando... Não comida e roupas. Mas algo que preencha os vazios que as coisas materiais, dinheiro e status não preenchem.
Coisas reais, que tem mais valor.
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DIRCE 07/06/2010

Era uma vez...
Era uma vez uma jovenzinha que tinha o dom de, como uma “vampira”, sugar, de absorver toda energia da “alma” feminina e, como não lhe era possível guardar para si todas emoções, angustias, anseios capturados, encontrou um meio apaziguar a sua "alma" : A ESCRITA.
Resultado: a jovenzinha escreveu 06 lindos contos que falam sobre a necessidade que a mulher tinha de se “libertar”, das suas necessidades de conquistas e dos anseios de uma adolescente.
A menina cresce , na verdade, se “agiganta” e, como escrever lhe era vital, escreveu Romances, Contos, Crônicas e Livros Infantis.
Bem próximo da sua morte escreveu 02 Contos, Contos estes, que figuram juntamente com os 06 Contos escritos na juventude no livro a Bela e a Fera, livro, que acabo de ler e AMAR.
De todos os contos constantes nesse livro os que mais me tocaram foram: Gertrudes pede um Conselho (penso que me vi menina, na menina Gertrudes - a Tuda ) e a Bela e a Fera ou Uma Ferida Grande Demais, conto que deu o Título ao livro, e que por ser uma denúncia social “rasgada” e escancarada me tocou de forma contundente.
Valeu muito, valeu muito a leitura desse livro, mas recomendo somente aqueles que apreciam a escritora Clarice Lispector.



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