Walden

Walden Henry David Thoreau




Resenhas - Walden


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Eduardo 05/10/2022

"(...) pois o homem só precisa girar de olhos fechados uma única vez neste mundo para se perder"
Escrito em 1854, "Walden (ou A Vida nos Bosques)" é um conjunto de ensaios de Henry David Thoreau que esmiuçam sua experiência, iniciada em 1845, de passar dois anos e dois meses vivendo nos bosques, especificamente nos arredores do lago Walden, em Massachusetts, em uma propriedade de seu amigo de longa data, Ralph Waldo Emerson.

Crítico do estilo de vida industrial estadunidense, Thoreau usa suas experiências para questionar uma série de comportamentos sociais que até hoje geram discussões e controversas. Ao se estabelecer nas proximidades do lago Walden, sua intenção não era apenas de experimentar uma vida mais simplória e de conexão com a natureza, como também de fazer uso de sua solitude para se permitir a elucubração de questões existenciais ora mais amplas, ora bastante acuradas, o que fez de sua obra uma grande referência para o naturalismo.

No início de seus textos, somos apresentados a uma jornada iniciada com a construção, por conta própria, de sua cabana, um pequeno espaço, com pouquíssimos móveis, onde Thoreau passará grande parte de seus dias. Esse episódio serve para que o autor discorra a respeito do que ele considerava um desperdício de espaço, material, tempo e energia quanto ao que é necessário ao ser humano para que possa viver confortavelmente. A partir dessa premissa, diversos outros assuntos serão esmiuçados partindo do pressuposto do desperdício, o que estenderá a narrativa a temas como o excesso de trabalho, a desproporcionalidade entre a alimentação e a energia, a relação prejudicial do homem para com a natureza e o excesso de companhia humana para que o ser humano se sinta pleno, em detrimento de sua própria e consciente companhia.

Esses dois anos se converteram em um período de grande mudança para Thoreau, que desenvolveu um pensamento muito mais carregado de amabilidade para com a natureza, tanto que, previamente caçador, passou a defender a ideia de uma dieta vegetariana, por exemplo.

Apesar de ter se isolado na floresta, Thoreau não viveu necessariamente um regime eremita, nem se mostrou misantropo, como é comum que o classifiquem. Durante sua experiência, fez e recebeu visitas diversas, inclusive em grande número. Também ia à cidade para comprar o que lhe era necessário e que não podia construir ou cultivar por conta própria. Suas visitas às vezes demoravam horas, frequentemente devido à curiosidade que outras pessoas alimentavam por seu modo de vida, coisa que ele achava extremamente simples de explicar, mas aparentemente difícil de entender por parte daqueles que estavam acostumados demais com a rotina, as facilidades e preocupações da civilização industrial do século XIX. Ademais, conversava sobre literatura, história, economia e filosofia.

Aliás, segundo sua filosofia, a grande massa vivia um "desespero calado", demonstrando uma aparente conivência com os percalços de sua vida, amparando-se às vezes ao conformismo de seus destinos, às vezes aos meros momentos de contentamento provindos de um lazer que era, na realidade, apenas uma recompensa por seus "trabalhos desnecessários". A ociosidade nunca foi vista com bons olhos pela cultura norte-americana, que fomentava a produção acima de qualquer outra ideia. O tempo ocioso permitia que as dúvidas e ideias florescessem, porque deixava a mente mais tranquila e aberta a questões que não fossem meramente as preocupações cotidianas. Era muito mais fácil obter as recompensas do repouso em um ambiente natural, livre de distrações, do que em um ambiente cercado de afazeres e de pessoas apressadas, o que não é, convenhamos, nenhuma novidade.

Apesar de seus longos rodeios, majoritariamente dedicados a explanações bastante detalhadas de seu meio (como o comportamento do lago, a rotina dos animais e o ciclo das árvores), "Walden" é uma obra que discute, acima de tudo, a contemplação e o transcendentalismo perante visões ainda mais amplas, que questionam a relação do homem com o ambiente, suas posses relativizadas diante de suas necessidades reais, o embate entre o trabalho e o lazer e, ainda mais importante, o descontrole energético, emocional, intelectual e espiritual nas relações sociais.

Esse é um dos pontos mais interessantes, porque acaba envolvendo todos os outros de alguma maneira. Thoreau questiona o excesso de trabalho e afazeres, que acaba por nos deixar distantes de um desenvolvimento intelectual e social mais sadio, fazendo com que procuremos em outras pessoas um modo de completar nossa existência, e não apenas de complementá-la. Assim, fazemos das outras pessoas adornos cuja utilidade é nos distrair de um estilo de vida cansativo, infeliz e improdutivo para o intelecto e para o espírito. É por essas e outras discussões que os temas abordados em Walden continuam tão relevantes atualmente.

Defensor de uma solidão voluntária e contemplativa (o que hoje conhecemos como solitude, sua irmã mais poética), Thoreau condenava o excesso de companhia humana quando não necessária - a dependência emocional. Segundo ele, o homem precisava de sua privacidade para que pudesse clarear seu intelecto, descobrir suas forças e fraquezas, entender e ponderar suas dores e esperanças, para que, assim, suas companhias fossem qualitativas, não quantitativas. Para que isso fosse possível, não bastava ao homem um isolamento qualquer, mas sim um isolamento proposital, em contato direto com a natureza - a grande essência de toda a vida, a grande maestra, o elo vital entre o homem e seu propósito, a facilitadora da simplificação das necessidades materiais do homem -, para que ele pudesse, enfim, encontrar sua paz, sua essência e sua independência, características que permeiam todas as odes filosóficas do autor.

Apesar do ritmo lento, Walden é uma leitura esclarecedora, desafiadora e necessária, que deve ser lida a passos mais demorados, para que o leitor, mais do que absorver, possa também criticar e discorrer sobre o que lhe é proposto pensar. Como disse o próprio Thoreau, sua intenção não era a de mudar o mundo, apenas de que suas observações pudessem ser analisadas e questionadas. Incisivo em suas indagações, o livro continua sendo não apenas um marco para sua época, como também um ponto de partida bastante promissor para discutirmos o estilo de vida contemporâneo, ainda mais complexo que o de seu tempo, mas compartilhando da mesma falta de firmeza de suas raízes.

"Fui morar na floresta porque desejava viver deliberadamente, enfrentar apenas os fatos essenciais da vida, e ver se conseguia aprender o que ela tinha a ensinar, em vez de descobrir só na hora da morte que não tinha vivido."

site: https://alemdoslivros.com/walden-henry-d-thoreau/
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Haylane.Rodrigues 19/02/2012

Walden ou A vida nos bosques
"Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que tinha a me ensinar, em vez de descobrir à hora da morte, que não tinha vivido." - Thoreau

Embora o subtítulo soe romântico, Walden não é um romance, mas antes um livro de sermões, um manual para transcender as inutilidades do mundo e alcançar a auto-suficiência absoluta, de forma a transpor os limites do próprio eu. Henry David Thoreau foi um desbravador de mentes e deixou marcado nas páginas de Walden seu legado, o que se pode definir como um verdadeiro testamento ético-espiritual.

Numa época em que de súbito o cotidiano foi tomado por uma complexidade urbana movida pelo intenso industrialismo, Thoreau demonstrou sua insatisfação profunda com a tal medida extrema: largou a vida na sociedade em 1845 e foi viver sozinho na floresta, o lugar escolhido foi ao lado do lago Walden, ali construiu sua cabana, plantou sua pequena horta. Viveu por dois anos, dois meses e dois dias apenas do que julgava essencial, o que resultou numa vida simples, sem exageros e sem desperdícios, se dedicando profundamente ao estudo, a contemplação e ao autoconhecimento.

Ainda antes de pensar em imitá-lo, Thoreau nos reprime claramente, essa foi a busca dele, cada um que se detenha em buscar a si próprio.

Em seu isolamento experimentou de uma liberdade única e descobriu, em contato com a natureza e os livros, uma nova visão de tudo e do todo, compreendendo inclusive a natureza mística do homem.

Seu estilo não prima pelo requinte literário, antes foi escrito espontaneamente, de uma retórica incalculada, o livro é extenso e por vezes prolixo, mas a impressão ao lê-lo é de se estar a uma longa e proveitosa conversa com o autor dentro da sua cabana remota, onde ele narra sua experiência, e através dela propõe-nos uma visão crítica do mundo. Aqui e ali citações vindas da bagagem de Thoreau: gregos e latinos, santos e poetas, chineses e persas.

Particularmente me afetou imaginar quais pensamentos o tomaram enquanto atravessava as estreitas ruas de Concord e seguia rumo ao oeste, com sua decisão tomada, a caminho de Walden. Segundo o próprio o que o moveu foi pensar que comemos muito porque trabalhamos muito, é uma questão de relatividade, se trabalhássemos menos comeríamos menos, logo, necessitaríamos de menos pra viver... e viveríamos bem, pois sobraria mais tempo para as coisas que gostamos.

Nota-se que Thoreau não fazia o que fez pra aparecer, chocar, todos os que eram próximos a ele o reconheciam como um gentil e solitário buscador da própria identidade. Desprezado, incompreendido, ofendido e até condenado (vide Desobediência Civil) tomou de acompanhante apenas a solidão, foi o exemplo vivo da doutrina de indiferença ao mundo moderno. Vivia no mundo, porém, sem compactuar ou mesmo se afetar com o mal do mundo.
Rústico porém não rude, um nobre selvagem. Robert Louis Stevenson concluiu que: Thoreau se apresentava tão distante da humanidade que é difícil saber se devemos chama-lo de semideus ou de semi-homem.

Acho saudável ficar sozinho a maior parte do tempo. Ter companhia, mesmo a melhor delas, logo cansa e desgasta. Gosto de ficar só. Nunca encontrei melhor companhia do que a que a solidão me proporciona. Em geral estamos mais solitários quando saímos e convivemos com os homens do que quando ficamos em nossos aposentos. - Thoreau

Walden celebra a vida natural, a boa convivência, os antigos costumes, a busca por si mesmo, os hábitos agradáveis. É um livro único, inimitável, tal qual a experiência de o ler.

P.S.: Indico imensamente também as outras obras do autor: Desobediência Civil e Andar a pé.
Camile Carvalho 19/12/2012minha estante
Ótima resenha! Estou terminando o livro, incrível. Digno de uma releitura mais detalhada.


Jorge 28/03/2013minha estante
chega a ser uma doutrina....
Thoreau é magnifico em suas contemplações da natureza....

Imagino o alto de uma montanha....

Brisa suave que voa invisivel
viajor dos vales profundos...............
Por que tão cedo abandona meus ouvidos


Érica 25/03/2015minha estante
Excelente mesmo a sua resenha. Me deixou com ainda mais vontade de ler a obra. Me apaixonei pelo autor quando li Desobediência Civil. Ele é incrível.


Josue.Reis 27/12/2018minha estante
Parabéns pela resenha! Muito boa. Ainda não li o livro, mas quero ler. Cheguei a ele quando fui pesquisar o significado da palavra "frugalidade" na Internet.


Taty 12/10/2021minha estante
Resenha incrível ? vontade de ler o livro imediatamente ????????




Deise 06/03/2021

"Vida que os homens louvam e consideram bem-sucedida é apenas um tipo de vida. Por que havemos de exaltar só um tipo de vida em detrimento dos demais?"

"Jamais homem algum decaiu em minha estima por usar uma roupa remendada; no entanto, tenho certeza de que os homens geralmente se preocupam mais em ter roupas elegantes, ou pelo menos asseadas e sem remendos, do que em ter uma consciência limpa."
Jão 06/03/2021minha estante
Fascinante!


Deise 06/03/2021minha estante
Demais


Jão 06/03/2021minha estante
A sinopse me lembrou o filme "na natureza selvagem", acho que tem o livro também, estilo nessa vibe.


LSS 06/03/2021minha estante
No filme a frase que Alexandre Supertrump cita desse autor é: " mais que amor, que dinheiro, que fé, que fama, que beleza, me deem verdade".


LSS 06/03/2021minha estante
A frase é uma paráfrase desse livro


Jão 06/03/2021minha estante
Caramba, que legal, eu usei ela uma vez e não fazia ideia de quem era. Quero ler esse livro!




Arsenio Meira 06/10/2015

O POETA DE TODOS OS LAGOS
Foi Henry David Thoreau quem ensinou o homem do século XIX a olhar a natureza, e a
si próprio. É em redor de Concord, Massachusetts, que ele observou minuciosamente a natureza - identificando árvores, flores e gramíneas, anotando o regresso das aves na primavera, medindo e dialogando com o nível das águas dos rios, os anéis das árvores e o tamanho das sementes.

Vivendo embora no século dezenove, ele é um precursor do moderno discurso ambientalista, pois reivindica a necessidade de conservar a natureza como uma espécie clarividente de essencial domínio de vitalidade e de diversidade.

Balizado por um saber científico, Thoreau, no entanto, não descura a vida em seus semblantes menos ornados e deseja alcançar os ritmos e os padrões universais, tendo sempre à mão uma linguagem poética: confessa ter grande fé numa semente; perante uma semente, prepara-se para esperar maravilhas.

Quando no ano de 1845 decide deixar a sua casa e ir viver para uma cabana que ele mesmo construiu junto ao lago Walden, Thoreau sabia o que procurava. Ele foi para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-se apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-lhe, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido.

Apostado em registrar a natureza envolvente, Thoreau viaja ao logo dos rios Merrimack e Concord em 1844 .Mas é com Walden, obra de 1854, e o centro de toda a sua produção literária, que Thoreau deixa um imperecível legado à humanidade. Vivendo quase dois anos junto ao lago Walden, o seu quotidiano é constituído pela observação de tudo aquilo que o rodeia: as águas do lago que desaguam no rio Concord, as mutações que se operam de acordo com a estação do ano.

Ao lado das referências às framboesas, às amoras, ao mirtilo,ao carvalho e ao sumagre, a presença constante da água: Um lago é o traço mais belo e expressivo da paisagem, preconizou .

Assinalando a presença de insetos patinadores, enaltece a transparência das águas. O âmago do livro de Thoreau parte da natureza para fazer o homem olhar-se a si mesmo, ou seja,o seu pensamento responde às associações que a paisagem lhe suscita.

Se as águas de Walden são serenas, já as dos rios remetem para a passagem, para a
fluidez: a vida em nós é como a água no rio: repleta do que não sabemos. Exceto Henri Thoreau: ele sabia.
Marta Skoober 06/10/2015minha estante
Bela resenha, Arsenio!


Arsenio Meira 06/10/2015minha estante
Agradeço a vc, Marta, ao Márcio, Carla e demais amigos pela indicação deste livro inesquecível, o integrante mais novo da minha mesa de cabeceira! Um abraço grande


Simone de Cássia 06/10/2015minha estante
Arsenio, desculpe a intromissão na conversa alheia mas, "vão combiná" que essa sua mesa de cabeceira deve ser do tamanho de uma caçamba de trucking, né? rs rs


Márcio_MX 06/10/2015minha estante
Sua resenha ficou perfeita, Arsenio!
Fico imensamente feliz por uma indicação minha ter sido proveitosa para um leitor inveterado como você, um leitor que tem uma experiência grande sempre é mais difícil de agradar e surpreender.
Que bom que tive uma pequena contribuição na sua bibliografia, assim como você já me influenciou várias vezes observando seus comentários e resenhas.


Márcio_MX 06/10/2015minha estante
Sua resenha ficou perfeita, Arsenio!
Fico imensamente feliz por uma indicação minha ter sido proveitosa para um leitor inveterado como você. Um leitor que tem uma experiência grande sempre é mais difícil de agradar e surpreender.
Que bom que tive uma pequena contribuição na sua bibliografia, assim como você já me influenciou várias vezes observando seus comentários e resenhas.


Arsenio Meira 06/10/2015minha estante
kkkkk, Simone, mas isso não é bom? ! Abraços
Márcio, eu é que lhe agradeço a generosidade e o seu olhar arguto e sensível de leitor que tem por excelência o gosto e o amor à literatura. Valeu! Um abraço a todos!


Carla Porto 06/10/2015minha estante
Sabia, por ousar saber. Assim aprendeu o que a natureza tinha a ensinar, e descobriu à hora da morte que quão tinha vivido. Um GRANDE homem que passeou por aqui e nos honrou com seu aprendizado! Legal, Arsenio!


Arsenio Meira 06/10/2015minha estante
Minha amiga, é isso! Ousou, e disse não à inércia de não ir lá! Você escreveu lindo, e qualquer palavra a mais é desnecessária. Um abraço imenso


Maria Isabel 06/10/2015minha estante
Linda, linda resenha!
bjos
Ps - recebi o Uruguaio e te enviei aquele livro.


Arsenio Meira 06/10/2015minha estante
Recebi hoje! Vc é demais mil vezes. Obrigado, depois eu te mando uma mensagem.
bjos




Andresa Vieira 30/10/2012

Um transformador de opiniões
Me interessei por esse livro depois de ler Na Natureza Selvagem, um livro que conta a história real de Chris McCandless, um jovem americano extremamente sensível, que sai em uma viagem pelo interior dos Estados Unidos e de si mesmo.
Enquanto estava lendo o livro, confesso que tinha partes em que queria largar. Thoreau é extremamente detalhista, o que, vez ou outra, torna o livro um pouco maçante.Para se ter uma ideia há capítulos inteiros em que o autor fala do processo de congelamento do lago Walden!Mas o livro não foi escrito para ser nenhum Best-Seller; a intenção era apenas registrar seus sentimentos e sensações durante o período de "exílio" de Thoreau.Por isso tantos detalhes.
Para quem não sabe, o livro é uma espécie de registro do período de dois anos em que Thoreau foi viver às margens do lago Walden, longe da civilização e vivendo apenas de recursos encontrados no lago (ou às margens dele) e o que plantava.
O livro, em si, é maravilhoso.É uma lição para quase todos os aspectos da vida. Confesso que depois que terminei a leitura, sempre que penso em tomar uma atitude ou formar uma opinião sobre algum assunto, me pergunto: O que Thoreau faria? E, sinceramente, gostei muito dos resultados.
É um livro para se ler com calma, apreciando e marcando (sim, pq não?)cada passagem. Definitivamente, é um livro que pode mudar opiniões e fazer qualquer um, no mínimo, rever seus conceitos.

Marcia 13/10/2014minha estante
Gostei da sua resenha, vou ler, mas o que me conquistou foi a primeira linha da apresentação do livro que estou lendo, de Eduardo Bueno: "Henry David Thoreau foi uma nuvem de calças", era mesmo o que eu esperava, o relato de uma nuvem, ja estou de livro na mão, vou mergulhar.


Andresa Vieira 26/01/2015minha estante
Ahhh, com certeza! Quando terminei de ler o livro fiquei com essa mesma sensação... Na época não soube expor em palavras como o fez o Eduardo Bueno, mas que admito ser bastante adequada.




Lucas 31/03/2022

O solitário é um selvagem socialmente aceito...
O livro conta as experiências pessoais do autor, no seu tempo de reclusão no lago que dá nome ao livro: Walden.

Nesse período de contemplação e vida no lago, aquilo que é falsamente importante logo é denunciado. O autor nos traz então a noção de como vivemos de vaidade (literalmente, fumaça, uma hora está e noutro momento não) e a necessidade de perceber que o essencial é o que sobra.

Há alguns momentos áridos na leitura e descontextualizados pra nossa época e cultura contemporânea, o que pode ser justamente interessante (ou não) aos olhos do leitor.

Uma leitura importante para o nosso tempo, repleto de inutilidades.
almeidalewis 31/03/2022minha estante
????




Cinara... 08/12/2022

Favorito sempre!
"Acho saudável ficar sozinha na maior parte do tempo. Ter companhia, mesmo a melhor, logo se torna cansativo e dispersivo. Amo ficar só. Nunca encontrei companhia tão sociável quanto a solidão."


Um dos livros favoritos da minha vida, posso reler umas 1000x mas essa sempre será a frase da minha existência!
Perfeito!
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Emi 21/07/2020

Thoreau deixou importantes lições com esse livro. Uma busca de nós mesmos.
Debora956 21/07/2020minha estante
Eu tenho ele mas ainda não o li


Emi 21/07/2020minha estante
aaaa é maravilhoso




Diogo 31/07/2021

Ode à natureza
É difícil falar de Walden. Este é um livro para ser lido aos poucos, ser apreciado e relido depois de anos. Thoreau não era um homem de sua época. De forma simplista, pode-se dizer que era um anarquista e, na medida em que desprezava o Estado, desprezava também as relações humanas fúteis. Como diz Waldo Emerson: 'penso que o rigor de seu ideal contribuiu para privá-lo de um grau saudável de convívio humano... nenhum companheiro imparcial mantinha relações afetuosas com alguém tão puro e franco'. Walden é, em sua maior parte, uma ode à natureza. Diante de suas observações, podemos dizer que Thoreau foi um botânico amador, bem como zoólogo, topógrafo e geólogo. Descreveu de forma minuciosa as bolhas de ar sob o nível de gelo do lago, a floresta ao redor de sua casa e a briga fatal entre duas formigas. Em meio às digressões de Thoreau, conseguimos pinçar sua filosofia de vida. Hoje em dia, podemos falar que Walden se enquadra na categoria de autojuda, mas com certeza não do tipo de autoajuda que figura entre os mais vendidos da livraria, como disse o autor no último parágrafo: 'Não digo que João ou José venham a entender tudo isso; mas este é o caráter daquele amanhã que o mero decorrer do tempo jamais fará alvorecer. A luz que extingue nossos olhos é escuridão para nós. Só amanhece o dia para o qual estamos despertos'.
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Pedro 22/09/2022

O livro favorito do Kogos (e outros dementes).
Thoreau personifica toda a hipocrisia e falência moral dos que se declaram liberais (e no caso específico do ?Walden?, anarco-capitalistas). De família abastada, Thoreau não só nunca teve que trabalhar, como se safou das consequências reais dos seus posicionamentos graças às suas conexões (quando ele passou uma mísera noite na cadeia ao se recusar pagar impostos, foi um amigo que prontamente lhe pagou a fiança).

Aqui ele propõe a bela soluções para todos os problemas que se avizinhavam no futuro. Fome? Ora, vá para o mato e plante sua própria comida! Claro que o que Thoreau não fala é que o tal mato era de sua propriedade e que ele disponha de todos os recursos para construir sua própria casa e plantar a própria comida (entre o principal dos recursos, o tempo). Inclusive, se sua elegia da vida campestre era tão sincera e sustentável, porque diabos ele a viveu menos de um ano?

A solução para a fome um contemporâneo de Thoreau já deu; não é a solidão do mato, mas a coletivização da produção. Dessa leitura só brotou maluco e teorias modernas que validam a exploração do proletário. Só não dou uma nota pior porque não deixa de ser, em alguns momentos, uma leitura agradável.
Thiagookling 24/06/2023minha estante
entendo seu ponto, mas discordo.
Sim, dá munição pra ancap que dali tira apenas o não pagar imposto, mas o que Thoureau propõe tá mais próximo de um retorno à um modo indígena que à um ancap, haja vista toda a crítica feita por ele ao produtivismo, acúmulo de recursos.
Há o cápitulo por exemplo em que narra o dia passado com o Irlandês (que era a época um grupo explorado, não tanto quanto os escravizados, mas explorados) em que ele discursa sobre o por que de precisarmos trabalhar. O velho (trabalhamos em empregos que não gostamos para comprar coisas que não precisamos...)

Thoureau a todo o tempo ataca o acumulo de riquezas e e exalta o modo de vida "selvagem". Leia andar à pé, que verá a exaltação que Thoreau faz aos indígenas americanos e seus modos de vida.

Precisamos também entender que ancap é uma espécie com sérios problemas cognitivos que só de qualquer problema só enxerga imposto.

Recomendo reler Thoureau.


Thiagookling 11/08/2023minha estante
Tive que voltar aqui...
Matéria dessa semana na Jacobin (11/08/2023)

[...] O filósofo Henry David Thoreau desenvolveu uma reputação de defensor da autoajuda na forma de afastamento do trabalho. Mas, em seus escritos, ele fez uma crítica completa do trabalho sob o capitalismo e defendeu o potencial emancipatório do trabalho.




Iago 17/05/2014

Meu estranho caso de amor com Walden
Estabeleci com Walden uma relação complicada. Antes de ter um exemplar, tinha muita vontade de ler, escutava comentários empolgados e pensava ser um livro incrível.

Quando iniciei a leitura houve certa decepção. Confesso, achei o um saco! Ele tinha alguns aspectos bem interessantes, mas fazia umas afirmações meio lunáticas, sem falar no enorme tédio que me dava quando o autor começava a descrever minuciosamente uma pedra, um peixe ou qualquer coisa assim...

Quando acabei a leitura dei a ele duas estrelas no Skoob e o disponibilizei para troca.

Mas o tempo foi passando e Walden continuava comigo. Volta e meia me lembrava de algum dos comentários incisivos de Thoreau, e ria de mim mesmo, me sentido um "alienado pela sociedade industrial"; cheguei até a mudar algumas coisas na minha vida pensando em Walden.

Tive que mudar de casa há alguns meses, e, enquanto embalava meus livros me dei de conta de que, sem dúvida, Walden é um ótimo livro, daqueles que continuam com você, não na estante, mas na mente e no coração.
Em um capítulo (não me recordo ao certo qual) Thoreau afirma que os melhores livros são aqueles enfadonhos e complicados que precisam ser lidos nas horas mais despertas do dia. Bom, muita gente pode não concordar, mas parece que o carrancudo naturalista não está nem aí para "muita gente". Ele quis escrever à sua maneira, segundo o seu conceito de qualidade, e, pelo visto, me cativou aos poucos.

Felizmente, ninguém solicitou Walden para troca e ele continua olhando para mim da estante do meu quarto, me encarando com aquele olhar sarcástico. Talvez eu nme desfaça dele um dia, mas provavelmente o lerei mais uma vez, só para matar a saudade...
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Pedro 05/09/2021

Reconexão com a Natureza
Ler Walden foi uma experiência muito interessante para mim. Acredito que todos nós ja pensamos em algum momento sobre como seria se isolar da civilização e viver em meio a natureza, longe da tecnologia e dos centros urbanos. O que eu acho incrível da leitura é essa possibilidade de vivenciar coisas através das experiências de uma outra pessoa, e Thoreau faz muito bem o papel de promover a imersão nessa realidade da vida nos bosques.

Qualquer um poderia ter feito o que o autor fez, inclusive muitos outros fizeram. No entanto, os relatos em Walden são únicos, na minha opinião, por conta de dois fatores principais que estão interligados.

Primeiramente, o intelecto de Thoreau faz dele alguém que compreende completamente a realidade em que vive, de forma que soube escrever com clareza os motivos por ter escolhido morar na mata e era satisfeito com sua situação. Tanto que no instante em que percebeu que não poderia tirar mais proveitos desse estilo de vida, decidiu sair de lá. Ele poderia muito bem estar esse tempo todo na cidade se quisesse, mas o fato de ter escolhido com plena consciência e ter tido princípios definidos para ter ido morar na beira do lago Walden faz dele alguém que tem amplo controle e entendimento sobre seu caminho.

O segundo fator é uma consequência do primeiro. Por conta do autor saber muito bem o que ele quer com sua ida para a mata, cada passo dele é dado com muita apreciação pelo que ele está vivendo. Isso fica explícito nos relatos dele sobre a natureza, no capítulo sobre os sons dos bosques, seus depoimentos sobre a agricultura, o lago e os animais que o visitavam. Fiquei extremamente admirado pela forma com que ele vivia no presente, com uma filosofia próxima do zen budismo, ao mesmo tempo que se localizava tão longe do Oriente. A constante contemplação da natureza em Walden foi extremamente inspiradora para mim, sendo um lembrete do quão bonita é a vida em sua forma mais ancestral.

Por fim, o autor finaliza seu diário com um capítulo de conclusão que possibilita uma reflexão geral sobre sua experiência. Com resoluções próprias, ele promove um ensinamento atemporal sobre humildade e sobre viver com atenção no agora, confirmando meus pensamentos de que mesmo em uma era tão individualista e digital, ainda somos parte de uma mesma natureza selvagem.
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Jhonatan 18/07/2012

Magnífico!
Esse livro é daqueles que devem ser estudados durante anos. Sensacional! A coragem do Thoreau de largar tudo e viver nos bosques longe de qualquer relacionamento com sistema é de dar inveja!

"Há mil homens podando os ramos do mal para apenas um golpeando a raiz, e talvez aquele que dedica mais tempo e mais dinheiro aos necessitados seja quem mais contribui, com seu modo de vida, para gerar aquela miséria que inutilmente tenta aliviar."

"Não gostaria que alguém adotasse meu modo de vida por motivo nenhum; pode ocorrer que antes que o aprenda, eu já tenha descoberto outro pra mim, e, além disso, desejo que haja no mundo tanto quanto possível pessoas diferentes. Gostaria, sim, que cada um se empenhasse em descobrir e seguir seu próprio caminho, em vez do trilhado por seu pai, sua mãe ou seu vizinho. Que o jovem construa, plante ou viaje, contando que não seja impedido de fazer aquilo que, segundo ele, gostaria de fazer."

Josue.Reis 27/12/2018minha estante
Gostei das citações.




mari 02/02/2013

levanta-te antes da aurora liberto de qualquer preocupação e vai em busca de aventuras. deixa que o meio-dia te surpreenda à beira de outros lagos, e que a noite sobrevenha em qualquer lugar em que te sintas em casa. não há campos mais vastos que estes, nem partidas melhores que as que aqui se podem jogar. cresce selvagem de acordo com tua própria natureza, como os juncos e as samambaias que nunca se tornarão feno inglês. que o trovão estronde; o que é que tem se ameaça arruinar as colheitas dos fazendeiros? essa mensagem não é pra ti. refugia-te debaixo da nuvem, enquanto os outros fogem para os carros e abrigos. ganhar a vida não seja teu ofício, mas o teu esporte. desfruta a terra, porém sem possuí-la. por falta se fé e de iniciativa, os homens estão onde estão, comprando e vendendo, desperdiçando a vida como escravos.
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Erika 19/04/2020

Um bom livro, com ideias cativantes e um estilo de vida que para muitos não é convencional. A virtude pela simplicidade, minimalismo e o essencialismo estão presente na narrativa de suas experiências. É uma leitura um pouco fastidiosa devido às descrições extensas e muitas vezes prolixa deixando o leitor um pouco cansado durante o processo de leitura. O naturalista Thoreau de
Walden é a porta de entrada para aqueles que prezam a solitude como ferramenta de autoconhecimento.

"A riqueza supérflua só pode comprar supérfluos. Não é preciso dinheiro para comprar o necessário à alma".
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