Flavio.Vinicius 30/07/2023
O Feiticeiro de Terramar
Terminei de reler esse que considero um dos maiores clássicos da literatura de todos os tempos, escrito por uma das maiores autoras do mundo.
Ursula K. Le Guin escreve prosa com cuidado de poetisa. Descreve as paisagens cautelosamente, destacando a importância das pequenas coisas: a luz do sol, as névoas, o barulho da neve sob o telhado, a sensação de dormir sob as folhas de uma árvore, o gelo da água do mar do norte.
A filosofia oriental está em todo o livro: a luz e a escuridão, opostos complementares; a sabedoria da natureza: plantas, animais, rochas ensinam tanto quanto livros.
Apesar de toda a magia presente na história, as maiores maravilhas são descritas como fenômenos do nosso cotidiano, que vemos e sentimos todos os dias e, talvez por isso, já não consigamos mais enxergar maravilhamento, um sentimento escondido pelo hábito. Daí a grande astúcia de Le Guin, a de perceber o encantamento nas pequenas, ou grandes, coisas com as quais nos deparamos sempre: o Sol, as estrelas, as árvores, o vento, uma conversa, uma fogueira, o alimento, a cama, o sono.
O Feiticeiro, apesar de convidado e respeitado pelos maiores daquela terra, se sente em casa apenas quando está ao lado dos trabalhadores e humildes. Não é nos palácios e ao lado dos reis e senhores que Gued vive os seu melhores momentos, mas ao conversar e conviver com as pessoas comuns, pessoas com as quais talvez cruzemos todos os dias nas ruas das nossas vilas e cidades.
Belíssimo livro! A ler e reler sempre!