Francisco 11/04/2016
uma aventura no mundo dos mortos, onde só uma pessoa tem a chave dessa História: o leitor
A morte tem sempre se figurado como temas centrais de vários livros ao longo da humanidade, mitologias, lendas, e livros, mais muitos livros já versaram sobre esse assunto. Aí você pensa, não deve ter mais nada a se explorar sobre isso, aí você se depara com a teoria de que ao morrer, nós viramos histórias que são guardadas num local chamado Arquivo, aí você pensa, é... Não vi de tudo não, então resolve dar uma chance, depois dessa chance, precisa externar tudo o que você sente, então escreve a sua resenha abaixo contando como Victoria Schwab te conquistou com A Guardiã de Histórias...
Histórias são registros (...) Imagine um arquivo da sua vida inteira, de cada momento, cada experiência. Tudo. Agora, em vez de uma pasta ou livro, imagine que esses dados são guardados num corpo (p. 19)
Genteee, esse livro caiu na minha mão, que não sei como dizer, foi algo que me conquistou à primeira vista, primeiro porque já estava querendo ler algo da Victoria Schwab. To esperando ansiosamente pelo livro Um Tom Mais Escuro da Magia, e segundo porque a história tem um plot que achei bem diferente do que já vi antes.
O Livro conta a história de Mackenzie Bishop, uma garota de dezesseis anos que se tornou uma Guardiã de História, após a morte do seu avô que repassou as funções a ela. Dessa forma, ela ficou responsável por não permitir que as histórias fujam do Arquivo, Aí você deve tá se perguntando, que louco, que coisa estranha... Calma, já vou explicar para ver se fica mais fácil.
De acordo com o enredo, nosso mundo é dividido em três territórios: o mundo exterior, onde todos nós estamos hoje; o estreito, um local que serve como um espaço transitório; e o arquivo, local onde são guardadas as histórias. Aí você se pergunta, o que é uma história?
Na teoria de Victória Schwab, quando estamos vivos, somos um corpo, quando morremos, nos tornamos histórias, nos tornamos todas as nossas experiências e lembranças de tudo aquilo que vivemos, e somos então guardados no arquivo, onde ficamos dormindo por toda a eternidade, a questão é que quando ficamos inquietos, e acordamos por algum motivo, acabamos por perambular, sem entender o que está acontecendo e querendo voltar de onde viemos, só que isso não é bom pra gente, porque ficamos loucos, desgarrados, como a autora ressalta e assim acabamos caindo nos estreitos. Nesse momento entra a função dos guardiões, nos levar de volta até o arquivo. Louco não?
O arquivo e esse processo é todo controlado pelos bibliotecários, eles guardam, cuidam, e se houver a fuga, eles deslocam os guardiões para os locais necessários. Ou se por acaso, as histórias conseguirem chegar ao mundo real, desloca as equipes para então mandar as histórias de volta, pela sala dos retornos.
Tudo estaria funcionando bem, porém coisas estranhas começam a acontecer, as histórias estão sendo acordadas em massas, e algumas nem possuem mais algumas lembranças, além disso, histórias estão aparecendo com artefatos, tudo está se tornando um caos para Mackenzie, somando-se ao desejo enorme que ela possui em ter o irmão de volta, que morreu a um ano atrás. Então, o que está acontecendo nesse mundo? O que será que irá acontecer, se as histórias começarem a acessar em peso o mundo real? E assim, a gente vai passeando por essa história maravilhosa...
Tão lindo que, por um momento, esqueço que as paredes estão cobertas de corpos. Que as estantes e os armários que compõem as paredes, embora adoráveis, guardam Histórias. Em cada gaveta, um suporte de bronze com etiquetas cuidadosamente impressas com um nome e datas. Tão fácil se esquecer disso (p. 48)
O livro é muito bem escrito, a autora nos entrelaça com a história que é difícil não ficar fissurado até acaba-la, Os capítulos são curtos e cheio de plot twist, que você emenda logo um capitulo ao outro e quando percebe: Já acabou Victoria?.
A autora escreve basicamente em primeira pessoa, e ainda bem que ela escolheu a Mackenzie para ser a protagonista, gostei muito dela, não é aquelas damas que sempre precisam ser salvas, mas também não é um poço de frieza (apesar de tentar ser), ela é um meio termo tão bom que a gente se afeiçoa logo. Alguns capítulos, ela fala com alguém (do passado) como se estivesse falando com a gente (Você isso... você aquilo) e posso dizer que adoro esse tipo de recursos para nos fazer participantes da história.
E nesse contexto existe um romance? Sim, mas o interessante que ele passa quase despercebido, o que não significa que você não possa shippa-la com alguém, aliás, tome cuidado com isso, porque olha, eu que não sou acostumado a shippar personagens, mas com essa história shippei, e fundo... sabe no que deu?? SHIPEI ERADO esse jhcyasbcgcwuayfgyaijf.
Não vou mentir para vocês, o livro é recheado de cenas clichês, mas não significa que ele não ganhe pela originalidade em algum ponto, ganha sim, a autora usou os clichês que amamos (ou não) para construir essa história, do qual eu como leitor, ainda não tinha visto e na minha opinião, esse casamento da ideia original, com os clichês de coisas que já conhecemos, deu super certo.
Ao finalizar a história, descobri que esse livro é uma trilogia, com dois livros já lançados, esse em 2013 (nos USA), e outro em 2014 (presta atenção que o último não foi lançado ainda, o que deixou os seus fãs órfãos durante esse tempo, malvadinha ela não), apesar de que achei o enredo desse primeiro livro bem fechadinho, então se você quiser parar por aí, tudo bem, o que eu acho difícil depois dessa leitura.
Vale dizer que essa história tem referências claras a algumas histórias, entre elas Doctor Who, principalmente no que diz respeito a Biblioteca infinita, então para os nerds de plantão essas referências também são um prato cheio, não é verdade?
A edição brasileira foi lançada agora em 2016, pela Editora Bertrand Brasil (Grupo Editorial Record) com uma capa, estilo aveludada, com uma chave no centro da capa e a predominância do uso de cores, na tonalidade de azul, ficou simples, mas bonita, e eu particularmente achei mais bonita que a edição norte americana.
Então é isso pessoal, o livro Guardiã de Histórias é uma aventura no mundo dos mortos, onde só uma pessoa tem a chave dessa História: o leitor
Histórias são registros dos mortos (p. 300)
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