Resenhas - A Vida Invisível De Eurídice Gusmão

Andréia 10/03/2024

Leitura com linguagem tranquila, as vezes irônica, sarcástica, que retrata vida, principalmente de mulheres, nos anos 40.
Mulheres que eram do lar, apenas para o lar, tinham seus dons, mas não podiam ir além da rotina domésticas com eles.
Interessante de ver como algumas situações ainda são vividas até hoje por algumas mulheres.

Renan 27/02/2020

Impecável retrato da vida da mulher num Brasil do século XX
Simplesmente indescritíveis todas as sensações ao longo da leitura deste livro. Sorri, sofri, chorei e senti muito junto com todas as personagens e os relatos de vidas tão difíceis em uma época não tão distante assim. Ler A Vida Invisível foi vivenciar diversas vidas invisíveis de várias mulheres num Brasil recém-republicano, no qual às mulheres era reservado o único direito de não ter direitos.

A narrativa da autora é fenomenal e prende o leitor do início ao fim. Ela me fez enxergar o dia a dia de minhas avós e bisavós ao mesmo tempo em que se sucedia a história do Brasil caminhando para tornar-se o que é atualmente.

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão é muito mais do que a história de duas irmãs e suas vidas, é um grito de misericórdia pelos direitos das mulheres em meio à imensa desigualde entre gêneros.

Aline.Carvalho 24/08/2021

Minando a alma feminina
Em A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, as personagens Eurídice, Guida e Das Dores abrem a discussão para os diversos modos de atrapalhar vida profissional das mulheres. Essa obra não trata de ambientes de trabalho saudáveis e nem das melhores condições para o afloramento e desenvolvimento de talentos femininos. O Livro não trata só da vida profissional, ele explora as agonias e dificuldades de mulheres conformadas ou não às imposições sociais da década de 50 até a década de 70.

site: https://www.livroseoutros.com.br/blog/a-vida-invisivel-de-euridice-gusmao-trabalho-e-talento-feminino/

Jamille Santos 27/03/2020

A vida invisível de Eurídice Gusmão
Amei o livro. A escrita da autora é maravilhosa e bem fluida. Uma história marcante e com personagens que retratam muito bem o contexto social vívido naquela época, mas que ainda encontramos em pleno século XXI.

Carol 12/03/2021

"Uma boa esposa não arranja projetos paralelos. Uma boa esposa só tem olhos para o marido e os filhos. Eu tenho que ter tranquilidade pra trabalhar, você tem que cuidar das crianças."

Eurídice é uma mulher inteligente e talentosa que, como a maioria das mulheres da década de 1940, tem por universo unicamente sua casa e sua família, se encaixando no papel da esposa típica de uma sociedade machista e patriarcal. Seu marido a olha sempre de cima, acusando-a de não ter se casado "pura" por não ter sangrado na noite de núpcias, e conservando-a submissa à sua vontade. Eurídice possui em si a sede da criação e empreende suas habilidades como pode: na culinária, na costura e na escrita, sendo, muitas vezes, cerceada pelo marido e tendo que realizar suas atividades de forma clandestina.

O romance escancara os problemas do machismo e da misoginia no cotidiano das mulheres de ontem e de hoje. A busca da aprovação do olhar masculino para se sentirem bonitas ou mesmo para se definirem de alguma forma, a objetificação do corpo, a mulher como posse do homem e obrigada a representar uma personagem sempre quieta, obediente, afável, "comportada". A autoestima, estraçalhada desde a infância, para que nos tornemos vulneráveis e sejamos fáceis de sermos "guiadas". Por fim, o refúgio nas histórias escritas ou representadas, onde tudo acontece, diferentemente da vida real.

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão é, em realidade, as nossas próprias vidas, algumas mais, outras menos invisíveis. Com certeza há uma Eurídice muito mais perto de nós do que imaginamos. Talvez sejam nossas mães, talvez as tias, as avós, as irmãs. Talvez, sejamos nós mesmas. Olhemos umas pelas outras. Cuidemos umas das outras.

Leia a resenha completa no blog

site: https://papoliterario.com.br/2021/03/12/resenha-a-vida-invisivel-de-euridice-gusmao/

carol 03/09/2020

Adorei tanto a escrita que nem sei. Vamos apoiar escritores nacionais, pessoal :) Quero ver o filme agora.

Isabella 01/05/2021

Adorei navegar por esse enredo que se passa no Rio de Janeiro na década de 40.
Fiquei admirada com a facilidade com que a autora costura as histórias dos personagens e faz com que a leitura da próxima página seja sempre a mais interessante.
O final do livro traz reflexões importantes sobre todas as ?Euridicies e Guidas? que estão tão próximas de nós.

Amor por Livros 28/06/2020

Sensacional!
Li esse livro em dois dias. A autora traz nesse livro muitas reflexões acerca da condição da mulher em vários contextos, porém de uma forma leve e engraçada, cheia de ironia.
Eu amei e com certeza vou ler novamente daqui há alguns anos. Muito divertido e escrito de uma forma sensível, foi perfeito pra me tirar de uma ressaca literária.
Outro ponto que eu gostei muito foi a escrita da autora que reproduz a forma como falamos, então você tem a sensação de que há alguém sentado te contando aquela história. Genial!
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Esperando os próximos livros da Martha Batalha, com certeza vou ler!

Guilhermo del Toró 19/05/2021

Livro maravilhoso, uma obra cheia de críticas misturadas com um ótimo enredo. Ao mesmo tempo que você se prende a história dos protagonistas também reflete sobre a situação da mulher no século 20. Espero que se torne um exemplo de literatura nacional

a.bookaholic 21/09/2020

"Eurídice, vejam vocês, era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos elaborados ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório ela inventaria vacinas. Se lhe dessem páginas brancas ela escreveria clássicos. Mas o que lhe deram foram cuecas sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando-se em seguida no sofá, olhando as unhas e pensando no que deveria pensar. E foi assim que concluiu que não deveria pensar."

A história se passa no Rio de Janeiro do século XX. Depois que a irmã mais velha de Eurídice foge com o namorado, ela passa a viver em uma redoma de tristeza. Aceita uma vida mais ou menos porque não quer causar outra decepção aos pais. Aceita um marido que a impede de ser ela mesma. Aceita a companhia diária da tristeza.

Eurídice foi tendo seus sonhos podados ao longo da vida: quando criança, por uma professora que fazia questão de humilha-la; quando adolescente, pela irmã que fugiu delegando-a a função de ser a filha exemplar; ao longo da vida adulta, pelo marido que não a deixava seguir com nenhum de seus projetos pois ele considerava humilhante para um homem que a esposa trabalhasse.

Ela só irá reencontrar a alegria quando, muitos anos depois, sua irmã reaparece com muita história pra contar.

Que livro! Nunca imaginei o quanto de história esse livrinho com menos de 200 páginas poderia carregar. Incrível! Gostei muito da maneira como a autora deu uma história a cada personagem citado: desde a vizinha fofoqueira até a personagem principal. Eu gosto quando os personagens secundários recebem um contexto e não são simplesmente jogados na história. Assim, conhecemos essa mistura de realidades convivendo no mesmo ambiente.

Essa é a história de duas irmãs, mas também reflete a história de muitas mulheres reais. O livro nos desperta muitos sentimentos. Eu senti muita tristeza, principalmente. Tristeza por pensar que tantas vidas foram desse jeito. Por conta de convenções sociais, machismo, regras idiotas, tanta gente foi infeliz...

site: instagram.com/a_bookaholic

Igor.Mateus 10/01/2021

Um livro e tanto!
A vida invisível de Eurídice Gusmão, escrito por Martha Batalha e publicado em 2016 pela editora Companhia das Letras.
O livro nos conta a história de Eurídice, uma dona de casa já aos 40 anos que começa a desenvolver outras habilidades em seu tempo livre como cozinha, costura e por fim escrita.
A história traz vários temas e enredos que me fizeram sentir empatia, e até se identificar com certos acontecimentos, principalmente nas horas que as pessoas ao redor de Eurídice a desmotivaram de seus planos.
A leitura teve o poder de me prender tanta atenção, que li mais de 40 páginas sem parar no primeiro dia, é realmente um livro muito rico e bem escrito, pois conseguiu me repassar todos os sentimentos através de suas palavras.
A forma como os outros personagens são inseridos é brilhante! de uma forma natural somos introduzidos a eles e após alguns minutos de leitura estamos completamente imersos na vida de cada um, de longe as que mais gostei de conhecer foram Filomena, Guida e a própria Eurídice.
É realmente um livro que vale a pena dedicar algumas horas do seu dia para ler, sinto que cada minuto da minha experiência foi muito bem aproveitado, tem uma linguagem ótima para quem não possui a leitura como um costume o que facilita muito na hora de o ler.
Com certeza o recomendo para quem tiver o interesse em ler, tenho certeza que você não irá se arrepender!

Elaine | @naneverso 14/02/2020

A mágica de algumas histórias acontece quando pensamos que ela é uma coisa e, no fim, é outra.
A vida invisível de Eurícide Gusmão, para mim, foi assim.

O livro apresenta Eurícide Gusmão – mãe, esposa, dona de casa. Só que a vida de Eurícide não é bem como que ela gostaria que fosse; não é exatamente o que ela tinha em mente. Mas, sendo mulher na metade do século XX em uma sociedade patriarcal, era o que dava para ser.

Com um narrador onisciente e o emprego de discurso indireto livre, ficamos sabendo o que e quais pessoas fizeram com que Eurícide se tornasse a mulher que não queria ser, mostrando nesse processo que uma pessoa é sempre composta por várias.

O destaque de personagem fica por conta de Guida – um exemplo de força e coragem em momentos de necessidade.

Já o título é um destaque por si só, podendo ser interpretado de mais de uma maneira.

Excelente leitura que recomendo a todos!

Caso queiram ler uma versão diferente desta resenha, podem encontrá-la em @naneandherbooks no Instagram

site: https://naneandherwriting.art.blog/2020/01/08/a-vida-invisivel-de-euricide-gusmao/

mari 27/02/2020

Eurídice Gusmão vive no Rio de Janeiro nos anos 1920, onde o papel da maioria das mulheres da época era se casar, ter filhos e cuidar da casa. Com Eurídice não foi diferente, apesar de ser uma pessoa com muitas habilidades e extremamente talentosa, tudo isso tornou-se invisível por conta das condições da época em que vive. Toda essa trajetória sobre sua vida é narrada de forma em que o leitor conheça os verdadeiros sonhos e ambições da protagonista, e como o machismo interferiu sua vivência.
Uma das coisas que eu mais estimei neste romance foi a escrita da autora que é deveras magnífica, além de possuir muitas críticas sociais acerca da época, ainda consegue ser divertida e encantadora. Contudo, o livro reflete apenas a realidade de mulheres cis, brancas e de classe média da época. Até mesmo chega a conter passagens racistas sobre os personagens negros - embora seja apenas para mostrar o racismo escancarado da época e o estereótipo em relação a eles, já que era o ponto de vista de pessoas brancas daquele tempo - isso me incomodou muito, mas dá para entender que a autora estava meramente retratando como era nos anos 1920.
Dessa forma, eu não considero este um livro que todas as mulheres vão se identificar quando lerem ou que a frase da dedicatória, “Eurídice e Guida foram baseadas na vida das minhas e das suas avós”, esteja totalmente correta, visto que é mais um livro sobre a realidade feminina cis e branca. Apesar disto, a leitura não deixa de ser importante e o livro segue sendo excelente!

Flaviaunneberg 02/03/2020

Gostei bastante da construção dos personagens e da ambientação do enredo.

Eridan.Fernandes 09/01/2021

Como se tornar invisível
A vida invisível de Eurídice Gusmão foi escrito pela autora Martha Batalha, publicado pela companhia das letras.
O livro narra a história de Eurídice, uma dona de casa nos anos 40, no Rio de Janeiro. A partir dela, somos apresentados aos demais personagens.
De início fiquei muito empolgada com a leitura (era uma narrativa curta e com uma temática que me chamou a atenção), porém depois da página 60, senti que essa empolgação diminuiu bastante. É um texto linear, não há momentos de tensão, nem surpresas.
Porém, há qualidades nele que precisam ser destacadas: a linguagem é bem acessível e os temas abordados são extremamente importantes para se debater. A protagonista é uma mulher inteligente, com muitos talentos, mas por conta do contexto social e cultural que estava inserida, teve que deixar tudo de lado para se tornar apenas, a esposa de Antenor.
Apesar dele não entrar na lista dos meus livros favoritos, eu o recomendo, já que expõe uma realidade de um país machista e patriarcal e que apesar de se passar no século passado, ainda pode ser atual.