Maria - Blog Pétalas de Liberdade 31/05/2016Distância de resgate "Distância de resgate" deu à Samanta o prêmio Tigre Juan em 2015.O fato de ter sido premiado, o título curioso e a capa com cores fortes me fizeram querer ler a obra, e agora tenho a difícil missão de resenhá-la para vocês. Difícil, pois é uma daquelas obras em que tenho apenas as minhas interpretações e não certezas, que podem ser diferentes das interpretações de outros leitores.
"Fico pensando se poderia acontecer comigo o que aconteceu com Carla. Sempre penso no pior. Agora mesmo estou calculando quanto demoraria para sair correndo do carro e chegar até Nina, se ela corresse de repente para a piscina e se atirasse. A isso dou o nome de 'distância de resgate', que é como chamo a distância variável que me separa de minha filha, embora sempre arrisque mais do que deveria." (página 22)
No livro conheceremos Amanda, que foi passar as férias numa cidade do interior com sua pequena filha, Nina. Nessa cidade, Amanda conheceu Carla, uma moradora local, e elas se tornaram amigas instantaneamente, a ponto de Carla se abrir com ela.
Carla se sentia dividida entre a culpa e a certeza de ter feito o que tinha que fazer. Algum tempo atrás, David, seu filho, ficou doente. Não havia recursos médicos na cidade, e Carla apelou para uma curandeira, que disse que a única maneira de salvar o garoto era fazendo um ritual onde a alma dele seria dividida em duas, assim David poderia continuar vivendo com Carla, mas um garoto com meia alma não é um garoto como todos os outros, o que Carla acabou confirmando e passando a não saber lidar com o próprio filho.
"Às vezes, acordávamos de madrugada, e David não estava no quarto nem em nenhum outro lugar da casa, e isso deixava Omar louco. Acho que ficava assustado. (...) Nas primeiras vezes saíamos para procurá-lo. (...) Uma vez, antes de sair, Omar pegou uma faca e eu não disse nada." (página 90)
A história acaba assustando Amanda, que está sempre tentando manter sua filha em segurança, numa distância suficiente para um possível resgate, e ela decidi ir embora daquela cidade. Mas será que daria tempo? Será que haveria salvação para sua família ou já seria tarde demais? Será que a distância de resgate já havia sido ultrapassada sem que ela percebesse?
O livro é narrado por Amanda, onde ela vai descrevendo o que está vendo, e o que é um pouco perturbador: em alguns momentos, é David que narra, que conta as coisas para Amanda, tenta direcioná-la para o que é importante, mas não é o David que mora na casa de Carla, é um outro David, que parece não estar no mesmo plano físico que os demais.
Não há capítulos nem pausas durante a narrativa, e foi uma leitura fluida apesar da temática diferente, eu fui lendo com os olhos grudados em cada palavra, tentando descobrir o que viria a seguir e o que realmente estava acontecendo. É um livro bom, uma espécie de thriller psicológico, que prende o leitor, que não diz tudo claramente, fazendo com que tenhamos que tirar nossas próprias conclusões sobre o que aconteceu com Amanda e David. Sendo assim, não é uma obra que vá agradar todo leitor, mas eu gostei.
Sobre a parte visual: a capa tem uma textura quase aveludada, acho que se chama soft-touch, as folhas são amareladas e porosas; na diagramação, as letras, margens e espaçamento são grandes, e não me lembro de ter encontrado erros de revisão.
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