caiohlp 13/06/2024
A tristeza vai durar para sempre.
Nada será tão comovente como ler todas as páginas desse livro, nada será tão doloroso como viver de perto a história dessas pessoas, nenhuma palavra, comentário ou opinião serão suficientes para descrever a tristeza capturada pela escrita de Hanya e sentidas em cada pranto do leitor. Essa trama que inicia sua trajetória como mais uma história de amizade e suas dificuldades triviais assume indubitavelmente o caráter de uma das obras mais aflitivas, melancólicas e angustiantes do universo literário, e de maneira curiosa, como que inebriados por tamanha desolação, continuamos, sem parar, a violenta caminhada que Uma Vida Pequena nos impõe. A joia rara da obra, contudo, é o detalhamento minucioso, que culmina inevitavelmente numa profunda imersão no enredo, mas não se engane, não podemos ser Jude, não queremos ser Jude, não conseguiríamos voluntariamente ser Jude, pois conceber em nossa pele a dor e a agonia dessas cicatrizes é irracional, beira o insano, por esse motivo, derramar o choro tantas vezes negado ao protagonista funciona tal qual uma redenção, um pedido de desculpas, ou de maneira mais sublime e isenta de culpa, uma espécie de dádiva concedida ao leitor. Por fim, da maneira mais dura possível, é verdade, mas também com uma das mais belas histórias de afeto já escritas, a autora nos presenteia com aquele laço invisível que circunda toda a nossa existência, algo que buscamos involuntariamente desde o início, aquilo que não tem nome, mas se sente, que envolve tudo que há de humano, finito e essencial, que nos faz reconhecer o igual e sorrir sem motivos, que nos leva a repudiar o mal e a acolher os oprimidos, a enaltecer os amores capazes de curar e também as pessoas capazes de amar, aquilo que nos dá coragem para não desistir e que nos motiva a acreditar em coisas melhores e, acima de tudo, em vidas maiores.