Lê Golz 03/09/2016Adorei, vale a pena!Sara Gruen é uma autora que me agradou bastante com sua escrita madura quando li Água para elefantes. À margem do lago, seu mais novo livro publicado pela Bertrand Brasil, me deixou satisfeita mais uma vez, principalmente pela criação de seus personagens tão reais.
A trama gira em torno de Maddie, que é quem narra a história, seu marido Ellis e seu amigo Hank. Ellis é filho de um ex-coronel das forças armadas, que o expulsa de casa após o último constrangimento que causou em uma festa de Ano-Novo. O que Ellis mais deseja é provar seu valor para o pai, que o culpa por uma doença que o impediu de servir na Segunda Guerra Mundial. Com isso, eles irão fazer de tudo para encontrar o tão famoso monstro do lago Ness, nas Terras Altas da Escócia, lugar onde seu pai tentou a mesma coisa, mas foi envergonhado.
Chegando na Escócia, eles são rejeitados pela comunidade local e se instalam em uma pequena e isolada hospedaria. Maddie acaba ficando sozinha grande parte do tempo, enquanto Ellis e Hank vão em busca de provas que o monstro realmente existe. Nesse lugar, e diante da convivência com outras pessoas, Maddie viverá inúmeras descobertas sobre si mesma e irá refletir sobre como havia vivido a vida até então. Uma de suas descobertas mais dolorosas será sobre os monstros que podem estar mais perto do que ela um dia imaginou.
O que mais me agradou no livro, além da escrita madura e ágil da autora, foi a criação dos personagens, especialmente a protagonista Maddie. Acostumada a viver uma vida de luxos e sem privações, ela passará a ver o mundo de uma forma diferente depois de uma série de acontecimentos. É muito gostoso acompanhar o seu amadurecimento, e Sara nos envolve completamente quando vai tecendo revelações pouco a pouco. Ellis e Hank só pensam em si mesmos o tempo inteiro, e isso me irritou muito. A criação desses três personagens foi totalmente acertada, e tornou todo o enredo muito real.
Para minha surpresa, a história é contada no período da Segunda Guerra Mundial, que direta ou indiretamente afeta a vida de todos os personagens. Gostei de ver como a autora trabalhou isso, pois tornou inúmeras passagens reflexivas e sofridas. O que mais me agradou no primeiro livro que li da autora foi justamente sua maneira de desenvolver os temores e anseios dos personagens. Embora, a cada virar de páginas desconfiamos de muitas coisas, nem todos são o que parecem ser e isso ficará cada vez mais claro para Maddie e para o leitor. Ademais, ainda temos um pouco de suspense permeando o misterioso Lago Ness e doses de romance, embora esses não sejam o foco do livro.
Não dispensando mais elogios à obra, a diagramação está ótima. Com folhas amareladas, fonte e espaçamento em tamanho ideal, além de uma boa revisão, a leitura foi confortável. A imagem da capa me agradou e combinou perfeitamente com o enredo, embora achasse que ela poderia ter sido melhor trabalhada.
"Eu tinha imaginado um milhão de explicações desde que a pedra tumular me chamara a atenção pela primeira vez, mas nenhuma delas era tão trágica quanto a verdade. O único corpo que estava embaixo daquela pedra era o da criança." (p. 277)
Se eu recomendo o livro? Não tenho como negar que, mesmo os primeiros capítulos terem parecido desinteressantes, o desenvolvimento da história me surpreendeu bastante. Com certeza outros livros da autora entrarão para minha lista de desejados. À margem do lago traz uma história de descobertas, perdas, mentiras, violência, covardia e acima de tudo, amadurecimento. Quem gosta de leituras com todos esses elementos e uma guerra como pano de fundo, afirmo: vale muito a pena a leitura.
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