O Gato Por Dentro

O Gato Por Dentro William Burroughs




Resenhas - O Gato Por Dentro


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Fabio Shiva 02/03/2021

O homem que não amava os cães
É interessante como há livros com centenas de páginas que lemos sem que deixem o menor vestígio em nossa alma, enquanto outros, pequetitos, nos proporcionam as mais extraordinárias jornadas. Esse segundo caso descreve bem a minha leitura de “O Gato por Dentro”, de William Burroughs, que me proporcionou muitas e variadas reflexões.

A primeira delas é sobre como há livros que só podem ser escritos por autores consagrados. Um autor iniciante dificilmente ousaria tentar algo como “O Gato por Dentro”, pois precisa primeiro seduzir e encantar o seu leitor, mostrar a que veio. Só um escritor cuja excelência na escrita é tida como certa pelo leitor pode se permitir algumas indulgências, certo de que serão encaradas com a devida paciência (quando não reverência) pelo público fiel. Não vai aí nenhum tipo de crítica, apenas uma constatação: é bom que possamos ter livros assim, onde o autor pode ousar mais, experimentar mais e até relaxar mais.

Uma coisa certamente fica fora de dúvidas: William Burroughs escreve muito bem! Ler esse livro só fez aumentar a minha vontade de conhecer sua obra mais famosa, “Almoço Nu”. Ele pratica um tipo de Literatura que reverbera profundamente em mim: uma Literatura que sugere sangrentas batalhas travadas consigo mesmo, onde existe um código de honra que jamais pode ser quebrado, mesmo ao custo da própria vida...

O que não impede que em “O Gato por Dentro” Burroughs se permita explicitar a própria metáfora, talvez com medo de não ser compreendido:

“O livro dos gatos é uma alegoria, na qual a vida passada do escritor se apresenta como uma charada felina.”

O autor, contudo, consegue se enxergar o suficiente para se desnudar de interpretações mais óbvias:

“Um psicanalista diria que eu estou simplesmente projetando essas fantasias em meus gatos.”

O certo é que ele fala de muitas outras coisas quando fala de gatos:

“Eu postulo que os gatos começaram como companheiros psíquicos, como Familiares, e nunca se afastaram dessa função.”

“Quando as florestas são derrubadas para dar lugar a motéis, Hiltons e MacDonald’s, morre também toda a magia do universo.”

“Um ritual de iniciação para os altos escalões da SS nazista era arrancar os olhos de um gato depois de alimentá-lo e acariciá-lo por um mês.”

Mas certamente o que motivou os mais acalorados debates que tive com o autor foi a maneira como ele retratou os cães:

“Os cães são os únicos animais além do homem com um conhecimento do certo e do errado.”

Já de cara contesto essa afirmação. Já tive a oportunidade de conviver tanto com cães quanto com gatos, e estou convencido de que os gatos sabem perfeitamente quando estão fazendo algo que nos desagrada. A diferença é que os cachorros geralmente se denunciam assim que aprontam alguma traquinagem, enquanto os gatos parecem ser imunes à “culpa católica”.

Logo em seguida, entretanto, Burroughs desanca numa virulenta diatribe contra os cães:

“Mas o rosnado de um cão é feio, o rosnado de uma multidão de brancos racistas no linchamento de um paquistanês... o rosnado de alguém que usa um adesivo ‘Mate uma bicha por Jesus’, um rosnado hipócrita e nervoso."

Sou muito grato por esses trechos, que me provocaram a mais completa discordância, pois me trouxeram também muitas reflexões e aprendizados:

1) Que mania é essa que nós temos de criar antagonismos e polarizações em quase tudo? Por que o elogio dos gatos têm que implicar na crítica aos cães, e vice-versa? É muito curioso que Burroughs ame os gatos por ver tanta humanidade neles, e odeie os cães exatamente pelo mesmo motivo. Para mim, ficou a impressão de que ele enxergou só o lado bom da humanidade nos gatos, e só o lado ruim nos cachorros. Não deixa de ser original, pois geralmente as pessoas fazem o contrário, considerando o cachorro “amigo, fiel etc.” e o gato “interesseiro, egoísta etc.”

2) Ao identificar o lado sombrio dos cães com as manifestações de ódio e intolerância nos humanos, o autor me proporcionou um interessante insight: a raiva geralmente nasce de um desejo frustrado, mas o ódio deve ter suas origens no medo. Odiamos aquilo que tememos, e geralmente tememos aquilo que não compreendemos. Tenho para mim que todo racista teme a exuberância física de outras etnias, e que todo homofóbico teme a sexualidade que não é reprimida. O que me leva à conclusão de que William Burroughs, celebrado escritor, foi um homem que não compreendia os cachorros...

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2021/03/o-gato-por-dentro-william-burroughs.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
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Vanessa 08/05/2009

Miau!
Há pouca diferença entre nós e os gatos. E ninguem soube tão bem disso quando Burroughs
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Carla 03/02/2010

Gatos são brilhantes
Avaliações valiosas e lisongeiras sobre os bichanos mais queridos. Ganhei de presente de aniversário de minha melhor amiga, amei, porque dividimos também o amor pelos gatos.
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Cláudia 04/02/2010minha estante
Gatos rule Cachorros babam




GCV 23/03/2009

Beat-cats
Burroughs gosta de gatos.

Burroughs gosta de escrever.

Burroughs escreve no que é usualmente dito como "escrita beat".

Burroughs descreve sua história com os gatos com "um jeito beat".

Podemos, assim, ler uma biografia beat dos gatos que viveram com Burroughs.

"O Gato por Dentro" é mais um caso que o tamanho da obra salva o conteúdo, pois mais algumas páginas e tudo estaria perdido em um mar terrivelmente enfadonho. Além de não ser lá uma das melhores idéias do mundo, não gosto de gatos.
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psicoalana 12/12/2009minha estante
Um seco estudo sobre os gatos. Burroughs escreve sobre as coisas de forma tão pura :)




Rodrigo 09/04/2021

Leitura interessante
Este é um livro que foi uma grata surpresa para mim. Nesta Versão da L&PM é fino e pequeno, dá mais ou menos uma hora de leitura, mas de uma leitura muito agradável. Para quem gosta de gatos é obrigatório, dando uma visão destes elegantes e temperamentais animais bastante poética.
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Victor 29/01/2010

Nesse livro eu não encontrei o que eu procurava do Burroughs.
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Edson Camara 05/06/2021

GATOS, AME OU ODEIE
William Burroughs gostava de gatos e criou e abasteceu um diário durante três anos (1984 a 1986) onde documentou as nuances do que é conviver com gatos. O livro está cheio de confidências e passagens engraçadas destes felinos com seus donos.
Já tive gato, e me identifiquei bastante, é um livrinho rápido para ler entre leituras.
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José Cláudio 04/08/2021

Todas as declarações de amor por esse ser maravilhoso chamado gato me atraem, e esse livro do beat Burroughs foi muito tocante para mim, recomendo pra todos que amam gatinhos
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nat 21/01/2023

somos os gatos por dentro.
esse livro é o trauma literário do meu pai, fiquei curiosa para descobrir se era mesmo tão ruim, e peguei para ler. apesar de suas poucas páginas, foi um leitura tão entediante que acabei pegando no sono na metade do livro. compreendo a mensagem transmitida pelo autor, mas a linguagem é tão confusa e agressiva... realmente não sei o que levaria alguém a ler essa obra, se não for unicamente com o objetivo de estudar a mente humana.
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cinho 21/09/2011

O Gato por Burroughs
William Burroughs, escritor norte-americano nasceu em 14 de Fevereiro de 1914 e faleceu em 2 de Agosto de 1997. Participante do movimento beat, ele autor é de, entre outros, “Almoço Nu” e “Junkie” e The Cat Inside (O Gato por Dentro).
Nessa obra, autor adentra no universo comportamental dos felídios: mergulhando nas carências, fragilidades, espertezas, no companheirismo e na importância que eles tem na vida do autor. Além disso,ele também, especula sobre o início da milenar relação entre humanos e gatos e reflete sobre sua própria relação com o seu semelhante.
Em “O Gato por Dentro”, Burroughs faz relatos sobre suas experiências pessoais com gatos (principalmente com Rusk). Estes, mais que bichos de estimação, são elevados pelo autor ao status de núcleo familiar ( “Eu já disse que gatos servem como Familiares, companheiros psíquicos”p.75) , tamanha a importância que os felinos ocupam em sua vida.
Porém mais do que elevar à categoria de ser “familiar”, o Burroughs humaniza a figura do gato, ao ponto de fazer um paralelo entre o este e o correspondente racional: cita gatos que se configuraram em figura materna; em filho e em prostituta. Isso reforça a importância deles na vida do autor.
Não é exagero afirmar que, em muitos momentos, os gatos chegam a substituir o gênero humano, espécie com a qual já não consegue interagir e para a qual ele não parece ver salvação. “Os gatos podem ser meu último elo vivo com uma espécie moribunda” p. 75.
O Gato por Dentro é uma poética e comovente declaração de amor aos gatos.

BURROUGHS, William. O Gato Por Dentro. L&PM Editores. Ed. 2010
Baixando 12/03/2013minha estante
Baixar o Documentário - William Burroughs: Um Homem Dentro - http://mcaf.ee/90yuc




C r i s 26/01/2011

Tem uns momentos terríveis nesse livro, mas ele é bom sim.
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carlistar 01/06/2023

?O homem é um bicho mau.?
Por ser um livro pequeno, é interessante de se ler entre outras leituras ou em momentos de ócio. Foi pra mim uma leitura um pouco confusa por vezes mas me tocou bastante a maneira como Burroughs relatava memórias com os felinos e como ele próprio acabava gerando uma reflexão sobre a nossa condição enquanto humanos e a condição dos demais animais, levantando questões morais importantes que surgem nessa relação. Abaixo alguns trechos que gostaria de destacar:

?Você não consegue afastar seu gato branco porque seu gato branco é você.? Nossos animais são um reflexo de nós ou nós somos um reflexo deles? A fúria de um cão, por exemplo, segundo William, não é dele e sim ditada por seu treinador.

?Eu não poderia ocupar um corpo que conseguisse arrancar os olhos de Ruski.? O autor diz isso momentos após citar um ritual de iniciação dos altos escalões da SS nazista, onde se acaricia um gato durante um mês após alimentá-lo e então arrancar seus olhos.
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Mel 13/12/2011

Vale a pena!
Burroughs mostra o relacionamento dele com os gatos de forma muito sensível. Quem gosta de gatos se emociona ao ler.
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Fábio Vermelho 29/01/2012

Fui na livraria procurando Burroughs. Chegando lá, pergunto "Tem Almoço Nu, do Burroughs?", "Não, esgotado.", "Hmm, tem então o Junkie?", "Não, esse também está esgotado.". Já meio frustrado, perguntei: "Vocês tem algum livro do Burroughs aí?" e então ele me mostra 'O gato por dentro'. Bom, era um livro de 86, e não de início de carreira, como eu queria. Não pretendia começar a ler Burroughs assim, mas acabei levando. É um livro interessante, pelo menos comecei a ler Burroughs sabendo um pouco sobre a vida dele.
Aliás, eu nunca fui muito de gostar de cães, sempre gostei de gatos. Posso até dizer que sou meio traumatizado com cães, já que fui atacado por um quando era criança. E esse livro me fez gostar menos ainda de cães e gostar mais ainda de gatos. Citando apenas um trecho do livro para finalizar a resenha:
"- Veja os serviços que [nós, cães] prestamos! E, enquanto isso, tudo o que os gatos fazem é se refestelar e ronronar. Caçadores de rato, hein? Um gato precisa de meia hora para matar um camundongo. Tudo o que os gatos fazem é ronronar e desviar a atenção do mestre da minha cara honesta de comedor de merda. O pior é que eles não tem qualquer noção de certo e errado."
Recomendado para quem gosta de beats e/ou quem gosta de gatos.
Baixando 12/03/2013minha estante
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