A guerra não tem rosto de mulher

A guerra não tem rosto de mulher Svetlana Aleksiévitch




Resenhas - A Guerra Não Tem Rosto De Mulher


553 encontrados | exibindo 121 a 136
9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 |


Sara.Villalba 01/10/2021

Uma leitura importante.
?Após a guerra, as pessoas que tanto sofreram vão ter pena uma das outras. Vão amar. Serão outras pessoas [...] Meu bem, as pessoas se odeiam tanto quanto antes. Matam de novo. Isso é incompreensível?.

Entender a guerra sob a perspectiva das mulheres deixa claro que para elas não faltou força nem coragem, como a maior parte da população da época acreditava que faltaria. Mas por causa desse estigma, a guerra que elas enfrentaram não foi apenas contra a Alemanha; ao voltar para a casa uma luta igualmente terrível ocorreu, além das memórias difíceis que as acompanhavam, houve uma forte rejeição social sofrida porque ?guerra não é para mulheres?.

Foi um livro difícil de ler. Várias páginas li com um nó na garganta e com a maior confusão do porque algo tão desumano aconteceu. E aconteceu de verdade.
comentários(0)comente



larissa 03/01/2023

História: uma folha de rosto
De início, devo começar dando luz à verdade: não terminei a leitura. Em realidade, planejo finalizá-la em um futuro próximo, mas não sei quando (e sequer sei com que força de vontade o farei). Os relatos são muitos, diversos e minuciosamente precisos. Em contraponto, pode ser verificado um padrão, o qual gira em torno de uma mesma essência; isto é, o âmago da realidade da guerra. É devido à fórmula mencionada que eu decidi antecipar a resenha e, consequentemente, dar cabo a essa coceira.

Svetlana, a autora, apresenta-se como uma historiadora incorpórea, ainda que não abandone, ao longo da narrativa, a posição de jornalista: ?Não estou escrevendo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra (...). Sou uma historiadora de alma?. Nesse sentido, proponho, de início, uma reflexão singela: como poderia existir, portanto, qualquer tipo de alma isenta de contexto histórico e social? Em seguida, pode-se ampliar o pensamento com um fato irrevogável: é evidente que nenhuma história não só não narra a si própria, como também não ?se? acontece.

Como qualquer narrativa, há um alguém que encaminha, por rédeas, um caminho pré-estabelecido. Ao discorrer acerca do que ?se restou? da guerra, a autora não explicita uma devida ambientação daquilo que veio antes, o que é, visivelmente, uma artimanha perigosa. O problema reside naquilo que não é dito, na ausência de uma contextualização pautada na História; assim, Denise Lima, em sua obra ?Diálogo entre a sociologia e a psicanálise: o indivíduo e o sujeito?, levanta uma importante ressalva: ?a constituição do sujeito é incompatível se não se levam em conta fatos sociológicos e culturais?. Não há, por conclusão, um ?historiador de alma?.

Não ignoro a relevância dos relatos apresentados em ?A guerra não tem rosto de mulher?, pelo contrário. Em contrapartida, há um incômodo que persiste ao longo do desenvolvimento do livro. Incômodo esse que é potencializado pela presença do seguinte trecho na parte contrária à frente do exemplar: ?(...) [o livro] promete trazer novo entendimento sobre um dos eventos mais trágicos da história humana?, uma vez que o trecho parece sugerir alguma revelação importante, que, na verdade, nunca é dada. A presença fortificada de depoimentos femininos é, de certa forma, inovadora. Apesar disso, o assunto abordado não tem como alvo o debate para além de uma ?condição feminina? na guerra; sendo assim, não é proposto um ?alargamento? interseccional ao decorrer da narração.

A construção e seleção dos depoimentos é, por si só, tendenciosa. Svetlana defende, mais de uma vez, a existência incoerente de um ?ser humano biológico, e não apenas aquele que é filho de uma época e de uma ideia?. Com a permissão da palavra, é inegável a presença de certa desvalorização das ciências humanas por parte da autora. Nós, seres humanos, não somos uma unidade biológica, tal como Roque de Barros Laraia, antropólogo brasileiro, conclui: há sempre uma herança cultural e ideológica. Não somos uma formiga.

Por fim, reforço que é preciso (e urgente) ouvir e legitimar a voz das mulheres que foram marcadas pela, que marcam e que irão marcar a história da humanidade. Contudo, a elaboração de uma narrativa embasada em um protótipo de ?alma? é, sobretudo, demasiadamente simplista e superficial.

(03/01/2023)
comentários(0)comente



Livinha 03/05/2022

Doloroso
Não é um livro fácil de ler. Sim, ja começo falando disso. Não é um livro para você se deleitar em uma tarde chuvosa. Penso que este livro é feito para sentir dor. Dor física mesmo, porque, sinceramente, foi o que me causou. Relatos que, a princípio, eram levianos e, de certa forma, problemáticos (acho que alguns relatos só corroboram com os esteriótipos de que as mulheres só pensam em coisas fúteis - como um relato que a moça russa estava mais preocupada com seu vestido do que com as pessoas mortas. Mas, ao final, vem os relatos de estupro, morte, víscera, de como o seu bebê foi morto pelo fascista - sim, exatamente isso (e de forma bem detalhada). Não me entendam mal, é um livro fantástico, mas MUITO DIFÍCIL de ler sem passar mal.

Se eu puder me dar a arrogância de criticar um livro qhe foram vencedor do prêmio Nobel, senti falta de maior desenvolvimento entre um relato e outro. No começo de cada capítulo, Svetlana da uma introdução do que será transposto, mas depois só só relatos - senti que faltou uma ?liga? entre um e outro, entende? Mas, de resto: um livro que você precisa sentir a dor, até para não querer ter esse tipo de movimento novamente.
comentários(0)comente



Núbia Esther 09/02/2020

Svetlana foi uma criança que cresceu tendo seu mundo girando em torno da consequência da Segunda Guerra Mundial. Foi natural para ela querer falar sobre esse período quando começou a escrever livros, mas o queria fazer sob um diferente ponto de vista, dar espaço a voz que sempre permaneceu calada, apesar de ter participado ativamente da guerra, a voz feminina. E isso, Svetlana conseguiu fazer com louvor em A guerra não tem rosto de mulher.

“No exército soviético lutaram aproximadamente 1 milhão de mulheres. Elas dominavam todas as especialidades militares, inclusive as mais ‘masculinas’. Surgiu até um problema linguístico: as palavras ‘tanquista’, ‘soldado de infantaria’, ‘atirador de fuzil’, até aquela época, não tinham gênero feminino, porque mulheres nunca tinham feito esse trabalho. O feminino dessas palavras nasceu lá, na Guerra…. ” (De uma conversa com um historiador, página 8)

Para fazer isso, cerca de quarenta anos depois de findada a guerra, Svetlana se entregou à hercúlea tarefa de recuperar relatos, memórias que muitas se empenharam muito para esquecer. Quando começou a colher os depoimentos, foi com reticência que muitas receberam Svetlana, mas não demorou para a partir delas mesmas, criar-se uma rede de indicações e convites que mergulharam Svetlana em milhares de depoimentos. O desafio já não era conseguir informações do papel feminino na guerra, mas escolher o que entraria no livro.

Cada capítulo se inicia com considerações de Svetlana, antes de mergulharmos nas lembranças que muitas tiveram de suprimir. São histórias de garotas que com 15, 16 anos foram parar no front de batalha. É o machismo estrutural que negou às mulheres o direito de ir à guerra. O mesmo machismo que taxou de pouco femininas as que ousaram ir para o front, que fez dessas mesmas mulheres, opções pouco satisfatórias para ter um relacionamento: “se você batalhou, não servia para casar”. O mesmo machismo que durante muito tempo extirpou-lhes o direito de fazerem parte da história. Ainda que a coragem de muitas delas tenha ajudado a salvar a vida de muitos soldados homens, se transformando em alvos ambulantes enquanto com suas tarefas resgatavam homens feridos ou produziam centenas de cortinas de fumaça para protege-los do fogo inimigo. São histórias de como a guerra ceifou a juventude de muitas mulheres, de como ela provocou mudanças fisiológicas em seus corpos. De como tiveram de continuamente mostrar o seu valor, tendo o descrédito como companheiro durante toda a guerra.

Tenho um leve pendor para livros que se passam no período das guerras e entreguerras, mas este foi o primeiro que me forneceu uma visão pouco abordada nos livros de não-ficção que retratam o período. Não só por tratar do papel feminino na guerra, mas por ser contado por elas, as mulheres soldados. Por ser um repositório de suas lembranças (ou do que se permitiram lembrar), dos seus anseios, do que tiveram de enfrentar para serem aceitas, primeiro no front de batalha, findada a guerra, de volta à sociedade, que pode ser tão massacrante quanto um morteiro. Um relato pungente, doloroso e necessário.

Quando se fala em Segunda Guerra Mundial logo se lembra da Alemanha e dos Estados Unidos, como se só este tivesse sido responsável por derrotar o exército de Hitler. Houve milhares de perdas do lado soviético, a guerra foi lutada diretamente em suas trincheiras (oficiais ou não). É preciso deixar essa participação registrada na história. É preciso deixar registrado o fato de lugares historicamente considerados masculinos, foram também femininos. A guerra pode até não ter rosto de mulher, mas seus punhos, mira e vontade de se provar, mudaram os rumos dela.

[Blablabla Aleatório]

site: https://blablablaaleatorio.com/2020/02/20/a-guerra-nao-tem-rosto-de-mulher-svetlana-aleksievitch/
comentários(0)comente



Juliane.Teixeixa 14/08/2021

Esse é o primeiro livro, sobre a Segunda Guerra, que eu leio sobre a perspectiva femina e agora me pergunto por que não tem mais livros sobre elas?

A gente sabe que várias coisas abomináveis aconteceram durando os 4 anos de Guerra, mas esses relatos tem mais do que acontecimentos...é uma mistura de sentimentos e emoções, me pegue várias vezes chorando ou me preocupando com o as pessoas que estava lendo.

Essas mulheres abriram mão das suas vidas, famílias, filhos, amores, beleza, saúde e tantas outras coisas. Mas, na primeira oportunidade foram esquecidas...como não tivessem sofrido como os homens e me arrisco a dizer que até um pouco a mais que eles.

O que mais me chamou atenção em tudo foi a lavagem cerebral que Stalin fez nas pessoas. Elas lutavam por uma ideologia, e às vezes eram presas e torturadas por essa mesma doutrina.

É um livro muito bom para pensar sobre as inúmeras besteiras que o ser humano já fez e aprender para não repeti-los novamente.
comentários(0)comente



Letícia | @leiturasdale_ 27/02/2020

Sem palavras
Sem palavras para toda a sensibilidade do livro
comentários(0)comente



Beatriz 22/03/2021

De repente me deu uma vontade enorme de viver...
Que livro potente, necessário, doloroso e lindo!
É incrível poder ler mais sobre o lado das mulheres na guerra, saber suas perspectivas e ter esse espaço para ouvi-las. Um livro extremamente necessário!
comentários(0)comente



Julio.Jose 13/11/2022

Um mergulho profundo na II Guerra
Este é um dos livros que você não sai da mesma forma após terminar a leitura.

Esqueçam a II Guerra Hollywoodiana, aqui a guerra é real, relatos de sobreviventes que sentiram, choraram e sorriram no front ou na retaguarda.

Os depoimentos impressionam pela diversidade, pela carga de veracidade e sobretudo pelo horror que os humanos ainda são capazes de proporcionar aos outros.

É um livro pesado que por muitas vezes te faz ter asco, chorar talvez, mas também existem momentos de puro amor e fraternidade que aquecem o seu coração.

Leia e saia outra pessoa. Recomendadíssimo. Impossível não dar 5 estrelas.

?Não pode existir um coração para odiar e outro para amar. O ser humano só tem um, e eu sempre pensava em como salvar meu coração? Tamara Stiepánovna Umniáguina
comentários(0)comente



Giovanna1242 18/04/2020

Lágrimas congeladas
?E então... A gente nunca sabe o que se passa no nosso coração. No inverno, conduziram prisioneiros alemães diante da nossa unidade. Eles andavam congelados, com cobertores rasgados sobre a cabeça, capotes esburacados. Fazia tanto frio que os pássaros caíam no meio do voo. Congelavam. Naquela coluna havia um soldado... Um menino... Tinha lágrimas congeladas no rosto... E eu estava levando pão em um carrinho de mão para o refeitório. Ele não conseguia tirar os olhos do carrinho, não me via, só via o carrinho. O pão... O pão... Eu separei um pedaço de uma bisnaga e dei para ele. Ele pegou... Pegou e não acreditava. Não acreditava... Não acreditava! Fiquei feliz... Feliz por não poder odiar. Na época, eu mesma fiquei surpresa...?
comentários(0)comente



Márcia 23/04/2020

Pesado mas necessário
O livro se arrasta em alguns momentos e até te deixa um pouco confuso (ainda mais se formos parar para ler cada nome em russo). Mas, conforme você vai lendo, vai imaginando aqueles dias que são contados. Histórias tristes mas reais. Um livro pesado mas necessário.
comentários(0)comente



Nat 24/04/2020

"Vou dizer o seguinte: sem ser mulher não dá para sobreviver na guerra."

Elas foram atiradoras de elite e enfermeiras. Desarmaram minas terrestres e bombas. Foram pilotas, médicas de campo, oficiais de comunicação. Estas mulheres combateram com os filhos nas costas. Em relatos curtos e médios (às vezes contidos e não tão honestos), a autora fala que as mulheres tiveram que lidar com piolhos, lama e sangue, que endurecia e causava bolhas (já que elas não tinham como trocar de roupa). Esses relatos dão voz a história das mulheres que lutaram no exército vermelho durante a Segunda Guerra Mundial.

"A vila da minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram."

OMG! Depois de ler Vozes de Tchernóbil, achei que estava preparada para mais um livro desta autora. Até porque não é a primeira vez que leio um livro sobre guerra. Não achei que fosse possível, mas esse livro conseguiu me chocar mais do que o primeiro. Foi difícil até resenhar, dada a quantidade de questionamento que ficou na minha cabeça depois que terminei de ler. O relato é brusco, fala com uma franqueza absoluta sobre o efeito da guerra na vida dessas mulheres. Mesmo assim, não se ignora o lado feminino delas (elas queriam estar bonitas). Um livro completamente arrebatador, muito recomendado.

site: https://ofantasticomundodaleitura.blogspot.com/2020/04/a-guerra-nao-tem-rosto-de-mulher.html
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Stephanie 03/05/2020

Uma nova perspectiva sobre a Segunda Guerra
Confesso que nunca imaginei que tantas mulheres haviam lutado na 2a Guerra, muito menos que tinham ocupado os mais variados cargos. Essa leitura, através de relatos intimistas, me proporcionou uma nova visão da guerra. Se antes lutar pelo que se acreditava na perspectiva dos homens era motivo de orgulho, nessa obra as mulheres soviéticas contam tudo o que sentiram na pele no durante e no pós Guerra. Quando a Vitória chegou, pensava-se que a vida seria maravilhosa, mas o que se viu foram mulheres renegadas, julgadas por terem lutado no front e esquecidas durante muitos anos por sua própria pátria. Essa obra reescreve histórias nunca antes contadas por suas próprias protagonistas.
comentários(0)comente



553 encontrados | exibindo 121 a 136
9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR