Maria Carolina 09/07/2017
Vulnerável e influenciável
São essas as duas palavras que definem pra mim Pierrot.
O livro mistura ficção e realidade; o autor insere uma personagem fictícia no centro do nazismo, dentro da casa de casa de refúgio de Hitler.
A história se passa em três períodos para nosso personagem principal: antes da 2ª Guerra, em Paris; durante a 2º Guerra, na Alemanha; e após a 2ª Guerra, novamente em Paris.
Pierrot é uma criança de 7 anos que mora em Paris, filho de mãe francesa e pai alemão, que tem como melhor amigo um garoto judeu. Seu pai combateu a 1ª Grande Guerra e, apesar de não ter morrido nela, foi ela quem o matou - como a mãe de Pierrot sempre disse no livro.
Desde o início da história me deparei com uma criança dócil, bondosa - principalmente pela educação que tinha de seus pais -, mas muito influenciável. Em algumas conversas que tinha com seu pai, me pareceu que Pierrot já tinha dentro de si um sentimento de necessidade de poder, de ser o melhor. Apesar de ser muito imaturo, seus pensamentos alienados e as influências que teve moldaram seu caráter durante toda a história.
Após a morte de seus pais, Pierrot passou um tempo na casa de Anshel, seu amigo judeu que sonhava em ser escritor. O passatempo favorito dos meninos era Pierrot contar uma história e Anshel escrevê-la, sempre com a ressalva de que apesar de ter sido Anshel quem escrevera, o autor era na verdade Pierrot.
No curto período em que passou na casa de seu amigo, já podemos perceber alguns pensamentos de fúria que Pierrot tinha por ser deslocado e sozinho.
Depois de ir para o orfanato, tinha esses mesmos pensamentos, mas lá encontrou uma colega que era mais forte que ele. Ficou a seu lado por interesse, por saber que com ela poderia dizer o que queria.
Quando foi para a Alemanha, sua primeira impressão foi de espanto, um mundo totalmente diferente do que ele já havia visto em Paris e no orfanato, até mesmo porque ele foi morar na casa de refúgio de Hitler, a mente do nazismo.
Nessa parte da história me chamou muito atenção como Hitler se passava de bonzinho, como se fosse a melhor pessoa do mundo, amoroso e preocupado com o futuro dos seus. Poucas vezes vimos sua mente doentia como de fato era. Aqui, precisamente, a ficção de mistura com a realidade.
Pierrot se torna Pieter, nome típico alemão e é forçado a deixar todo seu passado para trás. Podemos perceber que nesse ponto o menino perde sua identidade, não sabe mais quem é e o que pode ser tornar, só sabe que quer ter poder, para não sucumbir nas mãos dos mais fortes. Moldado por Hitler, cometeu indiretamente vários crimes e muitas injustiças, mas sempre estava perdido.
Me peguei pensando: Será que realmente não existiram meninos como Pirreot, que foram totalmente influenciados e moldados pelo próprio Führer?
Com o fim da guerra, Pieter volta à Paris e volta a ser o menino órfão que não tem para onde ir.
Nas páginas finais do livro vemos seu reencontro com Anshel e novamente seu passatempo favorito: um conta a história e o outro escreve.
"Acha que podemos ser crianças de novo?" (p. 223)