Fernanda631 29/08/2023
O Menino no Alto da Montanha
O Menino no Alto da Montanha foi escrito por John Boyne e publicado em 2015.
O livro é dividido em três partes e tem como plano de fundo a Segunda Guerra Mundial. A primeira parte temos Pierrot criança vivendo em Paris, com seu coração totalmente puro e sem entender o motivo das brigas entre seu pai Alemão recém saindo do front da guerra e sua mãe Francesa. É de fundamental importância ressaltar aqui que seu melhor amigo era judeu e surdo. A delicadeza que o autor trata essa amizade na primeira parte do livro é tão comovente.
A segunda parte do livro já temos um Pierrot órfão (não é spoiler, está na sinopse) que passa de um Orfanato na França para morar com sua tia, que até então nunca havia visto na vida. Tia Beatrix era governanta em uma casa (quase palácio) no alto da montanha que era conhecida como Berghof.
Na terceira parte já temos um Pierrot totalmente envolvido com todos os planos de Hitler, não literalmente já que nunca lutou na Guerra, mas sabia cada passo que seria dado e cada terra que seria tomada para a construção de presídios para os judeus. Notem que ele sabe o que aconteceria aos judeus e lembrem-se que seu melhor amigo de infância era um
Então vamos começar pelo início da história.
Pierot é um menino de 7 anos que vive em Paris com sua mãe. Seu pai, que era Alemão, morreu anos antes ao se jogar na linha do trem, ele nunca superou o que viu na Primeira Grande Guerra. O ano é 1936 e todos estão aflitos com o rumo que a Europa está seguindo. Mas Pierot não tem idade suficiente para enxergar isso.
Anshel é o melhor amigo de Pierot, mas ele é judeu e embora nenhum dos dois saibam ainda o que isso exatamente quer dizer eles já sofrem com as consequências.
Quando a mãe de Pierot morre de tuberculose ele é enviado para um Orfanato e mais tarde sua tia Beatrix o leva para morar com ela. Entretanto, ela é nada mais nada menos do que governanta de Adolf Hitler. Aos poucos Pierot passa a se interessar pela causa Alemã e logo se junta a Juventude Alemã, completamente corrompido pelo poder e pelo que esse poder lhe daria.
O livro se passa em 9 anos, e podemos ver claramente a mudança na personalidade de Pierot, principalmente quando Hitler começa a lhe contar como a Alemanhã foi prejudicada e como ele retomaria todo o poder perdido. Pierot passa a ser agressivo e autoritário, sendo responsável por vários crimes.
É inevitável ficar com raiva do personagem, porque a gente conhece toda a história da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. Embora seja uma criança, ele passa a ter gosto pelo poder que supostamente ser membro da Juventude Alemã o dá. E por isso ele se afasta de seu amigo Anshel, de sua tia Beatrix de de todos que o trataram bem quando ele chegou na casa do alto da montanha.
A narrativa de John Boyne é surpreendente. É um daqueles livros de linguagem fácil e leve que você consegue ler em qualquer momento. E embora a gente já conheça exatamente como a guerra terminará, nós também queremos saber qual vai ser o destino de Pierot nessa história toda e principalmente depois de tudo o que ele fez de ruim.
Ao longo do livro torcemos muito pra ele perceber o que está acontecendo e voltar às origens, mas ele é apenas um menino Alemão que ouve histórias perigosas da boca do próprio Adolf Hitler, então é fácil entender como ele é tão rapidamente corrompido.
O livro nos mostra, como raramente faz, a versão Alemão da história, como eram os pensamentos de quem estava do outro lado da guerra e muitas vezes nem sabe tantos detalhes como sabemos hoje. A verdade é que na época os campos de concentração não pareciam tão ameaçadores como sabemos que são hoje, por isso achei uma leitura muito interessante. Embora tenha me retirado muitos sentimentos ruins, não tem como não sentir raiva de Pierot e nem desprezo pela pessoa que ele se transforma.
Temos o fim da Guerra, a morte de Hitler e a tomada da casa. Muito aconteceu na vida de agora um adolescente Pierrot, que carregava com pouca idade um mundo de lamentações, culpa, saudade e muito mais. O autor nos entrega um final para o que ele propôs desde o início, mas o Epílogo é para mim o real choque de realidade do livro.
O menino do alto da montanha é um livro emocionante que nos arranca sentimentos múltiplos e contraditórios, exatamente como aquilo que a gente tenta, mas não consegue entender que a humanidade foi e é capaz de fazer.