lexndro 20/02/2017
HORRIVELMENTE DEPRIMENTE
E se você tivesse apenas seis meses de vida? Ou, com alguma sorte e um pouco de esperança, um ano? Entendo que você talvez não saberia lidar com o choque, depois, planejaria uma lista cheia de coisas que precisasse aproveitar em seus poucos meses com fôlego de vida.
Mas para Daisy Richmond, protagonista do Livro Antes de Parti, de Autoria de Collen Oakley, essas escolhas passam longe do seu campo de alternativas, e, então, ela passa os seus últimos meses em busca de algo, que julgaria, um pouco inusitado. E esquece do principal: a sua felicidade.
Quem não julga o livro pela capa que atire a primeira pedra!
Antes de ler um livro faço uma breve avaliação, e costumo julgar segundo a capa e o título, o que de cara, Antes de Partir, fora aprovado. Fiquei encantado e, com isso, criei milhares de expectativas encima do enredo no qual o autor trabalharia.
Nos capítulos iniciais eu quase senti uma vontade eloquente de apagar o e-book da minha biblioteca. Ora, tenho prioridades a ser seguida, não poderia perder meu tempo com um livro aparentemente bobo e cansativo. Essa era minha conclusão feita depois de ler os capítulos que iniciavam o romance.
Por vezes cheguei a subestimar a história, eu definitivamente queria abandona-lá. Mas, a minha curiosidade, que deveria ter surgido da trama, forçou-me a continuar. (A capa realmente me chamou a atenção, e também a sinopse, resolvi da uma chance).
A narrativa é tão arrasta que quando chegava em um diálogo, mais uma decepção; tudo parecia apenas para encher folhas. Porém, como odeio abandonar uma leitura, me rendi, e atento observei cada detalhe nada empolgante no livro. Foi quando fui pego de surpresa, e, surpreendi-me. O quê, parecia um caso impossível.
John Green e Nicolas Sparks resolveram escrever juntos? Essa foi a impressão que tive quando estava nos capítulos finais, porém, eu descartei. Essa era Collen Oakley, com seu estilo próprio de escrever e construir seu romance. E tenho que admitir, por mais enfadonho que seja sua narrativa, ela me prendeu e ali, me vi imerso no mundo de Daisy, uma estudante de psicologia.
A autora merece 5 estrelinhas pela construção da personagem. Isso é um fato, pois as emoções, formas de agir, são bem detalhadas e faz com que o leitor, do menos atento ao mais, perceba e sinta na pele o dia a dia triste e deprimente em que Daisy vive.
Era para ser um ano diferente, um ano com pensamentos positivos. Um reinício de vida. Recomeçar, essa seria a palavra que deveria definir o ano que acaba de inicar-se na vida de Daisy.
Feliz com o término dos longos quatros anos de tratamento do seu cancer de mama, Daisy se ver extasiada por finalmente abandonar a rotina insuportável de ter que lidar com a doença. E planejar seu câncerversário, nome atribuído ao dia em que teve notícias de sua cura. Porém, o destino resolve aprontar contra ela novamente. Quando ela descobre que será submetida a dias exaustivos de tratamento contra, pela segunda vez, seu câncer de mama.
Quem tem câncer duas vezes antes de completar 30? Não é como ser atingido duas vezes por um raio? Ou comprar dois bilhetes de loteria premiados em uma vida? É como ganhar na loteria do câncer. (Cap; Um, Pag; 9, Antes de Partir).
Tudo na vida de Daisy parece piorar. Com o desenrolar da história. Descobrimos que ela não tem apenas mais um segundo câncer de mama, o que parece ser deprimente elevado ao cubo. Mas sim, como a mesma apelida-se: Um Monte de Câncer. (Vou deixar esse único suspense para vocês.)
Percebendo que sua vida está chegando ao fim. Ela decide, sobretudo, que o futuro do seu marido é o que mais importa. O desajeitado Jack, que está no fim do seu curso de doutorado em medicina veterinária, e que trabalha em um pet shop local da cidade. Ele não sobreviveria sozinho. Precisaria de uma nova companheira, e rápido. (É o amor... Ou talvez os delírios de uma esposa super cuidadosa)
*Quando fomos morar juntos, recusava-me a aceitar a falta de ordem e limpeza de Jack. (...) A postura de Jack era a de que caos e desordem não o incomodavam; ele não se opunha à limpeza, apenas não pensava nela. Eu argumentava que, se ele se importasse comigo, pensaria nisso e arrumaria sua própria bagunça.* (Cap:1, pag:18, Antes de Partir)
Em suas tentativas frustradas para encontrar alguém que combine perfeitamente com seu marido para não o deixar sozinho (tadinho, gente) , e até, engraçada, a *Sra. Monte de Canser*, carinhosamente chamada. Ou se preferir, *moribunda canceriana*, vê-se enrolada na grande teia de aranha que ela mesmo criou.
Após se cadastrar nesses sites de relacionamentos online, e ter sua atenção despertada por um tal user chamado pw147, ela mal imagina quem se encontre por detrás desse perfil. Então, é aí que a trama começa a ganhar pontos comigo.
Ela descobre que a dona do user, não é um spoiler, é nada mais nada menos que Pamela. Parceira de trabalho de sua melhor amiga, Kayleigh, *que parece ter gosto horrível para homens.*.
Capítulo vai e capítulo vem; parece que Daisy descobre algo e fica desconfiada (terá que ler para descobrir). O relacionamento conjulgal entre Daisy e Jack parece seguir rumos inesperados. E é aí onde eu desabo. (Eu amo e odeio romances, pois eles me fazem chorar. Antes de Partir quase me provou o contrario).
*Deve ser difícil ter uma esposa moribunda e uma amante cheia de saúde, pronta para assumir o lugar da esposa.* (Cap; Vinte e Três, pag; 269, Antes de Partir)
Bom, estou convicto que apesar do livro parecer monótono, resistir a isso valeu apena e não vejo a hora ter esse romance na minha estante. Não chorava tanto desde de que li convergente. (É sério, dou risadas por meu julgamento inicial sobre parcer monótono, mas adoro surpresas.)
Collen Oakley, preciso rapidamente de uma continuação, coisa improvável. Porém, tenho certeza que assim como eu, você, que ainda não leu esse livro, será impactado e aprenderá muitas coisas. Inclusive que poderá morrer atropelado por um ônibus após terminar de ler minha resenha. Como diria Patrick e, depois, a minha moribunda serviçal ultra mega deprimente Daisy Richmond.