rayssadioli 27/12/2023
Após a leitura, fica difícil não pensar em como Vita foi sortuda por ter sido homenageada com essa incrível obra. Não poderia ser outro escritor senão Virgínia Woolf responsável por esse feito primoroso.
Antes iniciar a leitura, confesso que estava um pouco receosa para enfrentá-la, já que tive dificuldades ao ler Mrs. Dalloway (livro muito bom, mas eu deveria ter lido esse antes devido ao nível de complexidade ser inferior, sendo mais acessível), mas aqui não foi dificultoso, mas bastante prazeroso, de modo que a experiência foi deveras agradável.
Um ponto forte da autora é a sua escrita poética, que faz com que a leitura se torne ?deliciosa?. A autora aqui faz basicamente com que o leitor se insira dentro da consciência de Orlando, e isso em junção com sua escrita torna a experiência única, de forma que não é à toa que é uma das melhores escritoras que já existiram.
O livro conta basicamente a história de um jovem pertencente à aristocracia, que adora escrever, mostrando aptidão à literatura. Mas o que torna o livro interessante é que um dia esse jovem acorda como mulher e, a partir desse momento, ele enxerga as injustiças que as mulheres enfrentam (as quais eram ainda mais discrepantes na época em que se passa a narrativa, que dura cerca de 300 anos), de modo que o mesmo passa a refletir sobre isso. E eu gostei bastante disso, pois, como geralmente os homens daquela época pouco se interessavam pelas injustiças enfrentadas pelas figuras femininas, colocá-lo nessa posição fez com que ele fosse obrigado a sentir na própria pele o problema.
Como já mencionei antes, a narrativa se prolonga por cerca de 300 anos, e isso se deve ao fato de que Orlando vive durante todo esse tempo. O tempo, no início, é abordado de maneira mais sútil, mas, conforme o andamento da história, torna-se evidente que a personagem vive durante séculos (a história começa na era elisabetana e termina em 1928).
Algo bastante interessante de se saber antes de dar início à leitura é que Orlando foi inspirado na amante Virgínia, Vita, que possui diversas semelhanças com Orlando (isso é apontado de melhor maneira na introdução da edição da Companhia das letras, que foi escrita por Sandra M. Gilbert).
Eu terminei a leitura já com vontade de iniciar outro livro dela. E, apesar de considerar Mrs. Dalloway superior a esse em diversos quesitos, tive uma experiência melhor com esse (como avalio pela minha experiência, acho justo deixar a nota desse maior). Enfim, recomendo muito a leitura, acho que todos deveriam conhecer essa história, que é simplesmente extraordinária.