Gabi 07/09/2016Delicado e tocante"Sabe quando as pessoas falam sobre um choro que às vezes parece um monte de ondas quebrando em cima delas? Eu nunca tinha entendido isso até agora, mas, quando a primeira onda me atinge, parece que estou me segurando. Estou me segurando e lutando contra ela. Meus olhos se enchem d'água e não vou deixar as lágrimas me vencerem. Mas aí elas vencem e eu me entrego."
Lucille nunca quis tanto ter 18 anos logo, e não pelos motivos bobos de -falsa - liberdade que todos esperam sentir. Não. Ela PRECISA completar anos. Ela precisa impedir que alguém descubra a verdade, a de que foi abandonada pela própria mãe depois que o pai enlouqueceu e resolveu se esconder em alguma clínica desconhecida. Ela precisa cuidar da irmã mais nova, Wren. E também precisa desesperadamente de Digby Jones, o irmão de sua melhor amiga, Eden. Que por acaso já tem namorada.
Lucille tem apenas 17 anos, mas é encantadoramente corajosa e forte.
"Tenho pensado que talvez existam coisas que simplesmente não podem ser explicadas. Que talvez, quando várias coisas ruins acontecem, coisas boas vêm logo em seguida."
Nunca fui muito fã de histórias YA, mas, ultimamente, algumas delas têm me surpreendido. Essa luz tão brilhante é um desses casos. Apesar da premissa ser atrativa eu não esperava sentir aquela vontade de abraçar o livro quando terminasse. (Sim, eu abracei, transitei pelas páginas novamente e reli todas minhas marcações.)
Mas o que este livro pode ter de tão diferente?
Então... Quase tudo e quase nada. No fundo, o que tem de mais conquistador nesta história dramática é a simplicidade. Tudo nela é simples e nem por isso menos tocante.
Ainda assim, nem tudo é flores. Gostei do livro? Amei. No entanto, houve um defeito que me incomodou diversas vezes: a narrativa dinâmica e superficial. Quando você vira a última página a sensação é de "poxa, é lindo mas não consegui sentir nada com intensidade". O leitor até sofre por Lucille, sente raiva da irresponsabilidade dos pais e torce para que tudo dê certo... Mas faz tudo isso de longe. Senti que havia um abismo entre mim e os personagens, os acontecimentos. Só que volto a repetir: isso não faz da história menos tocante, menos linda.
O mais importante é que, apesar deste grande pesar, apesar da narrativa quebrar um pouco a conexão leitor - personagem, é impossível largar Essa Luz tão brilhante antes de chegar ao desfecho. É impossível não sentir aquele gostinho de "quero mais". E é impossível não sentir vontade de abraçar este livro.
"A maior parte das pessoas vacila a vida toda. Nunca se deixam cair, nunca dão a cara a bater. Só seguem com a maré, tentando fazer o que acham que deve ser feito. Nunca tentam encontrar o que é verdadeiro para elas, porque isso significaria ser corajoso de um jeito que as pessoas não são."