Vanessa Vieira 16/02/2018
A Irmã da Sombra - Lucinda Riley
Em A Irmã da Sombra, terceiro volume da série As Sete Irmãs, da irlandesa Lucinda Riley - autora com mais de 8 milhões de livros vendidos -, acompanhamos a fascinante história de Estrela D'Aplièse. Ao contrário dos demais livros, a história se inicia a partir do momento em que Estrela está lidando com a dor do luto pela morte de Pa Salt, o que tornou o enredo menos repetitivo e mais emocionante. Diferente de suas irmãs, a história sobre o seu passado remete à própria Inglaterra, norteada por literatura, amor, perdão e superação.
Após a morte do pai adotivo, Estrela D'Aplièse se encontra em uma verdadeira encruzilhada. Para seguir as pistas que remontam a sua origem, ela precisa sair de sua zona de conforto e abrir mão da segurança de sua vida atual. Intrigante e bastante introspectiva, ela sempre se apoiou na sua irmã Ceci - tal como se ela fosse uma espécie de muleta -, seguindo-a para onde quer que ela fosse. Quando as duas resolvem dividir um apartamento em Londres, logo Estrela se sente desconfortável por notar que a residência não tem o mesmo contato com a natureza e a tranquilidade do lar onde ela cresceu. Insatisfeita e extremamente curiosa, ela decide se desgarrar da irmã e seguir as pistas que se referem ao seu nascimento.
Durante a sua busca, Estrela se depara com uma livraria recheada de obras raras, de propriedade de Orlando - um homem apaixonado pela literatura e dono de modos um tanto quanto metódicos. O que ela não poderia imaginar era que o bucólico recanto literário seria responsável por sua conexão com Flora MacNichol, uma jovem inglesa que, há um século atrás, morou na pacata região de Lake District e que teve como sua fonte de inspiração a escritora de livros infantis Beatrix Porter. Cada vez mais mergulhada e inebriada com a história de Flora, Estrela vai se identificando, pouco a pouco, com a sua trajetória de vida e assim saindo da sombra de sua irmã superprotetora e encontrando o verdadeiro amor.
A Irmã da Sombra, tal como os volumes anteriores da série, sintetiza passado e presente como num passe de mágica, em uma mescla formidável de brilhantismo, beleza e esplendor. Acompanhamos a história de duas mulheres fortes e empoderadas, separadas por um século de distância, entretanto unidas pela determinação, coragem e ousadia. Narrado em primeira e terceira pessoa por Estrela, de um modo encantador e apaixonante, o livro conseguiu me cativar do início ao fim, principalmente por nos mostrar uma lagarta se despindo de seu casulo e se transformando docilmente em uma borboleta.
"O carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro."
Desde os livros anteriores, é possível notar o quanto Estrela vivia à margem de Ceci, não fazendo valer a sua voz e se deixando ser facilmente persuadida pela irmã. Foi necessária a dor do luto e uma revelação instigante sobre o seu passado para que a personagem adquirisse suas cores verdadeiras e fosse atrás de seus sonhos e objetivos. Acompanhar essa transformação foi muito gratificante e mostrou toda a força e a garra da protagonista, que permaneceram por tantos anos sufocadas. A história de amor vivida por Estrela na trama foi muito bem elaborada e tal como remete aos seus antepassados, se mostrou dotada de perdão, recomeço e superação. Quando ela ingressa no seio da família Forbes-Vaughan, logo se encanta com os seus membros - especialmente pelo livreiro Orlando -, entretanto ela não consegue se afeiçoar com o primogênito Mouse e com todo o seu amargor. A transformação que ocorre entre eles é muito bonita e tem até mesmo traços "elizabetanos e darcyanos".
"Um ser humano sem amor é como uma botão de rosa sem água. Sobrevive por um tempo, mas nunca desabrocha por inteiro."
Flora foi uma personagem encantadora. Amante da natureza e de seus recantos isolados, ela sempre apreciou a solidão e sempre sonhou em viver solteira e reclusa. Entretanto, quando ela é enviada a Londres pela família para trabalhar, logo se vê em um grande dilema: dividida entre o amor por um homem, Archie e entre a lealdade e o dever para com os seus parentes. Quando menos imagina, a jovem se vê praticamente como um peão em um tabuleiro de xadrez, onde todos conhecem as regras, menos ela e passa por inúmeras provações, que a desestabilizam totalmente. Acompanhar a jornada da personagem foi muito edificante, além de ter enaltecido todos os valores e qualidades do amor verdadeiro, tais como perseverança, abnegação e fé.
Em suma, A Irmã das Sombras é um livro fascinante e se mostrou uma viagem encantadora entre o passado e o presente de várias gerações, além de ressaltar suas maiores características e crenças. Tanto Flora quanto Estrela são mulheres fortes, destemidas e apaixonadas e tornaram a história ainda mais especial e tocante. A capa do livro é belíssima e nos traz a imagem de uma moça envolta por um jardim e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo, com certeza!
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