Ray Cunha 28/11/2022É difícil ser a irmã desdivertidaQualquer leitor de romance de época sabe o quanto títulos e dinheiro fazem diferença na sociedade preconceituosa da época. Jack Talbot tem dinheiro, tem um título que ganhou de forma não tradicional e tem cinco filhas em idade que casar... E que adoram um escândalo. As Irmãs Perigosas!
Sophie é a quinta irmã. A mais séria, mais comportada, e para alguns a desdivertida (sabemos que a palavra não existe, mas as discussões sobre ela no livro são engraças). Ela ainda sonha com a vida tranquila em Mossband, cidadezinha em que nasceu, em ter sua livraria e em não ser obrigada a cumprir todas as regras para ser aceita.
Mas tem uma coisa que não muda nunca, ela é guerreira e defende com unhas e dentes quem ela acha que merece, mesmo quando acabou de conhecer. Em uma dessas defesas ela humilha publicamente o Duque de Haven, seu cunhado, e é rejeitada pela sociedade por conta de seus atos. Nesse momento de humilhação ela flagra um novo escândalo do Marquês de Eversley, famoso por arruinar jovens antes do casamento.
Dessa interação nada conveniente surge a solução para o problema de Sophie. Ela só quer voltar para sua casa em Mayfair, ele não quer arruinar mais uma jovem e correr o risco de se casar. O que ninguém contava é que a mocinha é uma ótima negociadora e não só rouba o criado do Marquês como dá um jeito de pegar boleia na carruagem do aristocrata.
A partir daí ela deixa de ser a desdivertida para ser imã de confusão. A carruagem não segue o destino que ela esperava, mas com esse novo caminho a sua frente, ela consegue enxergar com claridade como conquistar a liberdade que sempre sonhou. Pela primeira vez ela se coloca em primeiro lugar.
Em contrapartida, o Marquês que segue para o norte a fim de dar um recado ao pai, em seu leito de morte, acaba se tornando seu protetor. E adianto que ser protetor de uma das Irmãs Perigosas não é uma tarefa fácil.
Eles se conhecem melhor, passam a enxergar os defeitos e qualidades um do outro.
A leitura é uma delícia. Adorei acompanhar o processo de autoconhecimento dos personagens. Sophie sofre com uma autoestima baixíssima e Rei, como o marquês é conhecido, não acredita no amor. Todo o relacionamento deles é construído sobre a aceitação.
Com narrativa em terceira pessoa, é possível acompanhar os pensamentos de cada um deles e se envolver ainda mais por esse romance que nasce de forma não convencional, mas que me encantou a cada capítulo.
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