clara 26/07/2021
Esse livro é absolutamente perfeito para curar uma ressaca literária. Não podia ser melhor nisso. A protagonista já é conhecida pelos leitores: gentil demais, deixa os outros passarem por cima dela e nunca teve um relacionamento "interessante". O mocinho não fica para trás quando o assunto é clichê: privado, rude, mas acaba se abrindo com a mocinha quando começam a se envolver, surpreendendo o leitor com a sua sensibilidade. Clássico "enemies to lovers" que todo mundo ama. No entanto, algumas problemáticas infelizmente afetaram a leitura de forma negativa para mim. Ao decorrer da obra, são usados diversos termos capacitistas como "doente mental" e, além disso, a gordofobia fica escancarada quando Lucinda – personagem principal – se refere diversas vezes ao chefe do mocinho como "gordo", o termo sendo usado claramente de forma pejorativa. Em algumas partes do livro, a autora também comenta sobre o chefe do mocinho usar "remédios controlados", como forma de zombaria. Todas essas problemáticas acabaram afetando a leitura pra mim, principalmente porque poderiam ter sido facilmente evitadas ao passar por uma leitura sensível e não agregaram absolutamente nada à trama, estavam ali com o objetivo de ofender e ofender somente. Apesar disso, o livro é muito gostosinho de ler, o "slow burn" é ótimo e a autora realmente nos faz sofrer na espera do "rale e rola", se é que me entendem. O livro também traz uma visão única de como funciona o mercado editorial, o que me deixou maravilhada, é claro. O final – acredito que muitos concordam comigo nisso – pareceu apressado e me deixou esperando a reconciliação de Lucinda com sua (ex) melhor amiga, Val. Senti falta de amizades femininas no livro, também. Quase todas as mulheres presentes na trama eram descritas pela autora de forma maldosa, o que me incomodou da mesma forma. Eu recomendaria a leitura, sim, mas somente num cenário de ressaca literária e não deixaria de avisar as problemáticas do livro antes de fazê-lo. Por tudo isso, minha nota foi de 2/5 estrelas.