@blogleiturasdiarias 20/10/2018Resenha | Como Se Fosse MagiaUma leitura rápida e dinâmica, Como Se Fosse Magia me trouxe a saudade de ler um livro por puro desleite e leve. A escrita da Bianca Briones sempre me encanta, e aqui teremos uma nova faceta dela, afinal podemos sentir a verdade dela por toda as páginas.
Já imaginou se aquele príncipe encantado que você encontra nos livros aparecesse na vida real?! Pois é, aconteceu com a Eva. Eva é uma escritora que conquistou milhares de leitores com sua série de fantasia, porém no momento passa por um bloqueio criativo que a impede de escrever o último volume da saga. E neste meio tempo, após um fatídico acontecimento, ela acaba conhecendo um homem que fisicamente é igual ao seu personagem da série, o Enzo.
Enzo após sofrer o acidente que faz conhecer Eva, está sem memória. Sem saber quem é, onde mora, como vive e o que faz, acaba contando com a ajuda dela para se entender. No entanto, a resposta de que ele talvez tenha saído de um livro de história não está convencendo-o. Quem é realmente Enzo? Será que ele saiu de um livro? Que destino é esse que está brincando com a vida da Eva?!
Curto e fluído, é um enredo que envolve o contemporâneo com um toque de magia. Quem acompanha um tempo o blog sabe o quanto tenho bloqueio com chick-lit, e por mais que a própria autora classifique-o assim, acho que é muito mais. Como falei anteriormente, sentimos muito a Bianca dentro da narrativa. Em cada canto e em cada cena podemos captar um pouco da vida de escritora dela: alguns conflitos internos, alguns pensamentos, de como a ideia de uma história surge, como é o processo de fazer um livro, e muito mais. Sei que a sua série anterior também tem bastante dela, contudo aqui senti uma aproximação maior justamente por termos uma escritora como protagonista. Mais do que lidarmos somente com um romance de cenas divertidas, temos momentos de questionamentos, de reflexões inseridos de forma indireta no desenvolvimento.
"Enzo e eu ficamos de frente um para o outro, com uma distância bem grande entre nós, mas ligados por um mistério que não estamos nem perto de desvendar." pág. 111
Os personagens principais, Eva e Enzo, foram muito bem elaborados. A forma como cada drama, cada tensão e a própria personalidade foi apresentada é sensacional. Difícil não conectar-se com eles, e principalmente entender suas dores e batalhas. Eva até mais do que Enzo, passou por muita situações para chegar onde chegou, e com certeza ganha nossa empatia por dar a volta por cima e desejar ser quem é. Os secundários — os gatos e o melhor amigo dela, Thiago — também trazem um pano de fundo cômico nos momentos ideais. Thiago por ser homossexual traz na sua trajetória de vida algumas cicatrizes por conta da homofobia, que mesmo não sendo muito aprofundado, nos transpassa sua luta. Sem exagerar e deixar os assuntos muito superficiais, ela abordará temas que vemos bastante no dia-a-dia.
O maior ponto positivo foi o caminho tomado para a resolução de todos os questionamentos. Confesso que imaginava como se daria a ligação entre a dupla principal, entretanto as explicações para que isso ocorresse me surpreendeu. Utilizando um pouco do lado fantástico, as respostas para as perguntas geradas foram sensacionais. E estas nos deixarão em expectativas até a última instância, por isso espere obter as respostas somente nas últimas páginas.
De uma forma geral, saio encantada e feliz por ter lido mais uma obra nacional. Terminei rapidinho, me prendeu, e acredito que tenha as qualidades para prender qualquer leitor de romance numa tarde tranquila. Tem todos os elementos que adoramos! Mais que recomendado!
Na parte física, a capa reflete esplendorosamente o conteúdo. Todos os detalhes, a escolha dos objetos foram inserido de modo a compactuar com a parte interna. E como característica da escritora, nos inícios de capítulos temos trechos de músicas que inspiraram a escrever o capítulo. Por isso dá para montar uma playlist e escutar a medida que vai lendo. Fora os detalhes na numeração dos capítulos, as letras serem razoáveis e o texto ter um bom espaçamento, enfim, só rasgo elogios. A narrativa é feita em primeira pessoa por ambos pontos de vistas de modo intercalado.
"Quando alguém que amamos está ferido tudo o que conseguimos pensar é em enchê-lo de amor. O amor vence o ódio, mas não cura de imediato. A tristeza permanecerá por um tempo." pág. 161
Já quero ler mais livros fofos e leves como este. Não é muito minha vibe normalmente, todavia acho uma forma boa de relaxar quando sua leitura antecessora foi mais "pesada". Espero que tenham gostado!
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