Dielson(autor) 12/03/2018
Um livro brasileiro com uma pegada americana
Anjo Negro é um livro que me chamou atenção pela capa e título no primeiro estante. Sei que o livro é independente, e isso mostra muito o cuidado que o autor teve para com a sua obra. Primeiramente, gostaria de dizer que fico muito feliz que jovens tenham coragem de escrever literatura LGBT. Esse movimento é muito importante para a representação do movimento LGBT.
Este livro conta a história de Kenan e Lúcio, dois adolescentes que são o oposto um do outro e com problemas diferentes para lidarem em suas vidas. Enquanto um não tem problema com a sua sexualidade, o outro tem. Enquanto um não tem problemas em casa, o outro tem. E assim, segue a dualidade nessa história. Kenan é o anjo negro, um rebelde aparentemente sem causa, que desconcerta o Lúcio logo no primeiro instante. Já Lúcio é muito retraído por conta das perseguições que sofre de alguns colegas na escola. Sabe aquele ditado: Os opostos se atraem? Então, é isso que acontece com os nossos protagonistas, mas eles terão algo em comum que os unirão ao longo da história: “o bullying”. Sim, Lúcio é muito perseguido por outros garotos por ser gay, e isso acabará chamando a atenção de Kenan, que literalmente vira o anjo protetor do garoto, mesmo não tendo essa intenção no primeiro momento. A medida que os fatos vão desenrolando, a atração entre os dois aumenta cada vez mais.
Acho muito válido ver adolescentes querendo retratar cada vez mais o seu universo, e assim, ajudar, de alguma forma. Apesar da história ter uma escrita bem dinâmica e leve, alguns pontos me incomodaram bastantes. Eu sei que o autor tem uma pegada YAOI (histórias LGBTS japonesas), mas o anjo negro, na verdade é moreno sendo apenas caracterizado por suas roupas pretas. A palavra anjo aparece muitas vezes no texto causando certa irritação durante a leitura. O tempo foi muito curto para o desenvolvimento da história, como se passa em apenas uma semana, algumas coisas são difíceis de acreditar. O autor tenta enfeitar demais o texto e deixa estranho o ritmo em certos momentos. Os dois protagonistas foram desenvolvidos satisfatoriamente, mas os outros eram rasos, podia ter desenvolvido mais, principalmente a parte com as famílias. Praticamente a família do Lúcio não aparece. As doses de cenas eróticas foram bem dosadas e escritas.
O livro vale muito a leitura por tratar e trazer temas relevantes e que precisam ser debatidos na nossa sociedade. Mas gostaria de ver mais nossa cultura sendo representada, pois a história se passa no brasil, mas tudo o universo construído é americano. O que é de se estranhar, uma vez que o autor tem uma pegada YAOI.
Recomendo a leitura, principalmente quem é adolescente.