Amanda 10/08/2017
Confesso que depois de acomaf eu estava esperando muito desse livro, mas quando lançou eu estava numa bad literária das brabas, sem vontade de ler nada e quando lia algo achava tudo uma bosta. Fiquei com medo de ler esse livro na hora errada e contaminar a experiência, cheguei atrasada, mas acho que cheguei inteira.
Consegui me entregar completamente ao livro, eu lia e queria continuar lendo para saber o que iria acontecer, 4h da madrugada e eu queria mais, durante a leitura eu estava completamente imersa e vivendo dentro da história, e eu achei tudo maravilhoso. Curiosamente, eu conseguia perceber coisas que me incomodavam ao longo da leitura, mas como eu disse, enquanto eu lia tudo estava maravilhoso, eu estava de volta em Prythian com meus personagens favoritos e uhuuuullll, aquilo era o máximo. Acabei de ler, logicamente no meio da madrugada, em êxtase, vim no skoob e dei nota cinco. Porque né... Era tudo maravilhoso. Aí eu dormi... Aí eu acordei... E... Espera aí... Eu não posso dar nota cinco para esse livro.
Um pouco da minha boa vontade foi por achar que iria ter um próximo livro, mas, para o meu choque, eu descobri que esse é o livro final de uma trilogia e os seguintes são spinoffs de outros personagens. Foi um grande baque e me fez olhar para ele de maneira diferente. Depois desses meus momentos eureka eu me vi lendo algumas resenhas que acabaram por arruinar qualquer resto de sentimento bom que eu tinha. Tem muita coisa legal no livro, mas o que começou me deixando 'cega' para os problemas, vai terminar me deixando 'cega' para os elogios. Isso não é mais uma resenha, isso é um desabafo por eu não ler um livro perfeito. Escrevi muito, ninguém vai ler, mas eu vou falar mesmo assim.
[***spoiler alert***]
Depois de sair de dentro do livro e respirar, eu consegui perceber que Sarah J Maas perdeu uma ótima oportunidade de fazer um começo foda, em vez de um começo bom. Feyre era a agente infiltrada na base do inimigo, toda essa parte devia estar exalando tensão e perigo, mostrando ela como agente dupla, se arriscando por alguma informação, tendo que fugir ou se esconder para não ser pega com a boca na botija. Mas não, tudo que ela descobriu foi quase que entregue para ela em conversas, mas eu gostei do jogo que ela fez, principalmente como ela virou os vassalos do Tamlin contra ele.
Depois dessa quizomba toda Feyre volta para casa, e como eu estava? Louca da vida com saudade do Rhys querendo ver como seria o reencontro deles. Foi legal, mas poderia ter sido ótimo. Acho que essa foi a primeira vez que eu fiquei totalmente incomodada com a escrita, nem o livro um conseguiu fazer isso comigo, porque Rhys e Feyre finalmente se encontraram e o que eu li parecia uma cena coreografada, ensaiada, forçada, falsa, fingida e simulada... Sim, eu sei que é tudo sinônimo, mas eu precisei enfatizar. Na minha cabeça foi melhor, mas o livro não é meu, então só me resta xingar.
Continuando no assunto romance, ou melhor no romance forçado, que teve início no livro dois e eu já sabia que odiaria qualquer parte que envolvesse Cassian/Nesta e Lucien/Elain. Que grande merda! Cassian é muita areia pro caminhãozinho dela, ela é uma chata, ela acha que o mundo gira ao redor dela, ela fica olhando os outros por cima, ela acha que a dor dela é maior que a dos outros, ela é uma egoísta... eu não vou mais perder meu tempo falando dela, mas Cassian, você merece muito mais e muito melhor. Lucien e Elain, nem sei né... foi só um artifício dentro da escrita para tumultuar, mas os dois passam quase o tempo todo longe e para piorar a gente fica com uma pulga atrás da orelha sobre o Azriel e Elain, mas a gente ignora porque sabemos que não vai dar em nada porque no final do livro Azriel e Mor vão estar juntos, mas a gente leva na cara quando a Mor fala que não ama o Azriel e daí... puta merda... Azriel é um dos melhores personagens dessa série e ele também merece mais do que ser cozinhado por 500 fucking anos pela Mor (não estou julgando ela por nada exceto por não ter tido a coragem de pelo menos mandar a real pro Az sobre os sentimentos não correspondidos).
E o que falar do character development do Rhys? Ou no caso, o não desenvolvimento. Conheci o Rhys 'vilão' under the mountain, depois vi ele mostrar quem verdadeiramente é, e acompanhei não só o que foi mostrado, mas também o que foi falado sobre ele. Aqui, ele foi quase um coadjuvante na guerra, tá que tem uns momentos tchan, mas na hora do pau comendo ele está esgotado de magia, ou tá longe da treta, ou tem algum artefato/magia impedindo o uso dos poderes dele, ou tá sei lá porque batendo papo com a Feyre. Eu ouvi o tempo todo que ele é o "mais poderoso High Lord da história" e daí foi meio meh. Eu não tenho vergonha de falar que comecei essa série com a Feyre, mas continuei pelo Rhys, tenho certeza que a autora sabe da força do personagem dentro da história mas seu papel beirou ser o mate perfeito da Feyre e eu exijo mais que isso.
Sobre a história no geral e o efeito consequência que culmina no final, eu tenho um sério problema com a expectativa criada. Vamos em partes. Passei o livro inteiro lendo o quão poderosa a Nesta poderia ser, porque ela roubou uma parte da magia do Cauldron, Hybern caçando ela para pegar de volta o que ela roubou, para no final eu descobrir que com todo esse poder, ela só conseguiu arremessar o Rei de Hybern contra uma árvore. Isso mesmo, uma árvore... legal, né? E para piorar a situação, que já estava ruim, a morte do rei vem pelas mãos da Elain. Da Elain!!! O Rei pica das galáxias que não reparou a menina chegando por trás. Não, apenas pare. Ninguém vai conseguir me convencer disso. Se a autora quer que a personagem seja capaz de jogar o fulaninho só 20 metros longe, não me faça acreditar que ela pode ser o elemento X que pode dar uma guinada na guerra. Se a autora quer me fazer acreditar que a Elain é fisicamente e psicologicamente capaz de matar alguém chegando na surdina, não deve fazer ela passar a história inteira sendo uma boneca de pano chorando na cama e sem vontade de comer.
Fora que aprendemos que o Rhys é muito poderoso, e a Sarah não deixou a gente esquecer disso, então ela criou um vilão mais poderoso que ele para ter um efeito de ameaça verdadeira. Cauldron e Hybern super mega power que ninguém consegue deter, para piorar eles vão pra guerra final falando "tamo tudo fodido", "nosso exército é 864539 vezes menor", "todo mundo quase esgotado de magia".
Quem lê isso acha o que?
Vão morrer.
Aí não morrem.
Como?
Deus ex-machina.
Justo no momento que está tudo dando errado, começa aparecer exército amigo chegando por terra (okay, esse eu achei okay) e pelo mar (que timing perfeito e conveniente), mas mesmo assim eles estão perdendo. "Puts, não tem mais o que fazer". Mas a Sarah deu um jeito, o plano inicial para anular os poderes do Cauldron começa precisando de 4 pessoas, Elain, Nesta, Feyre e Amren, querendo ou não as quatro são 'poderosas' em suas próprias maneiras, mas termina com a Feyre sozinha dando conta... Eu não sei bem como isso aconteceu... Além de jogar aquele "plot twist" safado na gente, da Amren 'vilã', para algumas páginas depois esclarecer o que estava acontecendo. Até achei de boas o tal feitiço libertar a Amren do corpo Fae para ela liberar a sua essência e aí sim, destruir o exército inimigo e acabar com a guerra.
Eu senti o impacto do sacrifício dela, mas quando tudo aprecia estar se encaminhando para o final, com menos de 50 páginas restando, surge outro problema, para mim muito maior do que a guerra que eles passaram 650 páginas para resolver, mas [não sei como] resolvem em um capítulo. Aí o Rhys morre, eu como boa leitora vou xingar a escritora porque ela matou o meu fav, mas aí o fav ressuscitou e isso não me deixou feliz... Sarah reciclou exatamente o mesmo artifício usado para trazer a Feyre de volta à vida under the mountain. Tanta coisa poderia ser abordada, tanta novas maneiras poderiam ser usadas, mas não... okay, ele tá vivo, mas não suficiente ele volta dizendo que salvou a Amren de ser sugada de volta para o mundo dela.
Final corrido, mal executado, deus ex-machina, TODO MUNDO VIVO... socorro... eu gosto de final feliz, mas não... ninguém importante morreu.... ninguém. NINGUÉM. Quem morreu foi o pai da Feyre, que eu estava nem aí... para mim ele é um figurante como todos os outros figurantes mortos. Final de comercial de margarina, e além disso, não fechou a história dos personagens. Filhadaputagem da autora, que não contou o final de alguns personagens só para vender spinoff. Até o Tamlin merecia mais, falando nele, eu xinguei bastante o coitado e no final eu me senti um pouco culpada por tanto xingamento.
Juro, última coisa que eu vou reclamar, eu juro... Se a história é narrada com um ponto de vista, narre ela com um ponto de vista. Vez ou outra a Feyre estava vendo o mundo pela cabeça de outra pessoa para contar o que está acontecendo em outro lugar. Se quer dar outros pontos de vista, faz isso direito. Geeente, eu vou parar de falar senão a minha nota vai cair para três, affe, escrever essa resenha/opinião tá me fazendo ficar com raiva do livro que eu terminei de ler amando. (sorry quem não conseguiu entender a nota 4 depois de tanta reclamação, você não está sozinho, eu mesma não sei como eu mantive o 4 depois de tudo isso)