Ana 13/09/2021
Esse livro me deixou em um certo conflito, porque amei a temática sobre a inteligência emocional de Cristo, mas os personagens criados por Augusto Cury não me agradaram tanto.
Independente de questões religiosas e de acreditar em Cristo (EU ACREDITO), a obra me trouxe ótimas reflexões sobre o maravilhoso Jesus, reflexões que trazemos para nossa vida mesmo, sobre como Cristo foi único na forma como se portou perante a sociedade, se blindando emocionalmente das expectativas das pessoas, mantendo equilíbrio e resiliência mesmo diante de provações de poder e humilhações públicas.... O livro traz um ótimo contraponto sobre como nossa geração vive em um estado de mendicância e carência emocional, perdidos na volatilidade do mundo e na dificuldade de ouvir um "não". Enfim, o conteúdo da obra em si achei maravilhoso, trouxe ótimas abordagens sobre outras pessoas bíblicas também, como Maria, Paulo e Lucas, me deu novas perspectivas sobre a vida de Jesus e como Ele impacta na nossa sociedade. No entanto não me identifiquei com nenhum dos personagens que o autor criou.
No caso, essa análise da inteligência emocional de Cristo ocorre a partir de um debate que os personagens criados por Cury realizam. São três psiquiatras Marco Polo, Sofia e Michael, além de dois teólogos Dr. Thomas e Dr. Alberto. A questão é que apesar da proposta de "debate", achei que faltou uma atuação mais forte dos personagens, faltou força. Thomas e Alberto eram os teólogos, mas parecia que só Marco Polo que trazia grandes questionamentos e novas percepções, ele que trazia os grandes pontos do debate. Se todos são intelectuais, era esperado que a contribuição fosse mais firme, mas foi muito restrito a Marco Polo.
Outro ponto que não gostei muito é que parece que todos os 5 personagens centrais tem umas história pessoal trágica. Sério, eu entendo que tragédias ocorrem e que a obra quis retratar isso, mas não achei que as histórias pessoais dos personagens me sensibilizaram como era esperado, não convenceu tanto, achei os personagens criados pelo autor frágeis, precisavam de mais desenvolvimento.
O livro também possui expressões do tipo "assistiam o debate e choravam" "pessoas encorajadas a recolher seus fragmentos (emocionais)" para gerar uma atmosfera de comoção que eu achei que não atinge tanto o leitor, as frases não ficaram naturais... Esses pontos me incomodaram um pouco, talvez eu tivesse gostado mais da obra se ela não tivesse sido escrita na forma de romance, com esses personagens criados, talvez se fosse uma obra de não-ficção eu gostasse mais... não sei...
Bom, em resumo, a obra é boa, me trouxe ótimas reflexões sobre Cristo e sobre a inteligência emocional, mas o universo criado por Cury não me convenceu muito... 3,5