Filósofo dos Livros 06/08/2023
TRISTE E POÉTICO: UM LIVRO PARA REFLETIR SOBRE A VIDA E A MORTE
Olá, Amigos Filósofos Literários!
Cada vez mais, fico impressionado com o poder da Literatura. Acabei de ler "Enquanto a Noite não Chega", de Josué Guimarães, uma publicação da @lepmeditores.
O que me parecia uma história simples, feita apenas para relaxar, me surpreendeu com uma trama intensa, cheia de reflexões. No livro "Enquanto a Noite não chega", o autor Josué Guimarães nos fala dos últimos dias de um casal de idosos em uma cidade praticamente extinta. Dom Eleutério, um homem de 92 anos, vive com sua esposa Dona Conceição de 86 anos. Na cidade, além do casal, resta apenas um coveiro que aguarda a morte dos dois para realizar o último ato de sua missão: enterrar o casal de velhinhos.
A vida do casal é precária. Alimentam-se apenas de mingau de leite, pão sem fermento e couve picada refogada no óleo. O coveiro vive pior ainda. Faz apenas uma refeição noturna na casa dos idosos, que consiste em um prato de mingau.
Durante a trama, contemplamos o diálogo dos personagens que tecem memórias que retratam apenas mortes de entes queridos. Tudo isso nos leva a refletir sobre a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte. O cenário de uma cidade quase abandonada serve como metáfora para a transitoriedade da existência humana e a efemeridade das coisas materiais. É como se a cidade estivesse morrendo junto com o casal de idosos, e o coveiro fosse a personificação da morte que aguarda pacientemente o momento derradeiro.
O autor, por meio de uma prosa poética e sensível, nos convida a olhar para a essência da vida e confrontar nossa própria mortalidade. Os diálogos repletos de memórias de perdas e despedidas revelam o peso do passado e a saudade que permeia o presente. Ao mesmo tempo, a simplicidade das refeições e a rotina monótona dos personagens refletem a austeridade da vida no seu final, reduzida ao mínimo essencial.
Enquanto acompanhamos a decadência física dos protagonistas, somos levados a questionar o sentido da existência e a inevitabilidade do fim. Nesse contexto, o ato do coveiro em aguardar pacientemente a morte do casal adquire um significado profundo: ele é a personificação do destino, do desconhecido, do além.
A narrativa se desenrola com uma cadência contemplativa, quase como um poema em prosa, fazendo com que cada palavra e cada frase ganhem peso e ressoem na alma do leitor. A atmosfera melancólica e o tom lírico despertam uma imersão emocional que nos convida a refletir sobre a nossa própria existência e a valorizar cada momento.
Em meio à aparente desolação, o livro nos oferece uma mensagem poderosa de apreciar a simplicidade da vida, valorizar os laços afetivos e a memória dos que se foram e aceitar com serenidade o ciclo natural da vida e da morte.
"Enquanto a Noite não Chega" é mais do que uma história sobre o ocaso da vida; é uma profunda meditação sobre a condição humana, a passagem do tempo e a transcendência das experiências vividas. Josué Guimarães nos brinda com uma obra tocante que nos leva a refletir sobre o verdadeiro sentido da existência e a importância de buscar a plenitude em cada etapa da jornada.
Portanto, convido todos vocês, Amigos Filósofos Literários, a mergulharem nessa leitura que, apesar de triste, é repleta de poesia e ensinamentos. Que possamos sair transformados dessa jornada literária, carregando conosco as reflexões sobre a vida e a morte que "Enquanto a Noite não Chega" nos proporciona. E que, ao fecharmos suas páginas, possamos encarar a finitude com serenidade e aproveitar cada amanhecer como uma nova oportunidade de viver intensamente.
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